Incêndio na Madeira: aeroporto e acessos ao Paul da Serra condicionados

As frentes activas em curso são nas áreas do Curral das Freiras e Fajã das Galinhas, no concelho de Câmara de Lobos, e na Serra de Água, no município contíguo a oeste, Ribeira Brava.

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Fajã das Galinhas HOMEM DE GOUVEIA / LUSA
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Bombeiros executam medidas de prevenção e combate a pequenos focos de incêndio na vila do Curral das Freiras HOMEM DE GOUVEIA / LUSA
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A chegada de focos de incêndio à estrada da Eira da Moura, Serra de Água, concelho da Ribeira Brava, alarmou os residentes HOMEM DE GOUVEIA / LUSA
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O aviso de vento forte da autoridade marítima para o arquipélago da Madeira está em vigor até às 18h deste domingo HOMEM DE GOUVEIA / EPA
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Os bombeiros no combate às chamas HOMEM DE GOUVEIA / EPA
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Residentes na Fajã das Galinhas aguardam pela autorização para regressarem às suas residências HOMEM DE GOUVEIA / LUSA
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O aviso de vento forte da autoridade marítima para o arquipélago da Madeira está em vigor até às 18h deste domingo HOMEM DE GOUVEIA / LUSA

O vento, que tem dificultado o combate ao incêndio que deflagrou na quarta-feira, 14 de Agosto, na Madeira, vai continuar a soprar até segunda-feira, avisa a capitania do Porto do Funchal. Ao todo, 76 operacionais do continente deslocaram-se na madrugada deste domingo para apoiar as autoridades madeirenses no combate ao fogo. Estiveram "a fazer reconhecimento e avaliação do teatro de operações" esta manhã e nas próximas horas irão concentrar-se na zona da Serra de Água. Nenhum avião conseguiu aterrar ou descolar do Aeroporto Internacional da Madeira neste domingo e há vários percursos pedestres e áreas de lazer encerrados na ilha.

Segundo o ponto de situação feito às 8h30, as frentes activas em curso são nas áreas do Curral das Freiras e Fajã das Galinhas, no concelho de Câmara de Lobos, e na Serra de Água, no município contíguo a oeste, Ribeira Brava. Em declarações aos jornalistas pelas 11h30, o presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, disse haver "uma evolução para norte", da Serra de Água para o Paul da Serra, uma zona "felizmente" não habitada.

Com efeito, ao longo da tarde deste domingo, o incêndio evoluiu para Paul da Serra e a zona está agora com acesso condicionado. No Curral das Freiras, onde Miguel Albuquerque se encontrava de manhã, afirmou que a frente estava "mais controlada" mas que, do outro lado da ilha, as chamas estavam "a virar para Boaventura".

Os incêndios estão a ser combatidos por 120 operacionais de todos os corpos de bombeiros da região, apoiados por 43 veículos e uma aeronave que já iniciou as operações.

Os 76 elementos da Força Especial dos Bombeiros chegaram pouco depois da 1h deste domingo à Madeira para apoiar o combate aos incêndios e têm estado "nas últimas horas a fazer reconhecimento e avaliação do teatro de operações". Nas próximas horas, irão "concentrar os seus esforços na zona da Serra de Água”, segundo comunicado do Serviço Regional de Protecção Civil​.

Além destes, devem chegar operacionais dos Açores depois de o Governo Regional da Madeira ter dado luz verde para que o Governo Regional dos Açores coloque os meios de combate no terreno. "Temos de arranjar o alojamento, estamos a fazer isso. E o nosso secretário regional [de Protecção Civil] já está em contacto com o secretário dos Açores", confirmou o presidente do Governo Regional. Ainda não há data certa para a chegada, depende também da "evolução da situação" ao longo do dia.

Durante a noite de sábado, algumas aldeias foram evacuadas. Miguel Albuquerque explicou que essa foi uma "medida preventiva" tomada para que não houvesse inalação de fumos por parte das populações mais sensíveis. Duas pessoas tiveram de ser assistidas no centro de saúde de Câmara de Lobos e daí, uma, com problemas respiratórios e cardíacos, seguiu para o hospital.

