As palavras voltam a andarilhar por Beja

Mais uma vez, é tempo de celebrar no Alentejo os contadores de histórias e o seu papel na preservação da memória da tradição oral. São as Palavras Andarilhas.

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Primeira noite de contos nas Palavras Andarilhas, no Jardim Público de Beja DR
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Nascido em 1999, o encontro Palavras Andarilhas transforma Beja na Cidade dos Contos. Começou por ter periodicidade anual, passando a bienal a partir de 2002 e realiza-se habitualmente no final de Agosto.

Esta 17.ª edição vai no segundo dia e terminará no domingo, dia 1 de Setembro. Quase toda a programação tem como cenário o Jardim Público (em rigor, Jardim Gago Coutinho e Sacadura Cabral), onde se acolhe contadores de histórias, escritores, livreiros e outros profissionais da palavra.

Sob o tema geral “A Natureza e os Contos”, diz a organização que tem como propósito “reforçar a nossa relação com a natureza, a partir de oportunidades de conhecer para respeitar e preservar a diversidade”.

Para o presidente da Câmara Municipal de Beja, Paulo Arsénio, o mote escolhido é “uma clara aposta na ligação do evento ao espaço público que o acolhe há várias edições, o Jardim Público de Beja”.

Nesse sentido, há uma novidade nesta edição, descreve, “são as narrativas relacionadas com a natureza, com duas visitas guiadas” pelo jardim. A primeira decorreu na manhã deste sábado, com Dinis Cortes, que deu “a conhecer a avifauna dos ecossistemas urbanos”, a segunda realiza-se na manhã de domingo (10h), com António Bagão Félix, Luís Mendonça de Carvalho e Ana Paula Figueira, que desvendarão “as histórias que as árvores contam”.

Brasil, Espanha e Portugal sobem ao palco

Paulo Arsénio considera como um dos pontos altos do programa as tradicionais noites de contos (21h30), no auditório do coreto do jardim. E destaca nomes nacionais e internacionais, alguns também se apresentarão na tarde de domingo: Ana Griott (Espanha), Ana Sofia Paiva (Portugal), Benita Prieto (Brasil), Cláudia Fonseca (Brasil), Fernando Guerreiro (Portugal), José Craveiro (Portugal), Pep Bruno (Espanha), Pep Duran (Espanha), Trovadoras Itinerantes (Brasil), Alice Neto de Sousa (Portugal).

O autarca lembra que, “para além de se ouvir contar, os contadores amadores também terão oportunidade de se inscrever para contar no Recanto dos Contos, onde se realiza “uma maratona de contos ao longo dos três dias do evento”.

Como é habitual, há oficinas ministradas pelos contadores e destinadas a professores, formadores, pais, entre outros: “Um total de 15 oficinas, que abordam, por exemplo, ferramentas de contar, ouvir para ler, ler para contar…”

Paulo Arsénio convida os cidadãos a “participar em tertúlias com escritores e contadores, partilhar uma actividade com os filhos, comprar um livro no Mercado dos Livreiros, um objecto mágico no Mercadinho Andarilho ou, simplesmente, desfrutar da paisagem, sentado num canteiro à sombra de uma árvore”.

O último dia do encontro (neste domingo) começa com “Os sentidos do jardim – percurso guiado” (10h), a que se segue “Contos viajeiros”, com a brasileira Cláudia Fonseca (canteiro junto ao jardim infantil, 11h), ao mesmo tempo que no auditório do coreto Alice Vieira conversa com Nélson Mateus sobre os seus 45 anos de vida literária.

Às 16h, Luís Miguel Ricardo modera a conferência sobre “Tradição oral, memória e modernidade”, com Ana Sofia Paiva, Joaninha Duarte e Pep Bruno. Às 17h, pais e filhos escutam Ângela Ribeiro, “Pé descalço – histórias da natureza”.

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O senhor Andarilho, aqui na Biblioteca José Saramago, foi criado pelo ilustrador André Letria DR

No coreto, a partir das 18h, o “Pôr-do-sol de contos” dá a escutar Pep Duran, Cláudia Fonseca e as Trovadoras Itinerantes, uma sessão com tradução em Língua Gestual Portuguesa por Tânia Costa e Tânia Lopes. No canteiro junto ao jardim infantil, das 18h às 20h, brinca-se. É a “Aldeia Brincar: jogos gigantes e brinquedos tradicionais”.

A fazer prolongar a Festa da Palavra Contada, há três exposições na Biblioteca Municipal de Beja: 150 Anos a Desafiar a Cidade, 1874-2024 (até 30 de Novembro), Retratos Contados de Alice Vieira, com curadoria de Nélson Mateus (até 7 de Setembro) e Jardim de Froebel: Abro Um Livro Antigo, autoria de Sofia Paulino (até 27 de Dezembro).

Já o Centro UNESCO de Beja acolhe a mostra A seguir, Veio a Chuva Bretã..., com ilustrações de Alain Corbel, algumas inéditas e outras de livros e artigos publicados em vários jornais nacionais e internacionais (até 28 de Setembro).

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