Vitalino Canas: anúncio de candidato a comissário em “show” do PSD é “desajustado”

Para o antigo deputado socialista, a apresentação do candidato a comissário europeu na Universidade de Verão do PSD seria uma “confusão de planos”, já que o cargo é “suprapartidário e supranacional”.

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Para Vitalino Canas, antigo deputado socialista, a indicação do candidato a comissário europeu deveria seguir “o formalismo próprio” Nuno Ferreira Santos
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O ex-deputado socialista Vitalino Canas acusa o PSD de partidarizar a escolha do próximo comissário europeu, caso se venha a confirmar o anúncio e a intervenção do nome escolhido por Luís Montenegro num jantar-conferência da Universidade de Verão do PSD — o segundo evento da rentrée do partido, depois da Festa do Pontal.

Para o antigo Secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros - cargo que ocupou nos governos de António Guterres - os sociais-democratas estão a preparar "uma espécie de show" para apresentar o nome indicado a um cargo que é "suprapartidário e supranacional". Características que tornam "desajustado" que o anúncio seja feito num evento partidário.

Em Julho, os 27 estados-membros receberam uma carta de Ursula von der Leyen a solicitar que indicassem dois nomes, de um homem e uma mulher, de forma a alcançar a paridade de género, a candidatos a comissário europeu, até à data limite de 30 de Agosto.

Precisamente para o dia seguinte está marcado um jantar-conferência com um convidado/a surpresa na Universidade de Verão do PSD - que começou esta segunda-feira, em Castelo de Vide. Na passada semana, o Observador deu conta de que o orador será o futuro comissário português em Bruxelas, informação que o Governo não contrariou. Questionado sobre a escolha do nome para comissário europeu, face à notícia da presença na Universidade de Verão do PSD, António Leitão Amaro, ministro da Presidência, limitou-se a dizer que o tema não foi objecto “nem de discussão, nem de deliberação” no Conselho de Ministros de 22 de Agosto.

Para Vitalino Canas, o anúncio do futuro comissário na Universidade de Verão, a confirmar-se, não contribui para dignificar a função. Até porque a escolha do Governo ainda será “sujeita ao crivo do Parlamento Europeu”, ou seja, não pode ser encarada como um processo já terminado. Mais uma razão, sublinha, para que o nome não seja anunciado num evento partidário.

Para o antigo deputado, o PSD “está a preparar um evento, uma espécie de show” para apresentar o nome indicado a um cargo que “é suprapartidário e supranacional”. “Não sendo uma candidatura do PSD, não sendo um cargo nacional”, o anúncio num evento partidário é “desajustado” e constitui uma “confusão de planos”, defende. O futuro comissário europeu “não representa nenhum partido e não é um cargo a ser eleito pelos portugueses”, sustenta, acrescentando que o “comissário não representa o país”.

“Portugal é um dos poucos países que ainda não indicou a sua proposta para a Comissão Europeia”, refere ainda o antigo deputado, lembrando que, pelo menos, 22 países já apresentaram as suas escolhas.

A questão, aponta Vitalino canas, “pode parecer formal e simbólica mas em política as questões formais e simbólicas têm muita importância”. Para o antigo governante socialista, a indicação deveria seguir “o formalismo próprio”: a aprovação do nome a designar em Conselho de Ministros e, posteriormente, “um anúncio formal, pelo menos, do Ministério dos Negócios Estrangeiros ou até do primeiro-ministro”.

Por agora, ainda não é certo qual será o nome indicado pelo executivo da Aliança Democrática para comissário europeu. Contudo, Maria Luís Albuquerque, antiga ministra das Finanças do Governo de Pedro Passos Coelho, surge como uma forte candidata a rumar a Bruxelas.

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