Quando sabemos que uma criança ou jovem passou de ano, congratulamo-nos com o seu sucesso. Porém, nem tudo são rosas quando mudamos de ano, muito menos quando mudamos de ciclo. As transições escolares podem implicar desafios significativos.

Que desafios podem enfrentar? A literatura identifica diversos desafios nas transições escolares, que variam conforme o contexto e as características dos estudantes. Um dos maiores desafios é o aumento das exigências académicas, que exige novas competências e rápida adaptação. Por vezes, também enfrentam a perda de amizades e a necessidade de criar relações sociais, o que pode gerar ansiedade e stresse, especialmente em transições para o ensino secundário e para o ensino superior, onde a autonomia e identidade são mais exigidas.

Em que anos pode haver mais desafios? Os anos escolares mais desafiadores em termos de transição são aqueles em que os alunos mudam de uma etapa educacional para outra, enfrentando novas exigências académicas, sociais e emocionais. As transições reconhecidas habitualmente como mais difíceis incluem:

• Entrada no 1.º ano do ensino básico, uma vez que a criança enfrenta a mudança de um ambiente lúdico para um mais estruturado, com maiores expectativas de aprendizagem;
• Entrada no 2.º ciclo (5.º ano) por ter agora mais disciplinas, mais professores, maior responsabilidade pessoal e por vezes até mudança geográfica ou física para uma escola maior;
• Entrada no ensino secundário, com o aumento da complexidade académica e a pressão para a preparação para o futuro profissional;
• Entrada no ensino superior, associada ao aumento significativo da autonomia e do sentido de responsabilidade, num momento em que estão a construir os alicerces da sua identidade e da sua independência.

O que pode facilitar a transição? O envolvimento da família e o apoio da escola são fundamentais para uma transição escolar bem-sucedida. Os pais que oferecem apoio emocional e pedagógico ajudam a reduzir a ansiedade dos estudantes e a alinhar expectativas sobre a nova fase escolar. A comunicação constante entre escola e a família e a implementação de uma transição gradual são essenciais para garantir que os alunos se sintam preparados e apoiados durante as mudanças escolares.

A escola, por sua vez, deve organizar visitas antecipadas e sessões de orientação para familiarizar os alunos com o novo ambiente e as rotinas. Algumas estratégias eficazes incluem a realização de palestras para alunos e pais, a introdução de atividades extracurriculares e a oferta de aulas de revisão e de apoio ao estudo.

Por sua vez, é importante adaptar as avaliações e as estratégias pedagógicas aos perfis dos estudantes para facilitar a sua adaptação escolar. Adicionalmente, manter rotinas claras, oferecer feedback regular, e criar um ambiente acolhedor e inclusivo são práticas que ajudam os alunos a sentirem-se mais seguros, bem organizados e em “controlo” das suas tarefas escolares. Por fim, o acesso a serviços de aconselhamento e de psicologia, assim como criar grupos de apoio, formais ou informais, promovem o bem-estar emocional dos alunos.

Em conclusão, se os desafios das transições escolares são “dores de crescimento” que as crianças e adolescentes enfrentam enquanto aprendem, representam também oportunidades importantes para se fortalecerem e se capacitarem para navegarem os altos e baixos da escola e da vida.

A autora escreve segundo o Acordo Ortográfico de 1990