Nuno Mendes volta a “casa”: chef abre restaurante em antigo convento de Lisboa

Será na igreja de um antigo convento, transformado no hotel Locke Santa Joana, junto ao Marquês de Pombal. O restaurante Santa Joana abre portas a 1 de Outubro.

Restaurante do Locke de Santa Joana, do Chef Nuno Mendes, 9 de setembro de 2024, Marquês de Pombal, Lisboa.
Fotogaleria
Uma das primeiras imagens do restaurante Santa Joana, captada esta semana com o espaço a ser finalizado Catarina Póvoa
Restaurante do Locke de Santa Joana, do Chef Nuno Mendes, 9 de setembro de 2024, Marquês de Pombal, Lisboa.
Fotogaleria
Uma das primeiras imagens do restaurante Santa Joana, captada esta semana com o espaço a ser finalizado Catarina Póvoa
Restaurante do Locke de Santa Joana, do Chef Nuno Mendes, 9 de setembro de 2024, Marquês de Pombal, Lisboa.
Fotogaleria
Uma das primeiras imagens do restaurante Santa Joana, captada esta semana com o espaço a ser finalizado Catarina Póvoa
Restaurante do Locke de Santa Joana, do Chef Nuno Mendes, 9 de setembro de 2024, Marquês de Pombal, Lisboa.
Fotogaleria
Uma das primeiras imagens do restaurante Santa Joana, captada esta semana com o espaço a ser finalizado: a esplanada Catarina Póvoa
Restaurante do Locke de Santa Joana, do Chef Nuno Mendes, 9 de setembro de 2024, Marquês de Pombal, Lisboa.
Fotogaleria
Uma das primeiras imagens do restaurante Santa Joana, captada esta semana com o espaço a ser finalizado: a esplanada Catarina Póvoa
Restaurante do Locke de Santa Joana, do Chef Nuno Mendes, 9 de setembro de 2024, Marquês de Pombal, Lisboa.
Fotogaleria
Uma das primeiras imagens do restaurante Santa Joana, captada esta semana com o espaço a ser finalizado Catarina Póvoa
Ouça este artigo
00:00
04:52

Exclusivo Gostaria de Ouvir? Assine já

Do outro lado da linha, a voz de Nuno Mendes soa como um entusiasmo de criança que recebeu um brinquedo: “Vou poder fazer doces conventuais num convento!”. O chef português, que vive em Londres há várias décadas, prepara-se para abrir um novo projecto em Lisboa, depois da Cozinha das Flores, no Porto, e o espaço que o aguarda é precisamente a antiga igreja do Convento de Santa Joana (séc. XVII), na Rua de Santa Marta, em Lisboa.

“Estou super entusiasmado, é um sonho enorme. Tinha saudades de estar em Lisboa. Adoro o Porto, mas isto é que é realmente voltar a casa”, diz Nuno, que já teve na capital o projecto do BAHR, no Bairro Alto Hotel, do qual saiu em 2022. “Andava à procura do projecto certo em Lisboa”, confidencia. E ele apareceu-lhe sob a forma deste restaurante Santa Joana no hotel Locke de Santa Joana, inaugurado em Julho perto do Marquês de Pombal.

Quando a Fugas visitou o local, ainda decorriam os últimos detalhes das obras, mas a antiga igreja já estava transformada no espaço que os clientes poderão encontrar a partir do início de Outubro quando as portas abrirem oficialmente – com design de interiores assinado por Lázaro Rosa-Violán e Post Company, há dois espaços distintos, um, na zona por onde entramos, mais amplo e mais claro, com um pé direito alto aproveitando a estrutura, e outro, do lado esquerdo da sala, de tons mais quentes, que criam um clima mais íntimo e com pequenos nichos onde foram mantidos os azulejos originais.

Foto
O chef Nuno Mendes Luís Moreira

Na conversa telefónica, ainda a partir de Londres, Nuno explica-nos o que poderemos encontrar quando o Santa Joana abrir. A história que aqui quer contar é a de uma cidade que tem ainda muito de tradicional, mas “é cada vez mais cosmopolita e aberta ao mundo”.

