Sauditas deixam de atender telefone, venda de Galeno cai e FC Porto “perde” 50 milhões. O que se passou?

FC Porto e Al-Ittihad tinham detalhes fechados – incluindo clínica em que os exames médicos do extremo se realizariam –, mas sauditas falharam com a palavra dada. Pode seguir-se queixa à FIFA.

Foto
Galeno fica no FC Porto após quebra de negociações Daniel Rocha/Arquivo
Ouça este artigo
00:00
03:02

Wenderson Galeno estava de malas feitas e o FC Porto preparava-se para um encaixe de 50 milhões de euros, mas, nas derradeiras horas do mercado de transferência, a ida do “dragão” para os sauditas do Al-Ittihad não se concretizou. De acordo com as informações recolhidas pelo PÚBLICO, todos os detalhes tinham sido já acordados e até a clínica em que Galeno iria realizar os exames médicos já tinha sido escolhida. Por que caiu então o acordo?

Até à inesperada marcha-atrás dos sauditas, o negócio entre FC Porto e Al-Ittihad não teve nada de atípico. Os clubes acordaram um valor de 50 milhões pela totalidade do passe do brasileiro, com os portistas a assegurarem também 10% de uma transferência futura. O salário do extremo, um dos pontos delicados que dita a queda de algumas negociações, tinha também ficado decidido sem solavancos: o jogador iria auferir no Médio Oriente 6,5 milhões de euros por época.

Os portistas possuem comunicações que comprovam o estado avançado destas negociações, provas essas que podem ser usadas se os “dragões” avançarem com uma queixa formal à FIFA. Neste momento, o clube liderado por André Villas-Boas informou os associados e simpatizantes que irá enviar uma comunicação para o chairman do Al-Ittihad e para o homólogo da Liga da Arábia Saudita.

O PÚBLICO tentou contactar Domingos Soares de Oliveira, CEO do Al-Ittihad e ex-administrador da SAD do Benfica, para obter mais esclarecimentos sobre o caso. Até ao momento, tal não foi possível.

Subitamente e durante um período de várias horas, os sauditas desapareceram do radar e não devolveram os contactos dos responsáveis "azuis e brancos". Uma atitude vista como uma falta de respeito não só para o clube, mas também para o atleta, que se preparou logisticamente durante esta segunda-feira para a eventual mudança. Estavam também previstos nesse dia a realização dos exames médicos, tendo já sido indicada pelos sauditas uma clínica na cidade do Porto para este efeito. A "luz verde" da equipa médica é o último passo da negociação, antes da assinatura do contrato e apresentação do jogador.

A transferência cairia por terra e Galeno volta a apresentar-se novamente ao técnico Vítor Bruno, no centro de treinos do Olival, já esta terça-feira. Em comunicado, o FC Porto congratula-se por poder contar com Wanderson Galeno para esta temporada, reforçando a "confiança nas capacidades e na motivação do jogador".

O desconforto provocado pela quebra de negociações foi acentuado quando se percebeu que o clube saudita contratou o avançado neerlandês Steven Bergwijn, uma alternativa mais económica face a Galeno. O agora ex-Ajax ruma à Arábia Saudita por 21 milhões de euros, menos de metade do valor que o Al-Ithiad iria investir no jogador portista. Olhando para os timings, pressupõe-se que os sauditas estava a negociar os dois jogadores em simultâneo.

Antes desta negociação gorada, os portistas tinham já rejeitado ofertas sauditas no valor de 40 milhões de euros por Wanderson Galeno. Ainda esta segunda-feira, dia de encerramento do mercado de transferências, o FC Porto anunciou o sexto reforço para 2024-25, com o empréstimo do defesa-central Tiago Djaló, cedido pela Juventus.

Sugerir correcção
Ler 5 comentários