Marcelo devolve ao Parlamento diploma sobre apoio a alojamento dos alunos do superior

Presidente da República lembra que já há um diploma aprovado pelo Governo e em vigor que é “contraditório” com o decreto aprovado pela Assembleia da República.

Foto
A carência de alojamento a preços acessíveis para os estudantes do ensino superior é apontada como um dos principais desafios para as famílias, impedindo muitos alunos de prosseguir os estudos Paulo Pimenta
Ouça este artigo
00:00
02:25

Marcelo Rebelo de Sousa "devolveu, sem promulgação, à Assembleia da República, o decreto que aprova o regime jurídico do complemento de alojamento dos estudantes do ensino superior deslocados", anunciou esta quarta-feira na página oficial da Presidência da República. O Presidente da República alegou que este decreto é contraditório com outro regime já existente e pode provocar "custos sociais indesejáveis" para muitos alunos.

Em causa está o decreton.º 11/XVI da Assembleia da República, que o Presidente da República reconhece ser de "inquestionável pertinência e justiça social e política", mas que colide com um outro regime.

Numa carta enviada ao presidente da Assembleia da República, Marcelo Rebelo de Sousa sublinha que o assunto merece "clareza no seu regime jurídico" e que o diploma, que chegou para promulgação “em Agosto”, só iria entrar em vigor a 1 de Janeiro de 2025. No entanto, o Governo já tinha aprovado um regime jurídico sobre a mesma matéria, "já em vigor, para ser aplicado a partir do iminente início do ano lectivo de 2024-2025".

Os dois regimes – o aprovado pelo Governo e vigente e o aprovado pela Assembleia da República – "são contraditórios", motivo pelo qual Marcelo Rebelo de Sousa vetou o decreto da Assembleia da República. "Devolvo, sem promulgação, (...) o Decreto da Assembleia da República n.º 11/XVI - Regime Jurídico do Complemento de Alojamento dos Estudantes do Ensino Superior Deslocados, solicitando a ponderação da conveniência de existirem, no próximo ano lectivo, dois sucessivos regimes diversos ou, no mínimo, de evitar a potencial insegurança jurídica, pelo menos entre Setembro de 2024 e Janeiro de 2025, com custos sociais indesejáveis para elevado número de estudantes do ensino superior", refere o Presidente na carta enviada à AR.

A carência de alojamento a preços acessíveis para os estudantes do ensino superior é apontada como um dos principais desafios para as famílias, impedindo muitos alunos de prosseguir os estudos. Na 1.ª fase do concurso de acesso ao ensino superior ficaram colocados quase 50 mil alunos em universidades e institutos politécnicos, estando neste momento a decorrer o processo de inscrição nas instituições de ensino superior.

O Governo lançou um plano nacional de alojamento para aumentar a oferta a preços acessíveis, mas as camas disponíveis são em número muito inferior à procura, tendo-se registado novamente este ano um aumento do preço médio dos quartos. Nos últimos anos, foi também aumentando gradualmente o valor atribuído aos estudantes que estudam longe de casa e têm dificuldade em pagar alojamento.