Lucro da Parpública sobe para 183 milhões à boleia dos resultados da Águas de Portugal
Holding que gere as participações do Estado em empresas reconhece perda de 8,7 milhões de euros com a Inapa. Águas de Portugal contribuiu com 80 milhões para o lucro.
O grupo Parpública, cuja administração foi afastada na semana passada pelo Governo depois do anúncio de insolvência da Inapa, obteve um resultado líquido consolidado de 183 milhões de euros em 2023, acima dos 155 milhões de euros de 2022 (mais 17,8%).
Segundo o relatório e contas da holding que gere as participações empresariais do Estado, os resultados de 2023 beneficiaram essencialmente “das operações de transferência de resultados transitados de 81,0 M€ da participada AdP SGPS [Águas de Portugal] e de reservas livres no valor de 10 M€ [milhões de euros] da participada INCM [Imprensa Nacional Casa da Moeda]”.
Pelo contrário, a Inapa teve um impacto negativo nas contas, tendo sido registada uma perda por imparidade no valor de 8,739 milhões de euros.
O caso Inapa, sobre o qual a cúpula da Parpública terá tardado em dar informação à tutela, e que resultou, no final de Julho, no anúncio de insolvência da distribuidora de papel e embalagens em que o Estado é o maior accionista, é apontado como o motivo para o afastamento de Realinho de Matos da presidência da holding, ao fim de nove meses no cargo.
Para substitui-lo, o ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, escolheu o director do mestrado de Finanças da Católica Lisbon School of Economics, Joaquim Cadete.
Neste relatório e contas, a Parpública explica que, perante o anúncio de insolvência da Inapa, há “a necessidade de reforçar a imparidade relativa à participação” que detém no capital social desta empresa (44,89%).
Em 2022, a Parpública reconheceu uma perda de 10,25 milhões de euros com a Inapa. Este ano, esse valor foi reforçado em 8,7 milhões de euros. Assim, à data de 31 de Dezembro de 2023, o investimento inicial nesta associada, na ordem dos 18,9 milhões de euros, passou a valor zero.
Excluindo a Inapa, o valor do activo da Parpública aumentou em 55,7 milhões de euros, para um total de 4533 milhões, uma evolução justificada “na sua grande parte, pelo acréscimo do valor da participação financeira na Galp”. Depois da família Amorim e da petrolífera angolana Sonangol, a Parpública é a maior accionista da Galp, com cerca de 8% do capital.
O relatório e contas revela que a participação da Parpública na Galp estava avaliada em quase 873 milhões de euros no final de 2023 e que a petrolífera pagou dividendos no valor de 32,8 milhões de euros no exercício.
No total, a Parpública recebeu dividendos de 148,5 milhões de euros em 2023, um valor superior em 146% ao obtido em 2022 (mais 60 milhões de euros). Esta diferença é explicada “pela distribuição de resultados transitados acumulados da ADP e de reservas livres da INCM, situação extraordinária”.
Além da Galp, outros dividendos são relativos à AdP (103 milhões), Companhia das Lezírias (517 mil euros), IHRU (253 mil euros), INCM (11 milhões de euros), Lisnave (148 mil euros) e outras participações (394 mil euros).