Ex-ministro da Justiça de Bolsonaro acusado de interferência nas eleições de 2022

Anderson Torres foi formalmente acusado pela Polícia Federal, junto com Silvinei Vasques, ex-director da Polícia Rodoviária Federal. O ex-ministro esteve preso preventivamente até Maio.

Foto
Anderson Torres no tempo em que era ministro da Justiça do então Presidente Jair Bolsonaro Adriano Machado / REUTERS
Ouça este artigo
00:00
02:27

A Polícia Federal (PF) do Brasil acusou formalmente na sexta-feira Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro, e Silvinei Vasques, ex-director da Polícia Rodoviária Brasileira (PRF), bem como quatro agentes da Polícia Federal, de interferência na segunda volta das eleições presidenciais de 2022, por obstruirem o andamento do sufrágio e o acesso de eleitores às assembleias de voto em zonas onde o actual Presidente Luiz Inácio Lula da Silva tinha mais apoiantes.

De acordo com o portal brasileiro G1, da Globo, a PF reuniu provas na investigação que confirmam que os acusados actuaram para impedir a circulação de eleitores, por exemplo, através de bloqueios de estradas levados a cabo pela PRF.

Torres, que foi detido preventivamente por supostamente ter cometido actos golpistas durante os incidentes de 8 de Janeiro de 2023, quando apoiantes de Bolsonaro invadiram a sede do Governo, o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília, foi libertado em Maio passado, depois de o juiz Alexandre de Moraes, do STF, ter decidido que não havia motivos para sua prisão preventiva. Na quinta-feira, Moraes também revogou a prisão preventiva de Vasques, por considerar que os argumentos que justificaram a sua detenção já não se aplicam.

Estas acusações surgem no contexto dos incidentes do 8 de Janeiro de 2023, quando milhares de pessoas descontentes com a derrota de Jair Bolsonaro nas urnas invadiram violentamente a Praça dos Três Poderes, em Brasília, num ataque sem precedentes na história do país, que aprofundou a sua polarização e colocou em evidência o papel dos militares, que sempre tiveram uma presença maioritária no Governo do ex-Presidente brasileiro.

Nesse dia, numa altura em que metade do país estava em alvoroço com o regresso de Lula da Silva ao Palácio da Alvorada, dezenas de autocarros chegaram à capital para participar no que parecia ser mais uma manifestação contra o novo Governo, protestos que tinham começado dois meses antes com vigílias, reuniões de oração e acampamentos em frente aos portões dos quartéis do exército.

No primeiro aniversário destes acontecimentos, 66 das cerca de 1.900 pessoas que foram detidas nesse dia ainda estavam na prisão. Apenas 30 delas tinham sido condenadas até à data, mas apenas oito estavam a cumprir pena. Um ano depois, os restantes ainda estavam à espera da resolução dos seus recursos. As pessoas que aguardam a sentença na prisão foram detidas, em sua grande maioria, nas diferentes fases da chamada operação Lesa Pátria, que se centrou em particular nas pessoas que alegadamente financiaram e instigaram o ataque.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários