Hollande diz que Macron está a cometer um erro ao não aceitar Castets como primeira-ministra
Ex-Presidente criticou o seu sucessor por recusar o nome da candidada a primeira-ministra apresentada pela Nova Frente Popular.
O antigo Presidente francês François Hollande classificou a decisão do Presidente Emmanuel Macron de rejeitar a formação de um governo liderado pela candidata da Nova Frente Popular (NFP) Lucie Castets como um “erro institucional e político”, porque não deveria ser o Presidente, mas a Assembleia Nacional a tomar essa decisão.
"Não cabia ao Presidente da República 'censurar' a própria Lucie Castets”, declarou Hollande, que manteve o seu lugar de deputado nestas eleições, numa entrevista concedida na quarta-feira ao diário Ouest-France.
Hollande sublinhou que a responsabilidade de aprovar ou não Castets cabe à sede do poder popular, depois de os deputados terem podido ouvir as declarações da candidata e ver a composição do seu governo.
Nesse sentido, reconhece a possibilidade de a candidatura do NFP ser chumbada pelos deputados, mas que poderia haver possibilidade de Castets aceitar algum “compromisso” com outras bancadas parlamentares e “a emergência de uma solução alternativa teria adquirido uma legitimidade mais forte”.
Hollande também criticou Jean-Luc Mélenchon, líder da França Insubmissa (LFI), a principal força política da esquerda, a quem descreveu como um “fardo” para a NFP e que, se esta quiser governar de forma unida, deve deixar a liderança aos socialistas.
Apesar de todas as suas “reservas” em relação ao LFI, Hollande sublinhou que esta era a única “aposta possível” da NFP, já que a alternativa é uma aliança com o centro, que “não existe e, quando existe, é à direita, como vimos há mais de sete anos com Macron”.
Na segunda-feira, Macron excluiu a hipótese de um governo da NFP, que obteve o maior número de deputados nas últimas eleições legislativas, e retomou as consultas com os partidos, “no interesse da França”.
A decisão do Presidente deixou Lucie Castets irritada e, em entrevistas posteriores, acusou o Presidente francês de não respeitar a democracia: “A democracia não significa nada aos olhos do Presidente e acho isso extremamente perigoso”.