JD Vance refere-se a ataques em escolas nos EUA como “um lamentável facto da vida”
Candidato a vice-presidente dos EUA pelo Partido Republicano sublinha que o ataque foi “uma tragédia terrível”, e diz que o problema deve ser enfrentado com um reforço da segurança nas escolas.
O candidato do Partido Republicano a vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, disse que os ataques a tiro em escolas norte-americanas são “um lamentável facto da vida” e defendeu que o problema deve ser enfrentado através de um reforço da segurança nos estabelecimentos de ensino, e não de um reforço do controlo da venda de armas.
A declaração de Vance, feita na noite de quinta-feira durante um comício no estado do Arizona, surge na sequência de um novo ataque a tiro numa escola dos EUA — o 416.º no país desde o massacre na escola de Columbine, no Colorado, há 25 anos, segundo uma análise do jornal Washington Post.
Na manhã de quarta-feira, dois professores e dois alunos, ambos de 14 anos, foram mortos a tiro na Escola Secundária Apalachee, no estado da Georgia, por um atirador que usou uma arma semiautomática de estilo AR-15.
A polícia deteve um suspeito — um aluno da mesma escola, Colt Gray, de 14 anos, que foi acusado de quatro crimes de homicídio e que deverá ser julgado como adulto — e o pai deste — Colin Gray, de 54 anos, que foi acusado de homicídio involuntário por ter permitido, de forma consciente, que o seu filho tivesse acesso à arma do crime.
“Eu não gosto de ter de admitir isto, e não gosto que isto seja um facto da vida”, disse Vance, no comício no Arizona, referindo-se ao ataque na escola da Georgia. “Mas a verdade é que qualquer psicopata que queira ser notícia percebe que as nossas escolas são alvos fáceis, e nós temos de reforçar a segurança nas nossas escolas.”
A declaração de Vance foi rapidamente aproveitada pela campanha eleitoral de Kamala Harris e Tim Walz, do Partido Democrata, para acusarem o candidato republicano de insensibilidade.
No seu discurso, Vance lamentou que os tiroteios em escolas sejam “um facto da vida” e disse que o ataque na Georgia foi “uma tragédia terrível provocada por um bárbaro”, salientando que “nenhum pai e nenhuma criança deviam ter de passar por isto”.
Ao mesmo tempo, o candidato do Partido Republicano à vice-presidência dos EUA reafirmou a posição oficial do seu partido, segundo a qual a grande frequência de ataques a tiro nas escolas do país reflecte um problema de saúde mental entre os jovens e deve ser enfrentada com um reforço da segurança, através de medidas como uma maior presença de pessoas armadas nos estabelecimentos de ensino, incluindo professores.
Para o Partido Democrata, a epidemia de tiroteios nas escolas norte-americanas não pode ser combatida apenas com propostas relacionadas com o tratamento da saúde mental e o reforço da segurança, sendo necessária a imposição de limites à venda e posse de determinados tipos de armas.
A candidata do Partido Democrata à Casa Branca promete trabalhar para impor um programa universal, em todo o país, de verificação de antecedentes criminais aquando da compra de uma arma, e a proibição da venda de armas semiautomáticas e de carregadores de alta capacidade, com mais de uma dezena de cartuchos.
A proibição da venda de armas semiautomáticas e de carregadores de alta capacidade já esteve em vigor nos EUA durante uma década, entre 1994 e 2004.
Nos anos anteriores à aprovação da legislação de 1994, o país tinha sido abalado por uma série de ataques a tiro em escolas e em espaços públicos, provocando 36 mortos, entre os quais, cinco crianças de entre seis e nove anos.
A lei de 1994, que foi aprovada com a condição de ter de ser renovada uma década depois, expirou em 2004 devido à falta de consenso no Congresso para uma extensão.
Entre os esforços mais recentes para uma nova proibição semelhante à de 1994 destacam-se o que foi feito em finais de 2012 e 2013, por iniciativa do então Presidente dos EUA, Barack Obama, depois de um atirador ter matado 20 crianças de seis e sete anos de idade na Escola Primária de Sandy Hook, no estado do Connecticut.
Na altura, a proposta da Casa Branca — liderada por Joe Biden, então vice-presidente dos EUA — foi reprovada no Senado ao não atingir os 60 votos necessários para sair da fase de discussão.
Na última década, o Partido Republicano fechou-se ainda mais à ideia de impor restrições à venda de armas nos EUA, sendo altamente improvável que uma Casa Branca liderada por Kamala Harris seja capaz, nos próximos anos, de obter os votos necessários no Congresso para endurecer a legislação.