Taxas Euribor fixam novos mínimos e ajudam à descida da prestação da casa

Taxa a 12 meses já está muito perto de 2,9% e a de seis meses em 3,265%, valores bem inferiores aos mais de 4% fixados há cerca de um ano.

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Evolução da Euribor está a beneficiar as famílias com empréstimos à habitação Rui Gaudêncio
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Horas antes de se confirmar o corte das taxas directoras por parte do Banco Central Europeu (BCE), um cenário já antecipado pelo mercado, as taxas Euribor voltaram a fixar novos mínimos a seis e a 12 meses, o que vem reforçar a redução do custo do dinheiro para as famílias com empréstimos à habitação a taxas variáveis, mas também para as empresas.

Esta quinta-feira, a taxa a 12 meses caiu para perto de 2,9% (2,929%), e a de seis meses para 3,265%, valores bem inferiores aos de mais de 4% que atingiram há cerca de um ano.

A destoar no movimento de correcção das taxas fixadas no mercado monetário, e que estão presentes em cerca de 70% do crédito à habitação, apenas o prazo a três meses, que subiu ligeiramente esta quinta-feira, para 3,481%, mais 0,014 pontos percentuais do que na véspera. Contudo, esta taxa, que apresenta actualmente o valor mais elevado dos três prazos utilizados no crédito à habitação, foi a que demorou mais tempo a subir, corrigindo agora de forma mais lenta. Ainda assim, o mercado espera que o seu valor chegue aos 3% até ao final do ano, podendo mesmo ficar ligeiramente abaixo desse patamar.

Os actuais valores das Euribor ainda estão longe dos mínimos históricos verificados no final de 2021, quando se encontravam em valores negativos – níveis que não deverão repetir-se, pelo menos nos tempos mais próximos –, mas já estão nos valores mais baixos desde Março de 2023, no caso da taxa a seis meses, e de 15 de Dezembro, na de 12 meses.

Apesar de confirmado o corte esperado de 0,25 pontos percentuais na taxa de depósitos do BCE, a que mais influencia o custo do dinheiro para os particulares e empresas, para 3,5%, o banco central surpreendeu – ou talvez não, tendo em conta os sucessivos mínimos fixados pelas Euribor nas últimas sessões – com um corte mais ambicioso de 0,6 pontos percentuais na taxa de juro de refinanciamento e na de facilidade de cedência de liquidez, que as deixa em 3,65% e 3,9%, respectivamente.

Embora não pelas melhores razões - tendo em conta a revisão em baixa das estimativas de crescimento das economias da zona euro -, a expectativa do mercado é de que o BCE fará pelo menos mais um corte de taxas até ao final do ano, cenário que as taxas Euribor têm vindo a descontar, antecipando, assim, o custo do dinheiro para o horizonte a seis e a 12 meses.

Impacto nas poupanças

Apesar das fortes descidas da Euribor a seis e a 12 meses, presentes, pela mesma ordem, em 37,1% e 34,7% da carteira de crédito existente, e a três meses em cerca de 25%, a redução da prestação não é imediata. O reflexo dos novos valores ocorre apenas nas datas das revisões dos contratos, realizadas a cada três, seis ou 12 meses, conforme a taxa presente no contrato.

A queda das taxas Euribor também tem impacto na rentabilidade das poupanças, como é o caso de alguns depósitos a prazo, uma vez que o sector financeiro tende a acomodar a redução dos juros que recebe no crédito concedido e o que paga nas poupanças que lhe são confiadas. E daí que seja expectável uma descida mais expressiva na rentabilidade dos produtos tradicionais do sector bancário. A taxa média dos novos depósitos a prazo está em queda há sete meses consecutivos, fixando-se em Julho nos 2,65% brutos para o prazo de um ano, menos 0,45 pontos percentuais face ao máximo de 3,10% atingido em Dezembro do ano passado.

Os Certificados de Aforro também estão associados a estas taxas de mercado, mais concretamente à Euribor a três meses, mas o actual nível ainda está longe de prejudicar estas aplicações.

Actualmente, a rentabilidade da série F está limitada a 2,5%, pelo que o seu impacto só se verificará se a Euribor cair abaixo desse patamar. E a série E (que já não aceita novas subscrições) contou com o prémio fixo de 1%, pelo que também só sentirá algum impacto negativo se e quando a Euribor a três meses ficar abaixo de 2,5%. Também nas séries anteriores, a descida da Euribor está de certa forma amortecida pela acumulação dos prémios de permanência.

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