A sustentabilidade ambiental é mesmo relevante para as empresas?
Nos dias 16, 17 e 25 de Setembro, a 2.ª edição dos Encontros com Futuro traz à conversa o estado da arte e o futuro dos critérios ESG na gestão das organizações.
A sustentabilidade é uma preocupação crescente em diversos sectores da sociedade e o universo corporativo não é excepção. A definição de parâmetros para avaliar o desempenho das empresas em termos de responsabilidade ambiental, social e de gestão é, actualmente, essencial na validação do compromisso com práticas sustentáveis. Muitas dessas estratégias de gestão passam por uma abordagem baseada em três pilares: ambiental, social e de administração, conhecidos como critérios ESG (do inglês “environmental, social and governance”).
É com base nestes critérios que parceiros, colaboradores e sociedade no geral podem, efectivamente, perceber o impacto das operações das organizações – mas até que ponto é possível determinar, com rigor, esses resultados? Passará pela regulamentação comunitária? Há até quem recue e apele à prudência, quando não há muito tempo o ESG era um tema quase obrigatório: em que ficamos, então? Qual é, afinal, o futuro do ESG?
Encontros com Futuro
Na 2.ª edição dos Encontros com Futuro, iniciativa do PÚBLICO apoiada pela REN, o debate divide-se por três conversas – a 16 e 17 de Setembro em Lisboa e a 25 de Setembro, Dia Nacional da Sustentabilidade, no Porto – e começa por dar continuidade ao debate iniciado em 2023 sobre as várias dimensões do ESG. Nos últimos meses, muito se tem discutido sobre a evolução e o futuro destes parâmetros e é esse debate que traz o mote para o primeiro dia.
Jorge Moreira da Silva foi ministro do Ambiente e da Energia em Portugal e acompanha, há anos, os avanços e recuos nos planos de acção relacionados com este tema. Numa entrevista ao Azul, no rescaldo da última cimeira do clima das Nações Unidas (COP28), o actual líder do Escritório das Nações Unidas de Serviços para Projectos (UNOPS) e subsecretário-geral da ONU, destaca o facto de algumas empresas terem passado “a ter de partilhar informação sobre a sua exposição ao risco climático e a sua contribuição para a acção climática e para o desenvolvimento sustentável” – e que “a sua cotação no mercado está a reflectir o seu alinhamento com o desenvolvimento sustentável”. No fundo, a integração dos critérios ESG na gestão das organizações e consequentes resultados.
Moreira da Silva, orador principal no primeiro dos Encontros com Futuro, acredita que “os projectos têm de estar baseados nas preocupações locais”, ser conduzidos de forma transparente e estar “focados nos resultados”. O director executivo do UNOPS tem acompanhado de perto o que considera uma “mudança de larga escala”, com “uma enorme evolução na adesão das pessoas e na adesão das empresas”. No entanto, nota, “a velocidade não é compatível com aquilo que é necessário”.
Os esforços comunitários ainda não são suficientes mas a definição de orientações para a regulamentação são essenciais: “Os 17 Objectivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) continuam a ser a melhor referência para orientar políticas que simultaneamente promovam o emprego e o crescimento económico, protejam o ambiente e assegurem uma maior igualdade”, considera Moreira da Silva, na mesma entrevista ao Azul. “Os ODS servem de modelo para um futuro melhor e mais sustentável para todos”, reforça.
Qual o futuro do ESG?
Nestes Encontros com Futuro líderes de opinião, ex-governantes, consultores e cidadãos ligados a organizações que estão a tentar perceber e implementar as melhores estratégias para a sustentabilidade ambiental e dos negócios juntam-se para discutir possíveis soluções.
Voltando aos ODS e ao orador principal, Jorge Moreira da Silva, “não importa a sua dimensão ou a sua indústria, todas as empresas podem contribuir” para estes objectivos. A resposta aos “muitos desafios globais, desde a crise climática aos conflitos, passando pelo aumento da pobreza e das desigualdades”, depende, entre outros factores, “das soluções inovadoras que o sector privado pode oferecer”.
A primeira conversa será comentada por Pedro Cruz, coordenador e parceiro ESG da KPMG, seguindo-se um painel de debate que junta Filipa Pantaleão, secretária-geral do BCSD Portugal, André Themudo, responsável da BlackRock em Portugal, e João Fonseca Santos, do Banco Europeu de Investimento.
O programa para este ciclo de conversas, que abrange três dias, reúne diferentes perspectivas de inovação, formação para as empresas e projectos que impactam directamente os cidadãos, tanto em Portugal como a nível internacional.
A participação é gratuita e as inscrições para as três conversas estão disponíveis online.