Supertaça feminina: sobreposição de jogos com responsabilidade tripartida
Federação Portuguesa de Futebol, Liga de Clubes e “leões” não comentam o agendamento do Farense-Sporting do campeonato e da Supertaça feminina para o mesmo horário.
Benfica e Sporting disputam esta noite (20h45, RTP1), no Estádio do Restelo, a nona edição da Supertaça de futebol feminino, prova conquistada pelas “encarnadas” na última temporada, e que começará 30 minutos depois do apito inicial do Farense-Sporting, da 3.ª ronda da Liga masculina, no Estádio do Algarve.
Uma infeliz coincidência que levou a treinadora do Sporting, Mariana Cabral, a criticar os responsáveis pelo agendamento dos jogos, classificando a decisão de enorme falta de respeito. Acusação que não mereceu nenhuma posição oficial por parte da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) ou da própria estrutura directiva do Sporting, depois de contactadas pelo PÚBLICO.
Seja como for, fica o recado e o convite a uma introspecção de todos os intervenientes, independentemente da maior ou menor quota de responsabilidade numa matéria que revela falhas evitáveis.
Refira-se que já na meia-final, o jogo da equipa feminina do Sporting (com o Racing Power) decorreu em simultâneo com o Nacional-Sporting da I Liga, com o da Supertaça a começar meia hora mais cedo, no Jamor. Não foi, por isso, um problema pontual. Os alarmes poderiam ter soado e o constrangimento ter sido evitado.
Os moldes do agendamento
Mas vamos a factos: a FPF calendarizou a 30 de Abril a final da Supertaça feminina e anunciou a data definitiva a 17 de Julho (a um mês da meia-final), que poderia ser 23 ou 24 de Agosto. O critério foi simples: o campeonato arranca na próxima semana, tendo Benfica e Sporting, na quarta-feira imediata, os respectivos compromissos europeus, referentes à primeira eliminatória da Liga dos Campeões feminina.
Daí que os compromissos domésticos tenham sido agendados para uma sexta-feira (dia 30 de Agosto). Em conformidade, a Supertaça - que tinha duas datas possíveis – foi igualmente marcada para uma sexta-feira.
Por seu lado, a LPFP procedia cerca de uma semana depois (dia 23 de Julho) à marcação das primeiras quatro jornadas da I Liga masculina, agendando o Farense-Sporting para o mesmo dia da final da Supertaça feminina, revelando a primeira falha, que pode ser entendida como um mero problema de comunicação.
Porém, o processo é complexo e os clubes podem queixar-se de alguma inflexibilidade: depois do sorteio do calendário da época, uma comissão de trabalho integrada por representantes de cinco ou seis clubes (normalmente da direcção da Liga, mas que acolhe "convidados") - em que o Sporting tem assento - discute com a LPFP e o operador (SportTV) o plano para um bloco de jornadas, normalmente quatro.
Segue-se uma reunião posterior em que os clubes são informados das datas dos jogos, após decisão da LPFP, e em que ainda é possível, embora raro, alterar alguns encontros, normalmente os relacionados com clubes presentes em provas internacionais. Também pode haver entendimento entre os próprios clubes, mas não é muito habitual.
De qualquer forma, este seria um caso a expor e passível de alteração. Nesse sentido, a conclusão a retirar é que todos os intervenientes falharam e quem sai a perder é a promoção do futebol feminino, que enfrenta "concorrência directa" no mesmo horário.