Suspeito de ataque que matou três pessoas na Alemanha entregou-se e confessou crime

Homem de 26 anos e de nacionalidade síria foi identificado pela polícia de Dusseldorf. Ministério Público suspeita que seja membro do Daesh, que reivindicou o ataque.

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Três pessoas foram mortas e oito ficaram feridas no ataque de sexta-feira CHRISTOPHER NEUNDORF / EPA
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O principal suspeito de um ataque com uma faca que fez três mortos em Solingen, no Oeste da Alemanha, entregou-se às autoridades e confessou o crime, anunciaram a polícia e o Ministério Público alemães no domingo. O homem de 26 anos, de nacionalidade síria, identificado pelas autoridades como Issa Al H., é suspeito de “participação em organização terrorista” e de ser membro do Daesh, que reivindicou o ataque.

O autor do ataque de sexta-feira à noite, no centro histórico de Solingen, perto de um dos palcos onde decorria um concerto do Festival da Diversidade, tinha conseguido fugir no meio do caos que se instalou, e estado mais de 24 horas em fuga.

Logo no sábado, o Daesh reivindicou a autoria do atentado. Uma fonte de segurança anónima disse à agência Amaq, próxima do grupo islamista, que “o autor do ataque de ontem [sexta-feira] contra uma concentração de cristãos na cidade de Solingen, na Alemanha, é um combatente do Estado Islâmico”. Segundo o comunicado, divulgado na plataforma digital Telegram, o suspeito levou a cabo o ataque “como vingança pelos muçulmanos na Palestina e noutros locais”, sem fornecer mais pormenores.

Contudo, os jihadistas não apresentaram provas que sustentem as alegações, podendo tratar-se apenas de um aproveitamento do caso. A veracidade da reivindicação será agora investigada por serviços secretos alemães e de outros países aliados, escreve o jornal The Guardian.

Fontes citadas pela revista Der Spiegel e o jornal Süddeutsche Zeitung dizem que o suspeito chegou à Alemanha em 2022, onde pediu asilo político. O pedido terá sido, no entanto, rejeitado, mas a deportação para a Bulgária – o país de entrada do suspeito na União Europeia – não aconteceu porque, no final do ano passado, as autoridades alemãs concederam-lhe protecção subsidiária.

O procurador responsável pela luta contra o terrorismo na região da Renânia do Norte-Vestefália, Markus Caspers, afirmou no sábado, numa conferência de imprensa, que, tal como a polícia indicou ao longo do dia, a hipótese de o ataque ter sido um acto terrorista teria de estar em cima da mesa. “Não há outro motivo aparente. As vítimas eram desconhecidas, sem parentesco. Por isso pensamos que é possível que tenha sido um acto terrorista”, declarou.

O director da operação policial apoiou esta hipótese ao confirmar, em resposta a perguntas da imprensa, que, segundo as imagens do ataque, as facadas foram dirigidas “com muita precisão” ao pescoço das vítimas, escolhidas de forma aleatória.

Os responsáveis policiais tornaram ainda públicas as idades das vítimas mortais, dois homens de 56 e 67 anos e uma mulher de 56, e a situação dos feridos, quatro dos quais se encontram em estado crítico, dois em estado grave e dois com ferimentos ligeiros.

A polícia informou ainda a detenção em Solingen de um suspeito de envolvimento no caso: trata-se de um adolescente de 15 anos que alegadamente teve conhecimento prévio do ataque que chocou a Alemanha e nada fez para o impedir. O jovem, que foi detido na casa da família, foi identificado com base no testemunho de duas pessoas que ouviram uma conversa suspeita antes dos acontecimentos durante o festival e que, após o ataque, contactaram a polícia.

Posteriormente, já durante a noite de sábado, houve uma segunda detenção relacionada com o ataque. “Seguimos uma denúncia e foi por isso que houve uma operação das forças especiais”, informou a polícia, que realizou buscas num centro de acolhimento de refugiados no centro de Solingen.

O chanceler alemão, Olaf Scholz, declarou-se chocado com o ataque e apelou para que o autor seja punido “em toda a extensão” da lei. “Na nossa sociedade não devemos tolerar algo assim e jamais aceitá-lo”, declarou.

Friedrich Merz, líder do maior partido da oposição (CDU, centro-direita), defendeu, porém, que a Alemanha deve deixar de aceitar refugiados da Síria e do Afeganistão, entre críticas ao Governo de coligação (SPD, centro-esquerda; FDP, liberais; e Verdes, ecologistas).

“Já chega!”, escreveu Merz num artigo publicado no seu site. “A coligação tem discutido há várias semanas o endurecimento das leis sobre armas e a proibição de facas. Após o acto terrorista em Solingen, agora deve ser finalmente claro: o problema não são as facas, mas as pessoas que andam com elas.”

O debate sobre a imigração e a segurança tem subido de tom na Alemanha nos últimos anos, e é expectável que o ataque em Solingen influencie o que falta da campanha para as eleições regionais na Turíngia, na Saxónia (1 de Setembro) e em Brandeburgo (22 de Setembro”), três estados do Leste da Alemanha onde a extrema-direita tem crescido muito.

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