Público Brasil Histórias e notícias para a comunidade brasileira que vive ou quer viver em Portugal.
Sorvete para cachorro? A Lili dos Geladinhos está até exportando
Mercado de produtos para pets não para de crescer. Além dos geladinhos, que são exportados, há bolos de aniversários e almôndegas para os mais exigentes. Agência planeja viagens para os animais.
Os artigos da equipa do PÚBLICO Brasil são escritos na variante da língua portuguesa usada no Brasil.
Acesso gratuito: descarregue a aplicação PÚBLICO Brasil em Android ou iOS.
No calor ou no frio, um bom sorvete faz a diferença. E mesmo para os cachorros, que estão sendo brindados com os produtos fabricados pela brasileira Lilian Quintas, ou simplesmente Lili, 40 anos. Os sorvetes caíram tanto no gosto dos cães, que já estão sendo exportados para França, Espanha, Itália e Irlanda.
Lili desembarcou em Portugal em 2017, início do fluxo de brasileiros que resultou na maior comunidade de estrangeiros vivendo em Portugal. Mas, até chegar à produção dos geladinhos, foram três anos de muita batalha. Vinda de Cachoeiro de Itapemirim, Espírito Santo, tinha como missão cobrir férias em um trabalho de doméstica.
Com determinação e capacidade de aliar o trabalho para o qual foi contratada com a venda de sorvetes — para humanos, ressalte-se — na praia e de porta em porta, ela viu naquela atividade com qual reforçava o orçamento de casa uma oportunidade para dar uma virada na vida dela. "Comecei a testar, informalmente, os sorvetes com os cachorros", conta.
A comerciante, que mora em Carcavelos, tinha certeza de que o geladinho para cães daria certo. "Se não desse, teria de voltar para o Brasil", lembra. Entre os testes com os cachorros até seu negócio se tornar realidade passou-se mais de um ano. "Foi um alívio quando saiu o registro da empresa e obtive o certificado e a licença para fabricar e comercializar os gelados.
A fábrica dos sorvetes para cães está instalada na própria casa de Lili. De lá, seguem para lojas parceiras em Lisboa, Amadora, Cascais e Aveiro. Ela também aceita encomendas por meio de aplicativos. “O que me ajuda é a persistência, e acredito que meu negócio continuará crescendo até quando Deus permitir”, afirma.
O maior objetivo da brasileira é abrir uma loja própria, porque considera que “a marca já está fidelizada”. Ela ressalta que, em 2022, após a pandemia do novo coronavírus, em uma viagem à Itália para participar de uma feira, ela aprimorou a técnica de produção dos geladinhos para os pets, “pois não têm conservantes, nem gordura hidrogenada".
Os geladinhos, no Brasil, são conhecidos como sacolé, dindin, chup-chup ou dudu, a depender da região.
Gulodices goumert
As gulodices para os bichinhos vão muito além dos geladinhos. Na pastelaria Rossi Pets Bakery, em Algés, o cardápio gourmet inclui bolo de aniversário para cães e gatos, almôndegas de porco ibérico e de alperce com cogumelos, atum com feijão-verde, frango com quinoa e mirtilo e snacks para esconder comprimidos para medicações dos bichos.
A pastelaria Rossi carrega esse nome em homenagem ao cachorro de Tiago Silva Santos, 27, filho de Maria José Santos, 50. Segundo ela, Rossi era um animal de grande porte, mistura de Pastor Alemão com uma raça comum na Serra da Estrela, que viveu por 14 anos, até 2019.
A empresa tem seis anos e registra seu maior movimento em datas comemorativas, como Natal, Dias dos Pais e das Mães e Halloween. Se os humanos têm direito a um mimo, os pets também merecem um agrado. Levantamento realizado pelo Instituto Pet Brasil aponta que, apenas em 2023, o mercado de produtos para pets movimentou 180,8 bilhões de dólares (R$ 1 trilhão) em todo mundo.
Viagem com os bichinhos
Cães e gatos têm ainda à disposição empresas especializadas em planejar e organizar viagens internacionais entre Brasil e Portugal. A Fly Pet Assessoria cuida da preparação dos documentos e do cumprimento das exigências sanitárias de cada país.
Os donos da empresa, o casal Leandro e Asafe Santos, trocaram de Campinas, São Paulo, por Portugal em junho de 2023, com três cães. As dificuldades para o transporte dos animais os estimularam a criar a empresa. “A nossa firma é fruto da nossa dor, das inúmeras providências que precisamos tomar para trazê-los”, afirma Leandro.
Segundo ele, no começo, em setembro do ano passado, tudo era feito como uma espécie de hobby, mas o negócio se profissionalizou quando tomaram ciência de experiências vividas por outros brasileiros no transporte de animais. “A virada de chave ocorreu no começo deste ano, quando muita gente começou a nos telefonar para resolvermos sobre a mobilidade dos bichinhos", acrescenta Leandro.
Ele assinala que as pessoas planejam as viagens da família e só, então, percebem que o animal faz parte do grupo, e muitos não querem inclui-los nos passeios por causa das dificuldades. “Quando os pets entram nos planos das viagens, assumimos nosso papel para tratar de todos os detalhes para que tudo corra bem. Nossa missão é proporcionar momentos inesquecíveis da família na companhia do seu animal de estimação”, complementa o empresário.