“Por favor, tente mais tarde”

É possível ter serviços públicos online bem dimensionados para a resposta que têm de dar aos cidadãos no momento em que eles a procuram massivamente, mas isso não acontece por acaso.

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Na sequência do sismo do início da semana, mas não seguramente por causa dele, estivemos longos minutos sem informação das autoridades portuguesas sobre o que tinha acontecido.

Com a página do Instituto Português do Mar e da Atmosfera condicionada logo após a ocorrência, valeu-nos o Centro Sismológico Euro-Mediterrânico, o serviço geológico dos Estados Unidos e o sistema de alertas Android para terramotos integrado no Google.

O pequeno "apagão" da madrugada de 26 de Agosto é só um exemplo entre vários. Em Abril, quando os encarregados de educação de alunos candidatos ao pré-escolar e ao primeiro ano de escolaridade tentaram inscrever os seus educandos no Portal das Matrículas, o serviço não estava disponível. O ministério justificou os problemas com o “elevado número de acessos em simultâneo ao portal” no primeiro dia de matrículas.

Em Junho, repetiu-se o drama nas inscrições do 6.º ao 9.º e do 11.º ano, de tal modo que o Governo decidiu prolongar os prazos de renovação até 5 de Julho. Mais tarde, a 15 de Julho, quando chegou a vez dos alunos do 10.º ano e do 12.º, mais alguns constrangimentos foram registados, mas em muito menor escala.

Um ano sem exemplo? Não, um pico de acessos quatro anos antes provocou falhas e atrasos idênticos no mesmo portal.

Uma área sem exemplo? Não. A página AforroNet, que permite subscrever e consultar Certificados de Aforro, está neste momento em manutenção e sem data para voltar a funcionar. A Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) suspendeu o serviço para melhorar as condições de segurança.

Outro caso recorrente: o aviso em que se esbarra perto do limite do prazo para ir ao e-Fatura validar as despesas que dão direito a incentivos fiscais no IRS. “Por motivos de ordem técnica não nos é possível responder ao seu pedido. Por favor, tente mais tarde.”

As excepções são o momento de entregar o Modelo 3 do IRS, que, apesar da crescente informatização, tem corrido cada vez melhor nos últimos anos, e a apresentação dos resultados nas noites de eleições.

Estes dois casos mostram que é possível ter serviços públicos online bem dimensionados para a resposta que têm de dar aos cidadãos no momento em que eles a procuram massivamente, mas isso não acontece por acaso. Implica estabelecer prioridades e investir em tecnologia e em equipas.

Sismos, matrículas, facturas e afins merecem a mesma atenção. As falhas são mau serviço público. É Simplex.

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