Nick Cave: depois do luto, a alegria possível

No novo disco Wild God, que sai esta sexta-feira, o australiano segue em frente com o que resta de si depois do trauma pessoal. Um álbum sobre fé, dor e o caminho para a felicidade.

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A sombra da morte é em Wild God uma presença inescapável, mas também há neste disco momentos que se encontram carregados de vida Megan Cullen
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“Quando este álbum ‘bate’ [ou seja, quando atinge com precisão o alvo do nosso tecido emocional], ele ‘bate’ mesmo. Levanta-te. Eu adoro isso.” Isto é Nick Cave a falar sobre Wild God, disco que sai esta sexta-feira e que é já o 18.º que o australiano de 66 anos (67 dentro de algumas semanas) faz com os seus Bad Seeds. E, caramba, o homem tem razão. Um pico emocional muito evidente é o tema Joy: ladeado por sintetizadores minimalistas que criam uma atmosfera plácida ou celestial, assim como por um piano e uma trompa que contêm algo de dolorido, Cave, imensamente vulnerável, canta sobre um agitado despertar, motivado por um sonho emocionalmente colossal: a aparição de um fantasma com “sapatilhas gigantes”, um rapaz que irradia uma luz brilhante e que tem estrelas à volta da sua cabeça, estrelas que se riem. “We’ve all had too much sorrow, now is the time for joy”, disse o rapaz e canta Cave, ele que nos últimos anos teve (ou tem tido, pois é um processo que nunca realmente acaba) de digerir a morte de dois filhos, Arthur e Jethro.

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