Bernard Cazeneuve é hipótese para liderar novo Governo francês

O ex-primeiro-ministro de Hollande está a ser apontado como favorito para chefiar o Governo, segundo a imprensa francesa, numa altura em que prosseguem as consultas e negociações lideradas por Macron.

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O ex-primeiro-ministro de Hollande está a ser cogitado por Macron para a chefia do Governo Pool / REUTERS
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A hipótese de o ex-primeiro-ministro francês Bernard Cazeneuve assumir a liderança do novo executivo francês começa a ganhar força. Emmanuel Macron recebeu nesta segunda-feira Cazeneuve no Palácio do Eliseu durante uma nova ronda de negociações e consultas com vista à formação do novo Governo de França.

Cazeneuve é um nome já há muito falado para assumir a liderança do Governo depois da demissão de Gabriel Attal. Segundo o jornal Le Monde, o ex-primeiro-ministro francês é uma hipótese testada por Macron para tentar obter um acordo entre a esquerda que exclua a França Insubmissa.

Bernard Cazeneuve é uma figura conhecida da política francesa, tendo sido deputado pelo Partido Socialista (PS) entre 1997 e 2002 e entre 2007 e 2012. Durante a presidência de François Hollande, Cazeneuve ocupou uma série de cargos ministeriais até chegar a primeiro-ministro, o último da presidência de Hollande antes de ser sucedido por Emmanuel Macron, que o substituiu por Edouard Philippe.

Depois de sair da esfera do governo, Cazeneuve afastou-se da política activa até anunciar a sua saída do Partido Socialista por discordar da aliança eleitoral socialista com a França Insubmissa, a Nova União Popular Ecológica e Social (NUPES), antecessora da actual Nova Frente Popular.

Por este motivo, Cazeneuve é uma hipótese que divide os socialistas, com quem Macron quer negociar um novo governo.

Anne Hidalgo, presidente da Câmara de Paris, considerou a hipótese Cazeneuve “credível e séria”. “Sou uma grande amiga de Bernard Cazeneuve. Com ele, teríamos uma verdadeira coabitação, e é isso que é preciso, a não ser que queiram ficar à margem do voto dos franceses”, acrescentou, numa entrevista ao jornal Ouest-France.

Já Olivier Faure, secretário-geral do PS, tem-se manifestado contra a hipótese Cazeneuve, mantendo-se fiel aos aliados da Nova Frente Popular, que apontam a nomeação de Lucie Castets, alta-funcionária pública da Câmara Municipal de Paris, para primeira-ministra, com o apoio da Frente, apesar de Macron já ter dito que não daria posse a um governo da união das esquerdas.

“Os franceses pediram uma mudança, uma ruptura com as políticas conduzidas por Emmanuel Macron. Apresentaremos uma moção de censura a qualquer forma de continuidade”, afirmou Faure à televisão francesa BFMTV, acrescentando que não sabia “em nome de quem é que Bernard Cazeneuve vai falar com o Presidente”.

À esquerda, o ambiente de hostilidade face a Macron continua. Sobre a possibilidade de Cazeneuve, a deputada e líder parlamentar da França Insubmissa, Mathilde Panot, afirma que o ex-primeiro-ministro “continuará uma política macronista” e “opõe-se ao programa da Nova Frente Popular”.

“Votaremos uma moção de censura contra qualquer outro governo que não seja liderado por Lucie Castets”, sublinhou a deputada.

Hollande e Sarkozy também foram recebidos

Para além de Cazeneuve, os ex-presidentes François Hollande e Nicolas Sarkozy foram recebidos nesta segunda-feira por Emmanuel Macron no âmbito das consultas para a formação do governo.

Sarkozy tinha apelado no sábado para que o campo da direita apresentasse um candidato próprio. “Espero, portanto, que a minha família política se esforce por nomear um primeiro-ministro de direita, em vez de ceder à tentação de nomear alguém de esquerda”, afirmou o ex-Presidente numa entrevista ao jornal Le Figaro.

Xavier Bertrand, membro d'Os Republicanos e presidente da região francesa Hauts-de-France, foi outro dos políticos recebidos por Macron no Eliseu e é um dos nomes cogitados pela direita para assumir a chefia do Governo, contando com o apoio do antigo ministro do Interior de Gabriel Attal, Gerald Darmanin, que considerou, numa entrevista ao Le Figaro, que Bertrand "tinha grandes qualidades" e "não seria anormal" que assumisse o poder.

A France Television sugere ainda outra possibilidade: o presidente do Conselho Económico, Social e Ambiental (CESE, na sigla francesa) Thierry Beaudet foi apontado como um nome a ser testado por Macron, de acordo com uma fonte contactada pela estação de televisão, que o considerou uma possibilidade "muito séria".

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