Nova estirpe de Mpox levanta “fantasmas” de Covid-19 nos subúrbios de Maputo

Mpox não será a próxima Covid-19. Mas nem isso tranquiliza quem depende das vendas nos subúrbios de Maputo para viver. Esse é o caso de Virgínia Tsucane.

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O dia em que se fechou o mercado de Xipamanine devido à Covid-19 RICARDO FRANCO / LUSA
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Na memória de Virgínia o impacto da Covid-19 ainda está vivo e, hoje, quando um novo desafio de saúde "desconhecido" ameaça África, o medo volta à cabeça de quem depende da rua para sobreviver nos subúrbios de Maputo.

"Tenho medo [da mpox], mas nós dependemos da rua. Estamos aqui. O que podemos fazer?", questiona, à Lusa, Virgínia Tsucane, comerciante informal de 56 anos, sentada a poucos metros da Praça dos Combatentes, às portas do famoso mercado de Xiquelene, nos subúrbios da capital moçambicana, Maputo.

Virgínia Tsucane pouco sabe sobre a nova estirpe de mpox que levou a Organização Mundial da Saúde a declarar emergência de saúde pública de interesse internacional e cujo epicentro é a República Democrática do Congo, situada, como Moçambique, na África Austral.

"Nem sei se tem ou não cura", acrescenta a comerciante, poucos minutos antes de atender mais um cliente na sua banca improvisada para a venda de refrigerantes e amendoins no centro da azáfama de Xiquelene.

Embora sem casos positivos em Moçambique, em Maputo, o receio de um eventual surto cresce com as notícias sobre a propagação da doença, que já atingiu mais de dez países do continente, incluindo a África do Sul, a importante potência regional que faz fronteira com Moçambique.

O principal receio dos milhares de moçambicanos que, como Virgínia Tsucane dependem da rua para sobreviver, é um surto à escala da Covid-19, embora especialistas reiterem que a mpox não é a próxima pandemia.

"É preciso clarificar uma coisa, o mpox não é a próxima Covid-19", assegurava, a 4 de Agosto, a directora do Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças, Pamela Rendi-Wagner.

A 13 mil quilómetros de Bruxelas, nos subúrbios de Maputo, Virgínia Tsucane pouco sabe sobre isso. A única certeza que a comerciante, mãe de sete filhos, tem é a de que ficar em casa não é opção.