Rússia diz ter repelido nova tentativa de incursão ucraniana no seu território

Volodymyr Zelensky anunciou visita à região de Sumi, que faz fronteira com a região russa de Kursk onde as forças de Kiev controlam mais uma aldeia.

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Serviço religioso perto do depósito de Proletarsk, onde deflagrou um grande incêndio após um ataque ucraniano Volgodonsk Eparchy / VIA REUTERS
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Uma equipa de reconhecimento ucraniana tentou atravessar a fronteira com a Rússia na região de Bryansk, segundo o governador local, Alexander Bogomaz. A tentativa ocorreu a cerca de 240km de Kursk, a região alvo de uma acção ucraniana que em pouco mais de duas semanas avançou e conquistou uma área muito significativa de território.

Na região de Kursk, a Rússia começou a construir abrigos para a população local face aos ataques ucranianos, e anunciou, na quarta-feira, que as suas forças estavam a começar a fazer recuar as forças ucranianas, embora um comandante tivesse alertado para o facto de que as forças de Kiev estavam a reagrupar-se para um potencial novo ataque.

Segundo o governador, a tentativa de incursão ocorreu no distrito de Klimovo, que faz fronteira com a região ucraniana de Chernihiv, mas foi evitada pelas forças fronteiriças e por unidades militares russas.

As forças ucranianas atravessaram a fronteira russa na região de Kursk a 6 de Agosto. Um dos objectivos teria sido levar Moscovo a desviar as tropas do resto da frente, embora as forças russas tenham continuado a avançar no Leste da Ucrânia nos últimos dias.

O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, anunciou uma visita à região de Sumi, do lado ucraniano da fronteira da região de Kursk, onde anunciou que as suas forças controlam agora mais uma aldeia.

O gabinete de Zelensky diz que o Presidente se encontrou com o chefe do Exército, Oleksandr Syrskyi, que planeou a operação em máximo sigilo, conseguindo surpreender a Rússia. Zelensky afirmou ainda que desde a operação, houve uma diminuição dos ataques russos, e do número de vítimas civis, na região de Sumi.

As autoridades da região ocidental russa de Kursk anunciaram a instalação de abrigos de cimento para ajudar a proteger os civis, disse o governador regional em exercício, Alexei Smirnov, na quinta-feira.

“De acordo com as minhas instruções, a administração da cidade de Kursk identificou pontos-chave para a colocação de abrigos modulares de cimento –​ em locais com muita gente”, escreveu Alexei Smirnov no Telegram. Cerca de 60 estações de autocarros serão equipadas com os abrigos.

O Ministério da Defesa da Rússia anunciou ainda que abateu 28 drones ucranianos em várias regiões. Na véspera, a Rússia tinha anunciado que a Ucrânia lançara o maior ataque até então contra Moscovo com 11 drones, também todos abatidos.

Um incêndio deflagrou numa instalação militar na região de Volgogrado, no Sul da Rússia, depois de um drone ucraniano se ter despenhado no local, disse o governador regional, Andrei Bocharov, na aplicação de mensagens Telegram.

Bocharov disse que não houve vítimas e não especificou que instalação tinha sido atacada, mas disse que o ataque se concentrou na área da aldeia de Marinovka, onde está localizada uma base aérea militar.

A agência de vigilância da aviação Rosaviatsia disse que foram impostas restrições temporárias na quinta-feira ao aeroporto de Volgogrado, que não estava a autorizar chegadas ou partidas.

O jornalista do Wall Street Journal Yaroslav Trofimov escreveu, na rede social X, que explosões na base aérea “parecem bastante apocalípticas” e por isso diz que este ataque “aparenta ser um dos ataques de longo alcance com mais sucesso contra instalações militares russas”.

No depósito de combustível de Proletarsk, na região de Rostov, mais a sul, continuava por controlar um incêndio, que durava há vários dias, após um ataque ucraniano com drones.

Risco de ataques em toda a Ucrânia

A embaixada dos Estados Unidos em Kiev afirmou entretanto que existe um risco acrescido de ataques russos com mísseis e drones em toda a Ucrânia nos próximos dias, numa altura em que o país se prepara para assinalar os 33 anos da sua independência da União Soviética, no sábado.

“A embaixada dos EUA em Kiev considersa que, nos próximos dias e durante o fim-de-semana, existe um risco acrescido de [...] ataques de drones e mísseis russos em toda a Ucrânia relacionados com o Dia da Independência da Ucrânia a 24 de Agosto.”

Para os ucranianos, o Dia da Independência assumiu um significado maior desde a invasão russa, que levou a um aumento de patriotismo.