Exército de Israel anuncia morte de cinco palestinianos em mesquita na Cisjordânia

António Guterres acusou Israel de estar a alimentar “uma situação já explosiva” no território palestiniano ocupado.

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Edifício atingido pelo Exército israelita em Tulkarm na quarta-feira, numa operação em que também foram usados drones Raneen Sawafta / REUTERS
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O Exército israelita anunciou ter matado cinco palestinianos numa mesquita em Tulkarm, na Cisjordânia ocupada, depois de “uma troca de tiros durante operações de contraterrorismo”. Na véspera, tinham morrido, pelo menos, dez palestinianos em raides de madrugada e ataques aéreos em várias cidades, incluindo Jenin e Tulkarm, que o Exército disse terem tido o objectivo de “conter ataques contra israelitas com armas fornecidas pelo Irão”.

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, acusou na quarta-feira Israel de estar a alimentar “uma situação já explosiva” na Cisjordânia e manifestou-se "profundamente preocupado" com as operações militares em grande escala no território.

“Estes desenvolvimentos perigosos estão a alimentar uma situação já explosiva na Cisjordânia ocupada e a enfraquecer ainda mais a Autoridade Palestiniana”, afirmou António Guterres, num comunicado divulgado na quarta-feira.

A emissora britânica BBC diz que as operações de quarta-feira terão marcado a primeira vez desde a segunda Intifada (2000 a 2005) em que várias cidades palestinianas são alvo de ataques simultâneos.

Quanto às mortes desta quinta-feira, o Exército de Israel afirmou que um dos mortos esteve envolvido num ataque a tiro contra um civil israelita em Junho, e disse que eram “terroristas”, sem especificar se estavam ligados a algum grupo.

O principal porta-voz da Autoridade Palestiniana, Nabil Abu Rudeineh, afirmou antes que a escalada das operações militares israelitas na Cisjordânia, ao mesmo tempo que decorre a guerra em Gaza, “levará a resultados terríveis e perigosos”.

Guterres apontou o perigo de com estas operações a Autoridade Palestiniana sair ainda mais diminuída. Muitos palestinianos na Cisjordânia vêem a organização como corrupta e dedicando-se a fazer o trabalho de segurança de Israel. O Hamas, que sempre foi mais popular em Gaza, ganhou popularidade depois do acordo em Novembro que levou à libertação de alguns palestinianos de prisões israelitas.

As operações do Exército israelita e ainda ataques de colonos israelitas na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental já provocaram a morte de cerca de 660 palestinianos, incluindo, pelo menos, 147 menores, de acordo com fontes palestinianas.

Do lado israelita, até agora, 22 pessoas morreram este ano (11 militares e 11 civis, pelo menos seis deles colonos), a maioria em ataques levados a cabo por palestinianos, com armas de fogo ou facas.

Também na quarta-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros Israel Katz propôs a retirada temporária de população da Cisjordânia para “destruir infra-estruturas terroristas”.

“Devemos enfrentar a ameaça da mesma forma que abordamos a infra-estrutura terrorista em Gaza, incluindo a retirada temporária dos residentes palestinianos e quaisquer outras medidas necessárias”, afirmou o ministro israelita na rede social X (antigo Twitter).