Afinal, fazer scroll não nos deixa entretidos, mas sim aborrecidos

Um estudo publicado recentemente concluiu que os participantes que optaram por ver excertos de vídeos curtos registaram níveis de tédio maiores do que os que viram um vídeo mais longo até ao fim.

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Fazer scroll deixa as pessoas mais aborrecidas, conclui estudo Nubelson Fernandes/Unsplash
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Para muitos, fazer scroll —​ uma forma de entretenimento interminável e inesgotável que consiste em ver segundos de tiktoks, reels ou vídeos do YouTube e passar para o seguinte — é uma forma de combater o tédio. No entanto, um estudo publicado recentemente no Journal of Experimental Psychology veio mostrar que acontece o contrário.

Na verdade, concluíram os autores, o scroll faz com que as pessoas fiquem ainda mais aborrecidas do que já estão. Além disso, reduz os níveis de atenção e de satisfação pelo conteúdo que estão a ver.

A investigação, levada a cabo pela American Psychological Association e pelo departamento de Psicologia da Universidade de Toronto, no Canadá, contou com a participação de 1200 pessoas com idades compreendidas entre os 18 e os 78 anos que acreditaram estar a fazer parte de um estudo sobre “estimulação visual e experiências afectivas”, nome escolhido pelos autores.

A fim de analisar os níveis de tédio, lê-se no documento, estas pessoas foram convidadas a ver “vídeos interessantes e aborrecidos” durante dez minutos. Podiam ver um vídeo de dez minutos até ao fim ou vários de cinco minutos durante este mesmo período de tempo, sendo que neste último caso estavam autorizados a passar à frente ou a clicar no próximo. No total, foram realizadas sete experiências para medir a quantidade de scroll. Os conteúdos apareciam sempre pela mesma ordem para todos os participantes.

No final dos vídeos, os investigadores perguntavam aos participantes quantas vezes, numa escala de 1 a 5, fizeram scroll e durante as experiências contabilizavam o número de vezes em que as pessoas passaram o vídeo à frente.

Depois de analisados os dados, os autores verificaram que, em média, cada participante passou oito minutos a fazer scroll. Quem o fez registou níveis de tédio maiores do que as pessoas que optaram por ver o vídeo de dez minutos até ao fim.

Apesar de reconheceram que os vídeos são “uma das principais fontes de entretenimento”, os investigadores acreditam que é mais vantajoso ver um vídeo até ao fim e ter interesse pelo conteúdo do que ver apenas uns segundos e passar logo para o próximo.

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