Cinco reclusos em fuga da prisão de Vale dos Judeus

Ao que tudo indica, os cinco homens, dois dos quais condenados a 25 anos, fugiram da prisão de Vale dos Judeus, em Alcoentre, Lisboa, com auxílio do exterior.

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Cinco reclusos em fuga da prisão de Vale dos Judeus Pedro Cunha

Cinco homens estão em fuga depois de terem conseguido sair da prisão de Vale dos Judeus, em Alcoentre, Lisboa.

A fuga terá ocorrido com recurso a ajuda externa, "através do lançamento de uma escada, que permitiu aos reclusos escalarem o muro e acederem ao exterior", avança a Direcção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais em nota de imprensa enviada às redacções.

Como o protocolo indica, foram feitas as comunicações devidas aos órgãos de polícia criminal "com vista à recaptura dos evadidos e internamente foi aberto processo de inquérito a cargo do Serviço de Auditoria e Inspecção, coordenado por Magistrado do Ministério Público". A fuga foi registada às 10h e foi feita uma avaliação preliminar, através de consulta de CCTV (Circuito Fechado de Televisão), que ajudou a determinar os moldes possíveis da fuga.

A fuga terá sido premeditada. Os reclusos tiveram ajuda do exterior, como comprovam as imagens das câmaras de videovigilância, explicou ao PÚBLICO o presidente do Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional, Frederico Morais. “Eles tiveram auxílio do exterior por parte de três indivíduos, dois que colocaram uma escada, porque o muro da prisão tem cerca de seis metros, e outro que ficou a aguardar num carro”, descreveu.

Foi “ao meio-dia” que chegou o “alerta ao sindicato” e terá sido por essa altura que "a falta dos reclusos foi detectada”, acrescentou. “Isto acontece por culpa do Estado português, que desinvestiu nas cadeias. Antigamente havia torres de vigilância onde estava sempre um guarda, mas em 2017/2018, devido à falta de guardas, o Estado decidiu desmantelar as torres e apostar nas câmaras de videovigilância. Mas as câmaras não vão atrás de ninguém”, lamenta.

Vale de Judeus tem "cerca de 120 guardas, mas, com os turnos, por dia estão lá menos, serão 20 a 30 para cerca de 500 reclusos", especifica. Este sábado, “criou-se uma janela de oportunidade, eles tiveram a hipótese de fugir e agora não sabemos onde estão”, afirma.

"Estamos a falar de reclusos extremamente perigosos. São cinco reclusos que têm medidas especiais de segurança, o que quer dizer que só saem ao exterior acompanhados por grupo de intervenção e segurança prisional", tinha adiantado Frederico Morais antes, à TSF.

As forças de segurança "colocaram no terreno um dispositivo e a operação" para tentar localizar os evadidos. Fonte oficial do Ministério da Administração Interna explicou ao PÚBLICO que as fronteiras não foram repostas por causa deste caso porque não foi considerado "adequado".

Presidente da República acompanha o caso

Em declarações aos jornalistas na Festa do Livro em Belém, o Presidente da República disse que está a "acompanhar a situação desde o primeiro minuto" e espera que a situação "seja resolvida o mais depressa possível".

Sobre se a fuga tem implicações na segurança do país, Marcelo Rebelo de Sousa diz estar a aguardar, até porque a informação disponível é ainda reduzida. "Não sei, vamos ver. A informação que temos ainda da evolução dos acontecimentos é muito curta, tem horas. Vamos ver para depois ver o que se passa. E o próprio Governo, tendo dados disponíveis, não deixará de informar os portugueses."

Os reclusos evadidos são:

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Os cinco reclusos em fuga Facebook do Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional
  • Fernando Ribeiro Ferreira – 61 anos, condenado a 25 anos pelos crimes de tráfico de estupefacientes, associação criminosa, furto, roubo e rapto;
  • Rodolf José Lohrmann – 59 anos, condenado a 18 anos e 10 meses pelos crimes de associação criminosa, furto, roubo, falsas declarações e branqueamento de capitais;
  • Mark Cameron Roscaleer – 39 anos, condenado a 9 anos, pelos crimes de sequestro e roubo;
  • Shergili Farjiani – 40 anos, condenado a 7 anos, pelos crimes de furto, violência depois da subtracção e falsificação de documentos;
  • Fábio Fernandes Santos Loureiro – 33 anos, condenado a 25 anos, pelos crimes de tráfico de menor quantidade, associação criminosa, extorsão, branqueamento de capitais, injúria, furto qualificado, resistência e coacção sobre funcionário e condução sem habilitação legal.

Com Helena Pereira e Amanda Ribeiro
Notícia actualizada às 17h39. Foram acrescentadas as declarações do Presidente da República e a posição do MAI

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