Quem é Oleksandr Syrsky, o general ucraniano que comanda as tropas dentro da Rússia

Syrsky foi nomeado em Fevereiro e tem sido o principal protagonista da incursão ucraniana em Kursk, onde a Ucrânia já terá ocupado 1263 quilómetros quadrados.

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Syrsky tem sido uma das principais figuras da incursão em Kursk YEVGEN HONCHARENKO / EPA
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Oleksandr Syrsky, de 59 anos, é o chefe das Forças Armadas que avançam sobre a região russa de Kursk, naquela que tem sido uma manobra inédita na guerra que começou com a invasão da Ucrânia pela Rússia a 22 de Fevereiro de 2022.

A incursão ucraniana em Kursk é a maior captura de território na Rússia desde a Segunda Guerra Mundial, tendo a Ucrânia, segundo o próprio chefe, ocupado já 1263 quilómetros quadrados em território russo, causando a fuga de mais de 122.000 pessoas das zonas fronteiriças da Rússia.

Nomeado chefe do Exército em Fevereiro, Syrsky nasceu e estudou na Rússia (à altura, ainda parte da União Soviética), tendo integrado o Exército Vermelho e, depois, foi destacado para a Ucrânia na década de 80, onde ficou a viver após queda do Bloco de Leste e da dissolução da URSS.

Já depois da independência da Ucrânia, o general estudou na Universidade Nacional de Defesa e entrou no Exército nacional ucraniano, onde já tinha ganho vasta experiência desde o início do conflito em 2014, combatendo as forças pró-russas em Donetsk, o prelúdio para a guerra que se vive actualmente na região.

O militar, de acordo com a AFP, continua a ter algumas ligações à Rússia, com a sua família próxima a viver ainda no país, nomeadamente os pais e o irmão.

Em 2022, Syrsky liderou as forças terrestres na defesa contra a Rússia na primeira defesa. Ainda nesse ano, o general liderou também a contra-ofensiva na região de Kharkiv, essencial para recuperar território nessa parte oriental da Ucrânia. Depois de conseguir defender a capital ucraniana, Syrsky recebeu ainda a condecoração de Herói da Ucrânia, dada por Zelensky.

No início de 2024, foi nomeado para o general do Exército ucraniano, sucedendo a Valery Zaluzhny, militar altamente popular que entrou em conflito com Zelensky por considerar que a frente de batalha tinha chegado a um impasse, uma visão que o Presidente rejeitava.

Em 2022, entrevistado pelo The Economist numa altura em que a popularidade de Zaluzhny provocava desconfiança nos aliados de Zelensky devido a potenciais ambições políticas, Syrsky afastou-se, afirmando que "o Exército estava fora da política". "Syrsky não é bom em jogos políticos", sublinhou uma fonte próxima contactada pelo The Economist, que acrescentou que naquilo em que "ele é bom é na guerra".

O "Carniceiro"

Segundo a AFP, Oleksandr Syrsky é conhecido pelo seu estilo implacável, sendo acusado de ter um estilo "soviético" de liderança na frente de batalha, por não se importar com números elevados de perdas dos próprios soldados. O general sofreu críticas por este motivo na defesa da cidade de Bakhmut, que provocou fortes perdas nos soldados ucranianos, algo que lhe tinha dado a alcunha de "Carniceiro".

"Ele fica muito ofendido com esta alcunha. E não é de todo verdade", afirmou uma fonte militar não-identificada com quem a AFP falou que sublinhou a preocupação que o comandante-chefe demonstra com os seus soldados.

De acordo com o The Economist, a incursão em Kursk surgiu no meio de forte pressão interna e externa, quer pelas perdas militares na frente oriental, perto de Donetsk, quer pela pressão externa, com as eleições nos Estados Unidos a aproximarem-se.

Segundo uma outra fonte militar ucraniana contactada pela agência AFP, o general tem tido "um papel-chave" na operação, algo que é "indiscutível". "O facto de ter sido capaz de desenvolver e realizar esta operação nas condições mais difíceis é uma prova de que se trata de uma figura militar importante", acrescentou a fonte.

"A grande aposta do general Syrsky ofereceu esperança aos ucranianos após um ano de notícias constantemente sombrias", lê-se no The Economist.

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