Lula mandou ministro confrontar Silvio Almeida na semana passada sobre denúncias de assédio sexual

Ministro dos Direitos Humanos do Brasil foi demitido na sexta-feira. Anielle Franco, ministra da Igualdade, será uma das assediadas. Lula diz que só soube das denúncias na quinta-feira.

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Lula da Silva, Presidente do Brasil Adriano Machado / REUTERS
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O processo que culminou com a demissão do ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, começou a ser desenhado na semana passada, quando o Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, pediu a outro membro do Governo para o confrontar com as denúncias de assédio sexual.

Lula e a primeira-dama, Rosângela Lula da Silva, sabiam da acusação de assédio à ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, há pelo menos sete dias.

Alertado por um membro do Governo de que havia rumores a respeito da conduta do titular da pasta dos Direitos Humanos, Lula determinou que o ministro Controladoria-Geral da União, Vinicius Carvalho, o questionasse sobre a veracidade da denúncia.

O Presidente mandatou-o a dizer que, em caso afirmativo, Almeida não poderia permanecer no executivo. A reunião aconteceu na semana passada e Silvio Almeida negou com veemência qualquer acto impróprio.

Anielle, por sua vez, não tinha formalizado a denúncia. Segundo duas pessoas com quem a ministra falou sobre o assunto, ela dizia que preferia enterrar o caso e que desejava não ter passado por aquela situação.

A Folha de S. Paulo questionou as assessorias de Lula e Janja sobre estas informações, mas elas não se manifestaram.

Numa entrevista a uma rádio de Goiânia, o Presidente disse que apenas tomou conhecimento sobre os factos na noite de quinta-feira. Aliados seus afirmam, no entanto, que Lula se referia aos detalhes da denúncia e não aos rumores.

Entre Maio e Junho do ano passado, Anielle Franco tinha relatado a amigos próximos, incluindo a alguns integrantes do Governo, os incidentes com Silvio Almeida. Quando foi incentivada a levar o caso adiante, explicou que não tinha provas para sustentar a sua versão. Também dizia não querer expor as famílias de ambos.

O caso acabou revelado pelo site Metrópoles na quinta-feira.

Após a demissão de Silvio Almeida, Anielle Franco escreveu nas redes sociais que as “tentativas de culpabilizar, desqualificar, constranger, ou pressionar vítimas a falar em momentos de dor e vulnerabilidade também não cabem, pois só alimentam o ciclo de violência”.

Duas pessoas ligadas ao Ministério dos Direitos Humanos, que pediram para não serem identificadas, disseram à Folha que, pelo menos desde Janeiro, membros do Palácio do Planalto sabiam da suspeita do caso de assédio cuja vítima seria Anielle Franco.

Silvio Almeida foi demitido pelo Presidente Lula na sexta-feira à noite, um dia depois de as acusações de assédio sexual terem vindo a público. A organização Me Too Brasil confirmou, num comunicado, que recebeu as acusações de mulheres contra a Silvio Almeida, mas disse que iria proteger as identidades das denunciantes.

O então titular dos Direitos Humanos negou as acusações, através de comunicados e de um vídeo publicado nas redes sociais, e pediu que as denúncias contra si fossem investigadas por diferentes instâncias do Governo federal.

“Repudio com absoluta veemência as mentiras que estão a ser assacadas contra mim. Repudio tais acusações com a força do amor e do respeito que tenho pela minha esposa e pela minha amada filha de um ano de idade, no meio da luta que travo, diariamente, a favor dos direitos humanos e da cidadania neste país”, afirmou.

Exclusivo PÚBLICO/Folha de S. Paulo

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