Estreias de teatro e 30 anos do FINTA marcam programação da ACERT em Tondela

Neste segundo semestre, a Associação Cultural e Recreativa de Tondela vai estrear O Bosque, da Trigo Limpo, a companhia da casa, e o espectáculo-caminhada Aurora, dos Gambozinos e Peobardos.

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Ensaio de Terminal (O Estado do Mundo) na ACERT, em Tondela Tiago Bernardo Lopes
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A aposta em residências artísticas e a estreia de dois espectáculos Aurora, dos Gambozinos e Peobardos Grupo de Teatro da Vela, e O Bosque, da companhia Trigo Limpo — marcam a programação da Associação Cultural e Recreativa de Tondela (ACERT) para este final de 2024, que foi apresentada esta terça-feira em conferência de imprensa.

A associação promete "uma grande diversidade" de propostas, que vão para além da apresentação de espectáculos, integrando também a possibilidade de o Novo Ciclo ACERT ser "um ninho onde outros passarinhos encontram um bom acolhimento", inclusive para as estreias, afirmou José Rui Martins, um dos responsáveis pela programação.

Oriundos da Guarda, os Gambozinos e Peobardos Grupo de Teatro da Vela apresentarão, pela primeira vez, um singular espetáculo-caminhada ao ar livre, que pretende celebrar o 25 de Abril. Co-produzido com o Novo Ciclo ACERT e intitulado Aurora, terá lugar nos dias 28 e 29 deste mês e realizar-se-á num horário pouco comum: começará às 6h e terminará com o romper da aurora. Com lotação limitada a 35 pessoas, o espectáculo propõe-se guiar a assistência da escuridão a esse "dia inicial inteiro e limpo” ao qual Sophia de Mello Breyner prestou homenagem num conhecido poema.

"O encontro será no Novo Ciclo ACERT, mas o nascer do sol e o espectáculo serão noutro sítio onde eles nos quiserem levar", explicou Daniel Nunes, também da equipa de programação.

José Rui Martins contou que esta estreia resulta de "uma ligação intensa e afectuosa" que começou a ser construída quando a ACERT trabalhou com "os pais dos actuais actores dos Gambozinos e Peobardos nos espectáculos comunitários que a companhia realizava na Guarda, no Dia da Cidade".

Também a companhia da casa, o Trigo Limpo Teatro ACERT estreará um espectáculo, O Bosque, que explora as histórias de vida do núcleo mais antigo da cidade de Tondela. Inspirado na memória das ruas e dos lugares e nas vivências dos habitantes, O Bosque será apresentado em Tondela nos dias 6 e 7 de Dezembro, mas está a ser produzido de forma a poder circular depois pelo país.

Trata-se de um espectáculo "muito baseado nas memórias e no fantástico", adiantou José Rui Martins. "Não vai falar sobre a história local, mas parte dela para atingir um sentido metafórico e fantástico que lhe permite depois circular pelo país", explicou o responsável, acrescentando que em cada novo local haverá um processo de pesquisa e consequente adaptação à realidade.

Segundo José Rui Martins, a programação desenhada até ao final do ano "está equilibrada no que diz respeito aos espectáculos que vêm do exterior" e ao "envolvimento dos artistas das estruturas que estão mais próximas".

Além de sete peças de teatro, o Novo Ciclo ACERT acolherá também espectáculos de dança, de que é exemplo, já no próximo sábado, Presente 2023/24, criado por Joana Providência e Daniela Cruz, para a Presente Companhia de Dança Jovem, de Viseu, em co-produção com o Novo Ciclo ACERT. A peça inspira-se no universo do escritor uruguaio Eduardo Galeano, a partir do documentário que lhe foi dedicado por Graça Castanheira no âmbito do projecto O Tempo e o Modo.

Em Outubro haverá ainda a possibilidade de se ver um espectáculo de dança flamenca, e de aprender acerca deste estilo, numa oficina com a bailarina e coreógrafa Irene Avidel. BosQueijo é o nome do espectáculo da companhia espanhola Semilla, que promete uma viagem pelas estações do ano. "Vimos a companhia a actuar no ano passado em Sevilha e ficámos encantados com o espectáculo; a programação da ACERT também é feita disto, de descobertas que vamos fazendo", contou José Rui Martins​.

A música ocupará vários dias da programação da ACERT, com nove concertos, entre os quais o de Carlos Peninha Quinteto + Quarteto de Cordas (a 28 de Setembro) e o de Tiago Bettencourt (a 26 de Outubro). Durante a semana anterior ao concerto, que se chama No Fio da Navalha, Bettencourt "vai estar a receber propostas do público de temas dele ou de qualquer outro artista para interpretar, e o concerto será, portanto, único", realçou Daniel Nunes.

FINTA faz 30 anos

A programação integra ainda a 30.ª edição do FINTA - Festival Internacional de Teatro ACERT, que este ano se realizará durante dois fins-de-semana de Novembro.

Para assinalar os seus 30 anos, o festival, que se realizará em dois momentos nos dias 14 a 16, e depois de 21 a 23 de Novembro , terá uma programação alargada, que deverá ser anunciada em breve. Mas José Rui Martins foi já anunciando a presença de nomes como Zé Mágico, as companhias Squadra Sua, Leandre Clown e Periferia Teatro, ou a dupla Inês Barahona e Miguel Fragata, com a sua companhia Formiga Atómica.

A abertura ficará a cargo de Zé Mágico, com o seu novo trabalho Hora Vazia, que "não se confina à magia, mas é uma fusão com outras disciplinas artísticas", disse José Rui Martins.

A companhia checa Squadra Sua apresentará Across, um espectáculo humorístico que mistura dança, teatro físico e manipulação de objectos, e as companhias espanholas Leandre Clown e Periferia Teatro trarão, respectivamente, N’importe quoi e Nube, Nube.

Inês Barahona e Miguel Fragata voltarão a Tondela com Terminal (O Estado do Mundo), que esteve em residência na ACERT em 2023 e 2024, e Sara Barros Leitão apresentará Guião para Um País Possível.

Segundo José Rui Martins, a abertura de cada um dos dias do FINTA será feita "por criadores teatrais da região, que apresentarão pequenos aperitivos teatrais".

Propostas de café-teatro, oficinas, uma exposição e a edição de dois novos Cadernos de Teatro farão também parte do FINTA, que culmina, em ambiente de festa, a programação anual de teatro do Novo Ciclo ACERT.