Idris Elba e Keir Starmer unem-se no combate à “crise” das armas brancas
O primeiro-ministro britânico defende que o problema tem de ser enfrentado e faz parte da coligação apresentada nesta segunda-feira, da qual Idris Elba é o rosto principal.
O actor Idris Elba acaba de lançar uma nova coligação para combater o crime com facas na Grã-Bretanha entre os mais jovens. A Coalition to Tackle Knife Crime foi apresentada oficialmente, nesta segunda-feira, no Ministério do Interior, com o apoio do primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, que definiu o problema como uma “crise nacional que precisa de ser enfrentada”.
“Precisamos de atacar as causas profundas do crime com armas brancas, e não apenas os sintomas. A coligação é um passo positivo para reabilitar as nossas comunidades de dentro para fora”, declarou também Idris Elba, que, no último ano, tem sido voz activa para o problema nacional, exigindo a proibição imediata das catanas e das chamadas “facas zombie” — armas de lâmina originalmente inspiradas nos filmes de zombies.
A organização vai focar-se em criar grupos de consciencialização para os perigos das armas brancas, através de “líderes de comunidade” entre os mais jovens, explica o Ministério do Interior, em comunicado. Entre as missões da associação está também o apoio às famílias afectadas por este tipo de crime com o testemunho de pais e mães que já passaram pelo mesmo.
Além de Idris Elba (que tem uma fundação própria, a Hope) e do próprio Keir Starmer, a coligação envolve empresas de tecnologia, organizações desportivas, professores, polícias e representantes do sistema nacional de saúde britânico (NHS, na sigla original), detalha o comunicado. “Não ficaremos de braços cruzados enquanto se perdem vidas preciosas e se destrói o futuro dos jovens”, prometeu a ministra do Interior, Yvette Cooper, que também participou na reunião, citada pela Sky News.
Contudo, ainda não foram detalhadas iniciativas políticas, além da já prometida proibição das facas zombie, bem como o aumento da pena máxima para a importação, fabrico, posse e venda destas armas, que foi anunciada em Agosto do ano passado, mas que Elba considera que o Parlamento ainda não deu a atenção merecida.
A Coalition to Tackle Knife Crime (Coligação para combater o crime com facas, numa tradução livre) pretende pressionar o Parlamento com dados sobre os crimes com armas brancas, particularmente aqueles que envolvem jovens, muitos que compram as facas na Internet — outro dos temas urgentes para a associação. De acordo com os últimos dados disponíveis, até Junho de 2023, na Grã-Bretanha, cerca de 247 pessoas perderam a vida com o envolvimento de uma faca ou de um instrumento cortante, sendo que muitas das que morreram eram adolescentes ou tinham 20 e poucos anos. Já em Julho, um jovem de 17 anos, munido de arma branca, atacou um grupo de crianças, reunido num evento de tributo a Taylor Swift: três meninas, uma de nacionalidade portuguesa, morreram; oito sofreram ferimentos, cinco com gravidade.
A tragédia deu origem a motins, sobretudo motivados pela informação falsa de que o atacante era muçulmano e filho de refugiados, que resultariam em cerca de 1300 detidos, dos quais quase 250 receberam ordem de prisão.
“Enquanto director do Ministério Público, vi em primeira mão o impacto devastador que os crimes com facas têm nos jovens e nas suas famílias”, lamentou Keir Starmer, que promete estar empenhado no tema. “Vamos aproveitar este momento para nos unirmos como país — políticos, famílias das vítimas, os próprios jovens, líderes comunitários e empresas de tecnologia — para reduzir para metade o crime com facas e recuperar as nossas ruas.”
O trabalho da associação tem uma meta de dez anos para resolver o problema que também já foi apresentado ao rei, Carlos III, pelo próprio Idris Elba em Julho deste ano. “Não é realista pensar que os crimes com facas podem ser extintos, mas podemos abordar os atributos que lhe estão associados”, terminou o actor.