Mota-Engil perde metade do valor em bolsa. Resultados e fundo abutre penalizam

Acções da construtora continuam a cair, numa altura em que os investidores temem o impacto do abrandamento económico sobre a construtora e em que há um fundo abutre a apostar na queda da empresa.

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Construtora apresentou lucros de 49 milhões no primeiro semestre de 2024 Andreia Patriarca
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Depois dos fortes ganhos registados desde o ano passado e até ao primeiro trimestre de 2024, a Mota-Engil está agora em rota descendente na bolsa portuguesa e já perdeu cerca de metade do valor de mercado desde o pico atingido este ano. Os receios quanto ao impacto que o abrandamento económico a nível global poderão ter sobre as contas da construtora, bem como a aposta na queda das acções por parte de um fundo abutre, estão a acentuar o movimento de perdas.

Os cálculos são feitos pelo Jornal de Negócios, na edição desta quinta-feira, que indica que a Mota-Engil chegou a ter uma capitalização bolsista de 1782 milhões de euros no início deste ano. Nessa altura, nos primeiros dias de Março, as acções da construtora chegaram a valer 5,81 euros, o nível mais alto em cerca de uma década. Agora, os títulos da Mota-Engil já negoceiam abaixo dos 3 euros e o valor de mercado era, na quarta-feira, de 856,5 milhões de euros.

A penalizar o desempenho da empresa em bolsa têm estado, sobretudo, os resultados mais recentes. Na semana passada, a Mota-Engil reportou um lucro de 49 milhões de euros no primeiro semestre deste ano, um aumento de 65% em relação a igual período do ano passado. Apesar do resultado positivo, os analistas destacaram a queda das vendas, graças ao comportamento do mercado africano, bem como os sinais preocupantes vindos da América Latina, outro dos principais mercados da construtora portuguesa, onde o presidente do México anunciou uma "pausa" nas relações com os Estados Unidos e o Canadá.

A isto, somam-se os receios do mercado em torno do abrandamento económico a nível global, que poderá vir a resultar na suspensão de negócios importantes para a construtora.

A pressão foi agravada depois de a Muddy Waters Capital, empresa de investimento norte-americana que já foi investigada nos Estados Unidos por suspeitas de manipulação do mercado, ter apostado na queda das acções da Mota-Engil (o chamado short-selling). Os analistas contactados pelo Jornal de Negócios admitem que a prática de short-selling "cria um efeito menos positivo" quando uma acção está em recuperação ou em queda, mas ressalvam que o volume negociado pela Muddy Waters Capital "é baixo".

Nesta quinta-feira, a Mota-Engil volta a negociar em baixa e vai acumulando vários dias consecutivos de quedas. Por esta altura, a construtora perde 2,94% e está a cotar nos 2,71 euros por acção, baixando da casa dos 3 euros por acção pela primeira vez desde o início do ano passado e contrariando a tendência positiva que se faz sentir no principal índice accionista português. Só desde o arranque desta semana, a Mota-Engil já desvalorizou mais de 9%.

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