Devido à gravidade da situação, foi activado o Plano Regional de Emergência de Protecção Civil da Região Autónoma da Madeira. O presidente do Governo da Madeira, Miguel Albuquerque, disse suspeitar que o incêndio tenha começado através de fogo posto, uma situação "recorrente" na ilha.

Depois de ter sido criticado por não aceitar de imediato o apoio do Governo da República, Albuquerque garantiu que na sexta-feira "já tinha combinado com o dr. Paulo Rangel para mandar as forças". Chegaram ao território neste domingo 21 elementos da Força Especial de Bombeiros e 15 voluntários, 25 elementos da Protecção Civil e 15 militares da GNR, para tentarem controlar o avanço do incêndio, que, ao final da noite de sábado, estava a ser combatido por 100 operacionais, auxiliados por 37 veículos. Durante o dia, a única aeronave disponível na Madeira foi accionada para combater as chamas.

Vento dificulta combate

A capitania do Porto do Funchal prolongou o aviso de vento forte para a orla marítima da Madeira até às 6h de segunda-feira e cancelou o de mau tempo que havia emitido no sábado. O vento deve ir de fraco a moderado de norte a nordeste, soprando moderado a forte entre os 30 e os 45 quilómetros por hora, por vezes com rajadas até 70 quilómetros nas terras altas, nos extremos leste e oeste da ilha da Madeira e na ilha do Porto Santo.

"O fogo surgiu numa zona alta, uma zona inacessível, e com condições meteorológicas em que o próprio helicóptero devido aos ventos fortes não podia actuar", disse Albuquerque, em declarações à RTP3 a partir do posto do comando da Eira do Serrado, perto da meia-noite.

Com base nas previsões meteorológicas do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), a capitania do Porto do Funchal aponta que o vento vai soprar de norte a nordeste “fresco a muito fresco, por vezes forte”.

Também indica que a visibilidade deve ser “boa, por vezes moderada” e a ondulação será na ordem dos três metros na costa norte, sendo de 1,5 metros na parte sul. Face a esta situação meteorológica, a capitania recomendou o reforço das amarrações e vigilância apertada das embarcações atracadas e fundeadas.

São desaconselhados passeios junto ao mar ou em zonas expostas à agitação marítima e a prática da actividade da pesca lúdica, em especial junto às falésias e zonas de arriba frequentemente atingidas pela rebentação das ondas.

O IPMA colocou também as todas as regiões da ilha da Madeira sob aviso laranja devido ao calor, sendo amarelo para o Porto Santo.

Movimento no aeroporto condicionado

O vento continua a condicionar o movimento no Aeroporto Internacional da Madeira – Cristiano Ronaldo e nenhum avião conseguiu aterrar ou descolar, segundo a ANA –​ Aeroportos de Portugal.

A informação disponibilizada indica que às 10h havia dez voos provenientes de Porto Santo, Lisboa, Porto, Varsóvia, Gran Canária e Berlim. Outras duas aeronaves oriundas de Lisboa e Roma divergiram para outros aeroportos.

A situação também afecta as correspondentes partidas e muitas centenas de passageiros, tanto residentes como turistas. O movimento no aeroporto da Madeira está condicionado desde o final da tarde de sábado.

Entretanto, 14 percursos pedestres classificados e quatro áreas de lazer da Madeira foram também encerrados, por prevenção, segundo anunciou o Instituto das Florestas e Conservação da Natureza (IFCN) da região.

Na informação, o IFCN indicou estarem encerradas as veredas da Ilha, do Pico Ruivo, da Lagoa do Vento, do Pico Fernandes, do Túnel do Cavalo, da Câmara de Carga do Rabaçal e da Palha Carga, além das levadas das 25 Fontes, Velha do Rabaçal, do Risco, do Alecrim, do Paul II — um caminho para todos e da Rocha Vermelha. Intransitável está ainda o Caminho do Pináculo e Folhadal.

As áreas de lazer da Fonte do Bispo, das Cruzinhas, do Fanal e do Rabaçal estão igualmente fechadas, desaconselhando o instituto a circulação nas zonas montanhosas da região.