Em duas semanas, Portugal registou mais 700 mortes do que o esperado para a época

Excesso de mortalidade foi mais pronunciado em algumas regiões do país e grupos etários. As temperaturas altas e o aumento da transmissão de covid-19 terão contribuído para a situação.

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Direcção-Geral da Saúde recomenda que nos próximos dias se procurem locais à sombra e climatizados e que se beba água regularmente Nuno Ferreira Santos
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Entre o dia 22 de Julho e o dia 4 de Agosto, Portugal registou uma mortalidade geral acima do esperado para esta altura do ano. Durante este período, “foram estimados 727 óbitos em excesso”, adiantou ao PÚBLICO a Direcção-Geral da Saúde (DGS). As temperaturas altas e o aumento da transmissão de covid-19 terão contribuído para a situação.

A mortalidade em excesso, registada nas semanas 30 e 31 deste ano, “corresponde a um excesso relativo de 19% em relação ao esperado” para este período. Os dados, salienta a DGS, são preliminares e “poderão ser actualizados ao longo dos próximos dias”.

O relatório de monitorização da gripe e de outros vírus respiratórios, divulgado esta sexta-feira pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, relativo à semana 32 – entre os dias 5 e 11 de Agosto – aponta para uma mortalidade por todas as causas acima do esperado, mas já com tendência decrescente. Contudo, a DGS adianta que "com os dados de que dispõe actualmente, não se observou um excesso de mortalidade, a nível nacional, na semana 32 de 2024”.

Quanto ao período de excesso de mortalidade observado nas duas semanas anteriores, “coincidiu temporalmente com períodos de calor extremo, um factor conhecido por agravar doenças crónicas e levar a descompensações importantes”. A DGS refere que a análise preliminar das causas de morte por grandes grupos “aponta para um aumento da mortalidade por estas doenças”.

Mas há aqui também um efeito resultante do aumento da transmissão da covid-19, “particularmente devido à nova sublinhagem KP.3”, que “também contribuiu para o excesso de mortalidade”. Embora, o impacto directo “não tenha gerado um excesso de mortalidade isoladamente, e apresente uma tendência decrescente”.

Reforçar medidas de protecção

O excesso de mortalidade foi mais pronunciado em algumas regiões do país e grupos etários. Na semana 30 (entre os dias 22 e 28 de Julho), o excesso de mortalidade foi sobretudo na “região Centro, no sexo feminino e no grupo etário com 75 e mais anos”. Segundo o relatório de monitorização sazonal, divulgado pela DGS, nessa semana observaram-se 377 óbitos em excesso.

Na semana seguinte (entre os dias 29 de Julho e 4 de Agosto), além da região Centro, também Lisboa e Vale do Tejo e Alentejo sentiram maior impacto do excesso de mortalidade. Foi igualmente mais prevalente no sexo feminino e nos grupos etários 65-74 anos e 85 e mais anos.

A DGS afirma que de acordo com o índice Ícaro – indicador trabalho pelo INSA que analisa o efeito do calor na mortalidade – “é previsível um impacto significativo do calor sobre a mortalidade nos próximos 3 dias”. E reforça, por isso, as recomendações para que se evite a exposição solar entre as 11h00 e as 17h00, se usem roupas leves que cubram o corpo, procurem locais à sombra e climatizados e que se beba água regularmente.

Recomenda igualmente que as pessoas tomem medidas preventivas relativamente às infecções respiratórias: quem apresentar sintomas respiratórios agudos ou tiver um teste positivo à covid-19 deve evitar locais fechados ou com muitas pessoas, usar máscara, desinfectar as mãos frequentemente e arejar espaços interiores sempre que possível.

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