US Open: Van de Zandschulp venceu Alcaraz em todos os departamentos
Naomi Osaka, também da lista de campeões do US Open, foi igualmente eliminada
Há poucos meses, Botic van de Zandschulp ponderou a retirada do circuito profissional. O tenista holandês, que ocupou o 22.º lugar do ranking em 2022, não estava a obter os resultados desejados e, em Maio, caiu para fora do top 100. Depois de perder na ronda inicial de Roland-Garros tirou umas semanas para reflectir e, em Julho, não teve problemas em descer de “divisão” e foi no Challenger Tour que recuperou a confiança com a presenças em duas finais. Van de Zandschulp surgiu rejuvenescido no US Open, como 74.º mundial, com o sorteio a colocá-lo como adversário na segunda ronda de Carlos Alcaraz. E o neerlandês de 28 anos, que nunca tinha actuado numa sessão nocturna no imponente Arthur Ashe Stadium, acabou por sair do maior court do mundo com a primeira vitória sobre um top 10.
Van de Zandschulp surpreendeu ao surgir muito agressivo, ganhando 78% dos pontos disputados com o primeiro serviço e obter uma eficácia de 80% nos 35 pontos decididos na rede, para eliminar o número três do ranking, por 6-1, 7-5 e 6-4. “Ele é muito agressivo e tenta muitas vezes vir para a frente. Foi aí que tentei contrariá-lo, vindo muito para a rede para que ele não o fizesse. Claro que senti algum nervoso, mas para ganhar um destes tipos temos que estar incrivelmente calmos e manter a concentração, senão, eles aproveitam logo”, revelou o tenista treinado por Paul Haarhuis, antigo número um do mundo em pares – e 18.º em singulares.
Em sentido contrário, Alcaraz não chegou a Nova Iorque mentalmente na melhor forma. O espanhol teve um período de grande domínio, ao triunfar em Roland-Garros e Wimbledon, mas Novak Djokovic negou-lhe a medalha de ouro nos Jogos de Paris, o que o deixou em lágrimas. No regresso à competição, no Canadá, Alcaraz teve uma rara manifestação de frustração ao partir a raqueta durante a derrota diante de Gael Monfils, de 37 anos tal como Djokovic. Não competiu mais até ao US Open, onde se estreou com uma vitória, mas diante de van de Zandschulp, não encontrou soluções para contrariar um adversário que tinha derrotados nos dois duelos anteriores.
“Primeiro que tudo, ele jogou de forma incrível e não cometeu muitos erros, como eu pensava que faria, por isso fiquei um pouco confuso. Não soube lidar com isso e não consegui elevar o meu nível. Estive a defrontar o adversário e comigo mesmo durante o encontro. Houve muitas emoções que consegui controlar”
“Parei um pouco a seguir aos Jogos Olímpicos e pensei que era suficiente; provavelmente não foi. Talvez tenha chegado aqui sem tanta energia como queria, mas não quero usar isso como desculpa”, disse o detentor de quatro títulos do Grand Slam, incluindo o US Open de 2022.
A eliminação de Alcaraz significa que vai haver um tenista a estrear-se em meias-finais de um Grand Slam e que o o favoritismo de Daniil Medvedev, campeão em 2021 e finalista em 2019 e 2023, é reforçado. O russo não fez a melhor das exibições, mas foi superior ao húngaro Fabian Marozsan (51.º), impondo-se por 6-3, 6-2 e 7-6 (7/5). “Senti-me como se estivesse num restaurante italiano; a comida é ótima o sabor é ótimo, mas a tua cabeça está cheia. Estava tão húmido que durante todo o encontro só pensava ‘tenta concentrar-te, tenta concentrar-te’. Foi uma sensação divertida”, disse o russo, um dos três jogadores no activo com maior percentagem de vitórias em majors disputados em hardcourts: 80,5% – melhor só Novak Djokovic (89.3%) e Alcaraz (82.8%).
Entretanto ficou conhecido o adversário de sábado de Nuno Borges. Será Jakub Mensik (65.º) que se tornou no primeiro teenager a ganhar um encontro no US Open depois de perder os dois sets iniciais desde Michael Chang, em 1988. O checo que completará 19 anos no domingo recuperou de um break de desvantagem nos quarto e quinto sets e salvou dois match-points na quarta partida para derrotar o australiano Tristan Schoolkate (193.º), por 6-7 (4/7), 2-6, 6-2, 7-6 (7/5) e 7-6 (10/3), ao fim de quatro horas e 14 minutos. Mensik repete a presença na terceira ronda do US Open de 2023, quando iniciou a impressionante subida no ranking; há um ano estava no 206.º posto.
Na prova feminina, a checa Karolina Muchova (52.ª) voltou a confirmar que é uma das mais talentosas tenistas da actualidade e derrotou a campeã de 208 e 200, Naomi Osaka (88.ª), por 6-3, 7-6 (7/5). Muchova procura repetir a presença nas meias-finais de 2023, depois de recuperar de uma cirurgia ao pulso direito e iniciar a época só em Junho.