Hunter Biden, filho do Presidente dos EUA, declara-se culpado em caso de fraude fiscal

Filho do Presidente dos EUA não fez um acordo prévio com o Ministério Público, como é habitual nestes casos, e por isso conhecerá a sentença em Dezembro. Não pagou 1,4 milhões de dólares em impostos.

Foto
Hunter Biden espera agora saber a sentença em Dezembro David Swanson / REUTERS
Ouça este artigo
00:00
03:10

Hunter Biden, filho do Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, declarou-se culpado de crimes fiscais federais na quinta-feira, uma acção surpreendente que evita um julgamento potencialmente embaraçoso semanas antes das eleições presidenciais.

Biden ia ser julgado num tribunal federal de Los Angeles sob a acusação de não ter pago 1,4 milhões de dólares em impostos durante anos em que gastou muito dinheiro em drogas, prostitutas e artigos de luxo.

Em vez disso, declarou-se culpado de todas as nove acusações de que foi alvo. O juiz Mark Scarsi disse a Biden que ele enfrenta uma pena de até 17 anos de prisão e de até 450 mil dólares em multas. A leitura da sentença está marcada para 16 de Dezembro.

Os arguidos que se declaram culpados em processos penais estabelecem normalmente um acordo prévio com o Ministério Público, na esperança de receberem uma pena mais baixa em troca de evitarem o julgamento.

Não parece ser esse o caso. Na quinta de manhã, Biden propôs declarar-se culpado das acusações, evitando simultaneamente a admissão de irregularidades, numa manobra jurídica invulgar chamada "Alford plea". Os procuradores opuseram-se a essa ideia.

Depois de um intervalo, o advogado de Biden, Abbe Lowell, disse ao juiz que Biden se iria declarar culpado, apesar de não ter qualquer acordo prévio com os procuradores que atenuasse a sua pena.

Num comunicado após a audiência, Biden disse que se declarou culpado para poupar a sua família a ter de assistir a um julgamento que teria revelado publicamente pormenores embaraçosos de um período da sua vida em que sofria de toxicodependência. "Por tudo o que os fiz passar ao longo dos anos, posso poupá-los a isto", disse. Acrescentou que tinha regularizado os seus impostos em atraso.

Lowell disse depois aos jornalistas que Biden poderia recorrer da sentença. Não respondeu quando lhe perguntaram porque é que Biden esperou até ao dia de abertura do julgamento para se declarar culpado.

A confissão de culpa impede um julgamento de semanas que teria lugar no auge da campanha eleitoral.

Hunter Biden, que tem falado abertamente sobre a sua luta contra a dependência de drogas e álcool, é acusado de não ter pago impostos de 2016 a 2019, enquanto gastava grandes somas "em drogas, acompanhantes e namoradas, hotéis de luxo e propriedades de aluguer, carros exóticos, roupas e outros itens de natureza pessoal", de acordo com a acusação.

O julgamento também poderia esclarecer o seu trabalho com a empresa de gás natural ucraniana Burisma e outros negócios celebrados enquanto o seu pai era vice-presidente de Barack Obama. Os opositores republicanos do Presidente afirmam que essas actividades do seu filho eram corruptas.

A acusação diz que Hunter Biden "ganhou muito bem" enquanto fazia parte dos conselhos de administração da Burisma e de um fundo chinês de capitais privados. Hunter Biden negou qualquer negócio impróprio e as investigações conduzidas pelos republicanos no Congresso não implicaram directamente o seu pai em qualquer irregularidade.

Hunter está a recorrer de uma sentença noutro processo separado, no Delaware, por ter comprado ilegalmente uma arma enquanto consumia drogas.

Se essa condenação se mantiver, poderá enfrentar uma pena mais severa no caso da fraude fiscal, uma vez que será considerado reincidente.

A Casa Branca afirmou que o Presidente Biden já decidiu que o seu filho não pode receber um perdão presidencial.