Banco Central Europeu baixa taxas de juro para 3,5%

Autoridade monetária foi ao encontro das expectativas e realizou esta quinta-feira o segundo corte de 0,25 pontos na taxa de juro que serve de referência para o custo dos empréstimos na zona euro.

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Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu RONALD WITTEK / LUSA
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Mais confiante com a tendência de descida da inflação e à procura de uma aterragem suave da economia da zona euro, o Banco Central Europeu (BCE) decidiu esta quinta-feira realizar um novo corte de 0,25 pontos percentuais na principal taxa de juro de referência.

Cumprindo aquilo que eram as expectativas dos mercados, a taxa de juro de depósitos do banco central – que é actualmente a referência para os custos de financiamento na zona euro euro – foi colocada em 3,5%.

Depois de, entre Julho de 2022 e Setembro de 2023, para combater a escalada da inflação, ter procedido a uma subida drástica das suas taxas de juro de -0,5% para 4%, a entidade liderada por Christine Lagarde começou, no passado mês de Junho, a aliviar ligeiramente as restrições monetárias impostas à economia, tendo passado a taxa de juro de depósito de 4% para 3,75%.

Na reunião realizada em Julho, os responsáveis do BCE optaram por manter inalterado o custo do dinheiro da zona euro, mas agora, depois de terem visto a taxa de inflação cair de 2,6% para 2,2% em Agosto, voltaram a baixar as taxas de juro.

No comunicado em que é anunciada a decisão, a nova descida de taxas de juro é justificada pela “dinâmica da inflação subjacente”, que torna "apropriado que se tome um novo passo na moderação do grau de restrição na política monetária".

Nesta reunião, como já tinha sido antecipado pela autoridade monetária, o BCE procedeu igualmente a um ligeiro ajustamento nos diferenciais entre as taxas de juro directoras. Assim, ao contrário do que é habitual, a taxa de juro de refinanciamento e a taxa da facilidade de cedência de liquidez registaram variações diferentes à da taxa de juro de depósito, sendo cortadas em 0,6 pontos percentuais, para 3,65% e 3,9%, respectivamente.

É, no entanto, a taxa de juro de depósito do BCE que serve de referência aos custos de financiamento praticados na economia, reflectindo-se nomeadamente no nível da taxas de juro Euribor, que servem de referência para a maior parte dos empréstimos, nomeadamente à habitação, concedidos em Portugal. Nos últimos meses, as taxas de juro Euribor já têm vindo a apresentar uma tendência de descida, que é justificada pela expectativa da realização pelo BCE de cortes na sua principal taxa de juro de referência.

Previsões de crescimento revistas em baixa

As atenções viram-se agora para aquilo que o BCE irá fazer nos próximos meses. Depois do corte de juros realizado esta quinta-feira, os responsáveis do banco central têm mais duas reuniões agendadas até ao final do ano - uma em Outubro e outra em Dezembro - e a dúvida está em saber se o BCE irá acelerar o ritmo de descida, com dois cortes nas duas reuniões ou se irá manter o mesmo ritmo, com um corte dentro de apenas três meses, em Dezembro.

Para já, as pistas dadas são poucas. No comunicado desta quinta-feira, é reafirmado que os responsáveis do banco central continuam "determinados a garantir que a inflação regressa à meta de médio prazo de 2%" e que, para isso acontecer, irão "manter as taxas de juro a um nível suficientemente restritivo pelo tempo que for necessário". A abordagem a seguir será, garantem, de continuar "dependente dos dados", decidindo "reunião a reunião".

A dificultar uma descida mais rápida das taxas de juro estão as preocupações relativamente ao impacto que os aumentos salariais podem ter na inflação. O BCE afirma que "a inflação doméstica continua alta e os salários estão ainda a subir a um ritmo elevado". No entanto, em contrapartida, é reconhecido que os custos laborais "estão a abrandar" e a actividade económica "a fraquejar".

Nas novas projecções macroeconómicas divulgadas esta quinta-feira, o BCE manteve a mesma previsão para a inflação este ano e nos dois anos seguintes: 2,5% em 2024, 2,2% em 2025 e 1,9% em 2026, mas reviu ligeiramente em alta, a projecção para a inflação subjacente, que retira da análise bens com preços mais voláteis como a alimentação e os combustíveis.

Já no que diz respeito ao ritmo de actividade económica, o BCE retirou 0,1 pontos percentuais às previsões de crescimento de cada um dos três anos, passando a prever uma variação do PIB de 0,8% este ano, 1,3% no próximo e 1,5% em 2026.

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