Partidos de esquerda “extremamente satisfeitos” após reunião com Emmanuel Macron
A Nova Frente Popular já foi ouvida pelo Presidente francês, seguindo-se os centristas da coligação macronista Juntos e os Republicanos, ao centro-direita, para além de outras forças políticas.
O Presidente francês, Emmanuel Macron, iniciou esta sexta-feira as conversações com os partidos em França, começando com os partidos da Nova Frente Popular, reunindo os partidos da esquerda francesa.
À saída da reunião, a candidata designada pela Nova Frente Popular, Lucie Castets, disse à imprensa presente no Palácio do Eliseu que os deputados estavam “extremamente satisfeitos” com a discussão com o Presidente.
“Tivemos uma discussão muito rica. Congratulamo-nos com o facto de ele ter reconhecido que o povo francês tinha enviado uma mensagem nas últimas eleições e que essa mensagem era o desejo de uma mudança de direcção política. O Presidente é claro a este respeito”, contou a candidata, que disse ainda que, apesar disso, Macron “parece ter a tentação de compor o seu governo”.
Nas declarações à imprensa feitas antes da entrada no Palácio do Eliseu, Lucie Castets avisou que, caso não lhe desse posse, “estaria a dar o sinal de que não ouviu as exigências do povo francês para uma mudança de direcção e de método”.
Depois de Castets, um por um, cada líder dos principais partidos da Nova Frente Popular falaram à imprensa.
O líder do Partido Socialista francês (PS), Olivier Faure, também se mostrou optimista, tendo contado que Macron “reconheceu que todas as forças representadas na Frente Republicana tinham legitimidade para governar e encarnar essa mudança” e que a decisão não tinha ainda data marcada, mas que seria “rápida”.
Já Manuel Bompard, coordenador do partido França Insubmissa, manteve o tom de aviso ao Presidente, mas admitiu que viu uma evolução na abertura de Macron. Antes da entrada para a reunião, o ambiente entre a esquerda e Macron, especialmente no que toca aos membros do França Insubmissa, estava crispado. Manuel Bompard afirmou à FranceInfo que Macron estava a ter um “comportamento de autocrata”.
“O Presidente da República parece estar a começar a perceber que perdeu estas eleições legislativas, mas parece que ainda não está a tirar todas as consequências”, reforçou Bompard no final do encontro. O deputado da França Insubmissa mostrou também as mesmas preocupações ante a tendência de Macron para tentar ser o protagonista da selecção do governo.
“Lembrou-nos que tinha de ser o árbitro e ficámos com a impressão de que tinha tendência para querer ser o treinador”, contou o coordenador do grupo parlamentar da França Insubmissa.
O secretário-geral do Partido Comunista Francês, Fabien Roussel, diz que os representantes da Nova Frente Popular insistiram que tinha de haver uma mudança e que a queriam “encarnar”.
Já a líder dos Ecologistas, Marine Tondelier, demonstrou “apoio total” à candidata Lucie Castets e que o facto de Macron ter proposto terem vindo todos juntos com Castets era “um primeiro sinal muito favorável”.
Partidos aliados a Macron e direita republicana também foram ouvidos
Esta sexta-feira, os partidos da coligação macronista às eleições conhecida por Juntos foram ainda ouvidos na residência do Eliseu por Emmanuel Macron. Depois destes partidos, também os membros d’Os Republicanos anti-Le Pen, liderados por Laurent Wauquiez, também se reuniram com o Presidente.
À saída da reunião, os membros d'Os Republicanos lançaram fortes críticas à presença da França Insubmissa num possível governo e ao próprio programa da Nova Frente Popular.
"Se um governo incluísse membros da França Insubmissa, votaríamos imediatamente uma moção de censura", afirmou Laurent Wauquiez. Já Bruno Retailleau, líder do partido no Senado, afirma que "o programa da Nova Frente Popular é um programa arcaico em termos económicos, que conduziria a França directamente ao declínio e os franceses ao empobrecimento" e que o partido não quer que Emmanuel Macron nomeie ministros da França Insubmissa.
Na segunda-feira, Macron irá reunir-se com a União Nacional, de Marine Le Pen e Jordan Bardella, juntamente com os membros d’Os Republicanos pró-Le Pen, liderados por Eric Ciotti, o presidente disputado do partido.
Gabriel Attal, líder parlamentar e primeiro-ministro demissionário, defendeu, numa nota interna a que a France Televisions teve acesso, um líder de governo que "não venha dos partidos do bloco central" e um "um governo que representa um amplo espectro de opiniões, da esquerda à direita republicana".
A decisão de Macron deve ser tomada, segundo um membro da Nova Frente Popular que falou à FranceInfo, até à abertura dos Jogos Paralímpicos de Paris, que começam esta quarta-feira à tarde.