Le Pen e Bardella opõem-se a um governo de esquerda depois de encontro com Macron

Os líderes da União Nacional recusaram liminarmente qualquer governo de esquerda e afirmaram que votariam a favor de uma moção de censura caso tomasse posse.

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Le Pen e Bardella visitaram esta manhã o Palácio do Eliseu, residência oficial do Presidente francês Emmanuel Macron Gonzalo Fuentes / REUTERS
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Continuaram esta segunda-feira os encontros dos partidos franceses com Emmanuel Macron para tentar encontrar um novo Governo. Marine Le Pen e Jordan Bardella, líderes do partido de extrema-direita União Nacional encontraram-se com o Presidente francês numa nova ronda de negociações depois das eleições legislativas que acabaram no passado dia 7 de Julho.

Marine Le Pen e Jordan Bardella entraram esta manhã na residência oficial do Presidente francês, o Palácio do Eliseu, sem falarem aos jornalistas presentes. À saída, porém, ambos deixaram a mesma convicção: a de não permitir qualquer governo da esquerda em França, mesmo que sem o partido mais radical da coligação, a França Insubmissa.

"A ideia de um governo da Nova Frente Popular, em que não haveria nenhum ministro "insubmisso" (termo utilizado para os militantes da França Insubmissa), não muda absolutamente nada, é a França Insubmissa e, portanto, é Jean-Luc Mélenchon que vai efectivamente liderar este governo”, afirma Marine Le Pen, actualmente líder parlamentar da União Nacional.

Jordan Bardella, líder do partido, sublinhou que, caso um governo da Nova Frente Popular seja empossado, a União Nacional votará a favor de uma possível moção de censura contra um governo de esquerda, pedindo que se convoque uma "sessão extraordinária da Assembleia Nacional" quando se dê a posse ao novo governo.

Marine Le Pen acusou ainda Macron de "preferir paralisar as instituições a permitir que se expressasse uma mudança no país" e pediu um referendo para resolver a questão de "bloqueio" no país.

À estação de televisão francesa RMC, a ideia passada pelos líderes partidários foi apoiada pelo deputado da União Nacional Julien Odoul, que frisou a rejeição total de um governo de esquerda.

"Vamos censurar qualquer governo que inclua membros da extrema-esquerda, sejam eles da França Insubmissa ou dos Ecologistas", disse o deputado.

A líder dos Ecologistas franceses, Marine Tondelier, disse na rede social X que "caíram as máscaras" da União Nacional face aos seus verdadeiros objectivos.

"Marine Le Pen planeia censurar imediatamente um governo que se preocupe com o poder de compra, o ambiente e os serviços públicos. Mas não um governo de direita que continue a política de Macron ao serviço dos ultra-ricos", escreveu a líder dos Ecologistas, partido membro da Nova Frente Popular.

A extrema-direita foi a mais recente das forças recebidas por Emmanuel Macron, que iniciou negociações com os vários partidos representados na Assembleia Nacional francesa na passada sexta-feira.

O Governo francês está em gestão desde a demissão do primeiro-ministro Gabriel Attal, membro do partido de Macron que saiu derrotado nas legislativas, caindo para segundo lugar, atrás do bloco da união das esquerdas da Nova Frente Popular.

A União Nacional tem ficado fora do jogo do governo. A derrota eleitoral na segunda volta fez com que a vitória na primeira ronda de votações se esfumasse, causando a queda do partido caísse para terceiro lugar nos resultados. Apesar disso, o partido cresceu no número de lugares na Assembleia Nacional, passando de 88 deputados em 2022, para 126 deputados nas eleições deste ano.

Para além de Marine Le Pen e Jordan Bardella, também se reuniu o grupo À Direita, formado pelos membros dissidentes do partido de centro-direita Os Republicanos que apoiavam uma aliança eleitoral com a União Nacional.

À saída, Eric Ciotti, líder da facção, defendeu também a rejeição de um governo de esquerda, propondo a criação de uma aliança à direita para contrariar a esquerda.

"Disse ao Presidente da República que me opunha totalmente a que houvesse um Primeiro-Ministro da Nova Frente Popular e, claro, da França Insubmissa", relatou Ciotti, à saída da reunião com Emmanuel Macron.

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