Rússia monta contra-ofensiva contra forças ucranianas em Kursk
O Ministério da Defesa da Rússia afirma que dez localidades no país foram retomadas pelos militares. Zelensky diz que contra-ofensiva era esperada e está “sob controlo”.
A Rússia está a realizar uma contra-ofensiva contra as forças ucranianas que ocuparam parte da região de Kursk, de acordo com o Ministério da Defesa russo, que afirma que as forças de Moscovo já tomaram o controlo de dez localidades na região.
"As Forças Armadas russas continuam as acções para derrotar o grupo de batalha inimigo que entrou no território da região de Kursk", afirmou o Ministério da Defesa russo, citado pela TASS, que acrescenta que as localidades de Apanasovka, Byakhovo, Vishnyovka, Viktorovka, Vnesazapnoye, Gordeyevka, Krasnooktyabrskoye, Obukhovka, Snagost e 10-y Oktyabr foram tomadas e que "as operações de reconhecimento e de busca prosseguem nas zonas arborizadas para detectar e destruir os grupos de sabotagem", segundo a TASS.
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, confirmou a existência de uma contra-ofensiva russa em Kursk e afirma que Kiev já esperava esta resposta de Moscovo. "Os russos iniciaram acções de contra-ofensiva. Tudo está a correr de acordo com o nosso plano", assegurou o Presidente numa conferência de imprensa no âmbito da visita do Presidente da Lituânia ao país, tendo acrescentado que já o previam "há muito tempo" e que "este processo está sob controlo".
No relatório publicado na noite de quarta-feira pelo Instituto para o Estudo da Guerra (ISW, na sigla em inglês), o think tank norte-americano refere que, segundo bloggers militares pró-russos, "as forças russas iniciaram contra-ataques ao longo da borda ocidental da bolsa ucraniana na região de Kursk", tendo contra-atacado em vários pontos da zona de ocupação ucraniana na região. Porém, segundo o ISW, "é prematuro tirar conclusões sobre os novos contra-ataques da Rússia".
O major-general Apti Alaudinov, das forças especiais tchetchenas que estão presentes na região, diz que a "situação é boa" para as forças russas e também indica que dez localidades em Kursk foram tomadas.
Desde o dia 6 de Agosto, data em que as primeiras informações sobre a entrada de tropas ucranianas na Rússia foram sendo noticiadas, que a Ucrânia tem registado avanços em território russo, levando à declaração de emergência na região pelas autoridades locais.
O governador regional de Kursk, Alexei Smirnov, estimou esta quinta-feira, em conferência de imprensa, citado pela Reuters, que "os prejuízos estimados [causados pela incursão ucraniana] ascendem a dezenas de milhares de milhões de rublos e estão a aumentar", apontando uma estimativa de 85 mil milhões de rublos (cerca de 845 milhões de euros).
Segundo o governador da região, 160 mil hectares de plantações de cereais ficaram inutilizáveis, assim como 500 mil toneladas de sementes oleaginosas e 700 mil toneladas de açúcar de beterraba.
Três membros da Cruz Vermelha mortos em Donetsk
Em Donetsk, no Leste da Ucrânia, as forças russas mataram três membros do Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) de nacionalidade ucraniana, segundo as autoridades de Kiev. Os membros da Cruz Vermelha foram mortos num local onde seria distribuída ajuda humanitária na região, assolada pela guerra desde antes da invasão russa de 2022. Para além das vítimas mortais, outros três membros da organização ficaram feridos.
A Presidente do CICV, Mirjana Spoljaric, condenou "veementemente" o ataque ao pessoal da organização: "É inaceitável que um bombardeamento atinja um local de distribuição de ajuda. Os nossos corações estão hoje destroçados enquanto choramos a perda dos nossos colegas e cuidamos dos feridos. Esta tragédia desencadeia uma onda de sofrimento demasiado familiar para aqueles que perderam entes queridos em conflitos armados."
Na rede social X, Volodymyr Zelensky acusou a Rússia de "mais um crime de guerra" e deu as suas "mais sinceras condolências" às "famílias e amigos" das vítimas.