Aliados ocidentais da Ucrânia impõem novas sanções ao Irão por vendas à Rússia

Antony Blinken disse que a cooperação entre a Rússia e o Irão é uma “ameaça à segurança europeia”. Kiev pondera corte de relações diplomáticas com Teerão.

Foto
Antony Blinken alertou para as consequências do fornecimento de armas pelo Irão à Rússia Alberto Pezzali / VIA REUTERS
Ouça este artigo
00:00
02:28

Os EUA, o Reino Unido, França e Alemanha anunciaram esta terça-feira a imposição de novas sanções ao Irão por causa do fornecimento de armas à Rússia para usar na guerra contra a Ucrânia.

Antes de seguir para Kiev, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, esteve em Londres para falar da ameaça que o apoio militar do Irão à Rússia constitui, fazendo eco de várias notícias nos media norte-americanos ao longo dos últimos dias que davam conta da venda por Teerão a Moscovo de mísseis.

“A Rússia recebeu por esta altura fornecimentos destes mísseis balísticos e irá provavelmente usá-los nas próximas semanas na Ucrânia, contra a Ucrânia”, afirmou Blinken, referindo-se a informações que disse terem sido partilhadas com os aliados de Washington.

“Este desenvolvimento e a crescente cooperação entre a Rússia e o Irão ameaçam a segurança a europeia e demonstra como a influência desestabilizadora do Irão extravasa o Médio Oriente”, acrescentou o secretário de Estado.

Blinken foi recebido pelo ministro britânico dos Negócios Estrangeiros, David Lammy, que avisou que o envio de armamento iraniano para a Rússia significa uma “escalada perigosa” do conflito.

“O Irão deve parar de apoiar o ataque não provocado, premeditado e bárbaro de [Presidente russo, Vladimir] Putin contra um Estado soberano democrático”, afirmou Lammy, garantindo que “o Reino Unido irá estar ao lado da Ucrânia durante o tempo que for necessário”.

Segundo os EUA, o regime iraniano – que é um dos maiores aliados de Moscovo a nível internacional – terá dado formação a militares russos para operar o sistema de mísseis Fath-360, que possui um alcance máximo de 121 quilómetros.

Nem o Irão nem a Rússia confirmaram estas notícias, embora o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, tenha recordado que os dois países têm uma cooperação abrangente, incluindo nas “áreas mais sensíveis”. A Rússia tem utilizado frequentemente drones de fabrico iraniano, os Shahed, na invasão da Ucrânia.

As sanções apresentadas esta terça-feira vão restringir a capacidade da principal companhia aérea iraniana Iran Air em voar para a Europa e incidem sobre alguns dirigentes do regime de Teerão, entre os quais o brigadeiro-general Seyed Hamzeh Ghalandri, que é responsável pelas exportações de armas do Irão, que passa a ter os seus bens no estrangeiro congelados e a estar impedido de viajar para a Europa e EUA.

Além disso, cinco navios de carga russos também foram incluídos no pacote de sanções por se suspeitar terem transportado os materiais militares iranianos.

A Ucrânia elogiou as medidas adoptadas pelos seus parceiros e não excluíu cortar relações diplomáticas com o Irão caso a Rússia use os mísseis balísticos adquiridos em ataques contra o seu território.

Sugerir correcção
Ler 2 comentários