Encontrado militar desaparecido. Impacto violento causou destruição do helicóptero

Parte dos destroços do helicóptero que caiu no Douro já foi retirada do rio. O testemunho do piloto da aeronave será recolhido neste sábado.

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A retirada do helicóptero começou pelas 10h50 PAULA LIMA / LUSA
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Os destroços da aeronave serão levados para o hangar do aeródromo de Viseu PAULA LIMA / LUSA

Foi encontrada a quinta e última vítima mortal da queda do helicóptero no rio Douro, que ocorreu na sexta-feira, 30 de Agosto. As buscas tinham sido retomadas na manhã deste sábado, 31. O copo foi encontrado pelas 16h10 no decurso das buscas subaquáticas feitas na zona do acidente. O testemunho do piloto será recolhido ainda neste sábado.

Numa conferência de imprensa que deu por volta das 13h, o comandante regional da Polícia Marítima do Norte, Rui da Silva Lampreia, admitia a hipótese de o militar que continuava desaparecido estar na cauda da aeronave. Explicou então que aquela parte permanecia imersa no rio e que em breve seria validada essa hipótese.

A esperança de o encontrar com vida era nula. "Face àquilo que já encontrámos e às imagens que temos registadas, tudo indica que [o impacto] foi de forte violência e causou a destruição total da aeronave", afirmou Rui Silva Lampreia,

Dada a violência do impacto, é pouco provável que o acidente tenha acontecido na sequência de uma tentativa de amaragem, disse o comandante. O testemunho do piloto da aeronave será recolhido neste sábado e servirá para "tentar perceber" o que terá ocorrido antes da queda.

Segundo explicou aquele responsável, o helicóptero tem um sistema semelhante à centralina, "onde faz algum registo de dados". O Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários tem uma equipa no terreno a investigar o acidente.

O dia foi longo. As operações de mergulho iniciaram-se às 7h00. A ideia era manter as buscas subaquáticas e proceder à remoção do helicóptero, explicara o comandante regional da Polícia Marítima do Norte, num briefing logo às 8h30.

Para criar melhores condições de trabalho, durante a noite fora reduzido o caudal do Douro em articulação com as barragens. As autoridades estavam a trabalhar em articulação com a EDP. Esta empresa garantira que o caudal continuava relativamente baixo para assegurar condições favoráveis para as buscas.

Quanto à navegabilidade no Douro, Rui Silva Lampreia referia que a circulação não iria "ser totalmente interditada" e iria "evoluindo conforme as operações". "A nossa intenção é fechar uma das vias e apenas uma embarcação circular de cada vez para minimizar o número de embarcações a circular”, afirmou naquela altura. “Se garantirmos as condições de segurança para que elas circulem, vamos manter dessa forma; caso haja uma violação da segurança, serão suspensas totalmente."

No local encontravam-se 200 operacionais, auxiliados por 15 embarcações e 40 viaturas. Nas operações de busca, coordenadas pelo capitão do porto e comandante local da Polícia Marítima do Douro, estavam empenhados elementos do grupo de mergulho forense (GMF) da Polícia Marítima, do comando local da Polícia Marítima do Douro, dos Bombeiros Voluntários de Resende, Lamego, Peso da Régua, Castelo de Paiva, Cruz Branca de Vila Real, Mesão Frio e Armamar.

A participar nas buscas estavam ainda uma equipa de mergulhadores da Marinha Portuguesa e uma equipa do Instituto Hidrográfico com um sonar lateral, que ajuda a localizar os destroços da aeronave. Apoiados por drones, estavam também elementos do Centro de Tropas de Operações Especiais do Exército, uma equipa da Força Especial de Protecção Civil (FEPC) e elementos da GNR, que também apoiam com equipas de mergulho.

A retirada do helicóptero começou pelas 10h50, por intermédio de uma grua de uma embarcação pertencente a uma empresa colaborante. Os destroços seriam levados para o hangar do aeródromo de Viseu, onde está o serviço nacional de investigação de acidentes com aeronaves.

A embarcação com os destroços da aeronave saiu do local por volta das 11h15. Logo a seguir, os mergulhadores voltaram a entrar na água, prosseguindo as buscas pelo militar em falta. Até que, já depois das 16h, o encontraram.

O helicóptero de combate a incêndios florestais caiu no rio Douro pelas 12h50 desta sexta-feira, 30, próximo de Samodães, Lamego. Transportava um piloto e uma equipa de cinco militares da Unidade de Emergência de Protecção e Socorro (UEPC) que regressavam de um fogo no concelho de Baião.

Só o piloto da aeronave foi resgatado com vida, apenas com ferimentos ligeiros. Os militares têm entre os 29 e os 45 anos, três são naturais de Lamego, um de Moimenta da Beira e outro de Castro Daire, no distrito de Viseu.

A porta-voz da GNR, tenente-coronel Mafalda Almeida, disse que a Guarda mantém o acompanhamento às famílias dos militares que perderam a vida neste acidente. Os gabinetes de psicologia da Polícia Marítima e do INEM encontram-se a prestar apoio aos familiares das vítimas.

“Curvamo-nos perante a sua grandeza, na certeza de que a melhor forma de honrar a sua memória é seguir em frente, com a mesma dedicação e bravura por eles demonstrada”, declarou o comandante-geral da GNR, tenente-general Rui Alberto Ribeiro Veloso. “Não faltaremos às famílias.”

O ministro da Defesa, Nuno Melo, também se pronunciou nesse sentido. Manifestou "profundo pesar pela família das vítimas e solidariedade com a GNR".

O helicóptero acidentado, do modelo AS350 – Écureuil, é operado pela empresa HTA Helicópteros, sediada em Loulé, Algarve.