Helicópteros oferecidos em 2022 por Portugal enviados para a Ucrânia

Ministério da Defesa confirma transporte dos Kamov dois anos depois do anúncio da sua cedência. Chefes dos serviços secretos dos EUA e Reino Unido assinam artigo de opinião a defender apoio a Kiev.

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Imagem cedida pelo Ministério da Defesa que mostra os preparativos para o último transporte dos Kamov para a Ucrânia ANEPC
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O Ministério da Defesa anunciou este sábado, num comunicado, que o último transporte dos seis helicópteros Kamov oferecidos por Portugal à Ucrânia seguiu, na véspera, para o país invadido pela Federação Russa desde Fevereiro de 2022.

“Após um longo período de incerteza e de negociações, o actual Governo, através do Ministério da Defesa Nacional, em articulação com o Ministério da Administração Interna, coordenou o transporte dos helicópteros com as autoridades ucranianas, em particular com a Embaixada da Ucrânia em Lisboa e com o Ministério da Defesa ucraniano”, lê-se no comunicado.

“Saiu ontem [sexta-feira] das instalações da extinta EMA, em Ponte de Sor, o último camião com material Kamov com destino à Ucrânia”, informa aquele ministério, que também diz que as seis aeronaves seguiram no “estado de conservação em que se encontram”.

Em Outubro de 2022, a então ministra da Defesa, Helena Carreiras, anunciou que Portugal iria enviar para a Ucrânia os seis helicópteros russos de combate a incêndios que estavam sem licença para operar em Portugal, um dos quais inoperacional por ter sofrido um acidente.

Na altura, Carreiras sublinhou que os ucranianos conheciam “as condições em que se encontra o material”, mas que, uma vez que dispõem de “uma cadeia logística de helicópteros semelhantes”, iriam “dar-lhes-á seguramente muito bom uso”.

Em Novembro do ano passado, porém, mais de um ano depois do anúncio da cedência dos Kamov à Ucrânia, os helicópteros ainda estavam em Portugal, com o anterior Governo, de António Costa, a referir que aguardava da “contraparte ucraniana indicação sobre os próximos passos a adoptar”.

A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, e os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infra-estruturas ucranianas, ao passo que as Forças Armadas ucranianas têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península da Crimeia, ilegalmente anexada em 2014.

“Manter o rumo”

Com Volodymyr Zelensky presente no Fórum Ambrossetti, no Norte de Itália – um evento que reúne personalidades políticas e económicas mundiais, onde se reuniu com Giorgia Meloni, primeira-ministra italiana, e com Geert Wilders, líder do partido de direita radical Partido para a Liberdade que faz parte do Governo dos Países Baixos –, dois principais aliados da Ucrânia deram-lhe neste sábado um forte sinal de apoio.

Num artigo de opinião inédito, publicado pelo diário económico britânico Financial Times, William Burns, director da CIA, e Richard Moore, chefe dos serviços secretos do Reino Unido (SIS), defenderam a importância da estratégia em curso na Ucrânia para a “resistência” ao invasor russo.

“A CIA e o SIS estão unidos na resistência a uma Rússia assertiva e à guerra de agressão de [Vladimir] Putin na Ucrânia”, afiançaram os chefes dos serviços dos EUA e do Reino Unido, explicando que a “desclassificação” de alguns dos seus “segredos” foi fundamental para “avisar a comunidade internacional” sobre os planos de Moscovo para invadir o país vizinho, em 2022, “e para que todos nos pudéssemos mobilizar em defesa da Ucrânia”.

“Manter o curso [na Ucrânia] é mais vital do que nunca”, dizem Burns e Moore. “Putin não conseguirá extinguir a soberania e a independência da Ucrânia. As acções da Rússia são uma violação flagrante da Carta das Nações Unidas e das regras mundiais".

"Continuaremos a ajudar os nossos corajosos e resolutos parceiros dos serviços secretos ucranianos. Orgulhamo-nos de o fazer e admiramo-nos com a resiliência, com a inovação e com o espírito de iniciativa da Ucrânia”, acrescentam.