“Quando voltei a Portugal, há uns dez anos, senti a necessidade de falar só da cozinha portuguesa”, conta Nuno Mendes. “Eram as saudades. Mas agora Lisboa mudou e já podemos falar de um encontro entre a Lisboa antiga e ao mesmo tempo celebrar a cidade de hoje.”

Não quer que o Santa Joana seja um fine dining, com menu de degustação. Pelo contrário, o que quer é criar um espaço descontraído e divertido, numa parceria com a empresa britânica White Rabbit, “incubadora de hospitalidade e restauração” baseada em Londres e responsável pelos conceitos de restauração do Locke de Lisboa, que com os seus 370 quartos espalhados por três edifícios (dois do antigo convento e um novo), é o maior projecto desta cadeia fora do Reino Unido.

Foto
A partir do Outono, é só entrar por aqui Catarina Póvoa

Quem entra no Santa Joana tem à direita uma cozinha aberta que se focará mais em preparações de crus e frios, marisco (a ideia é ter ostras de três proveniências diferentes em Portugal, a ria Formosa, a ria de Aveiro e o rio Sado), peixe ligeiramente marinado. “O ponto de partida é sempre o produto”, sublinha o chef. “Esse é um dos grandes luxos de trabalhar em Portugal.”

Da outra cozinha, que não é aberta, sairão os pratos mais trabalhados, que na carta se dividem entre os acepipes (por exemplo, corações de galinha com molho picante de pica pau ou tosta de farinheira com camarões e algas); pratinhos (um deles será com tomate coração de boi e batata doce algarvia, outro com lula fumada e caril português, uma conjugação que entusiasma especialmente Nuno e mostra bem o que pretende fazer aqui); pratos maiores (onde entra a presa de porco alentejano com um molho de nozes, que, na descrição do chef, “quase toca o mole mexicano”); para partilhar (um pregado, um arroz caldoso de mariscos, entre outros); e, por fim, os acompanhamentos.

Pormenor do interior do Restaurante do Locke de Santa Joana Catarina Póvoa
Pormenor do interior do Restaurante do Locke de Santa Joana Póv Catarina Póvoa
Fotogaleria
Pormenor do interior do Restaurante do Locke de Santa Joana Catarina Póvoa

Uma das ideias que Nuno Mendes ainda gostaria de trabalhar anda à volta do frango. “Adorava celebrar o frango português”, anuncia, passando a explicar que a ideia é servi-lo de três formas diferentes, a pele com o molho da Bairrada, o peito como canja e o resto numa cabidela.

Ideias não lhe faltam e está a desenvolvê-las com o chef executivo que escolheu para ser o seu braço direito no Santa Joana, Maurício Varela. “Gosto muito da energia que ele tem na cozinha, senti uma grande afinidade com ele”, diz, sobre o chef que anteriormente esteve no bar Dahlia, junto ao Cais do Sodré.

Foto
Restaurante do Locke de Santa Joana Catarina Póvoa

Para as sobremesas – incluindo os doces conventuais do início desta conversa –, Nuno Mendes conta com a chef pasteleira do Locke (responsável também pelo café Castro’s, situado junto à recepção para quem entra pela rua Camilo Castelo Branco), Maria Ramos, que esteve com Nuno no BAHR. “É uma pessoa em quem confio muito e quero que sinta que este projecto é também dela.” Vindo igualmente do BARH, o chef executivo de todo o hotel (que inclui o restaurante Santa Marta, já a funcionar, de cozinha mediterrânica) é Nuno Dinis.

Para além de trabalhar com esta equipa e com os “parceiros incríveis” que são a White Rabbit, Nuno Mendes está contente porque, apesar de situado dentro do hotel, o Santa Joana está num edifício independente e tem uma ligação com a rua (a entrada para o restaurante deve ser feita pela rua de Santa Marta) e porque “estamos no centro, mas saímos um bocadinho da zona de maior concentração de restaurantes”.

É aqui, neste cenário onde se guarda alguma memória dos tempos conventuais, que dentro de algumas semanas Nuno estará a apresentar o seu menu, a celebrar os produtos portugueses e a festejar este “regresso a casa”. Até lá, é seguir as novidades no Instagram do Santa Joana.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários