Comissão de Utentes de Sesimbra considera “inaceitável” situação das urgências no distrito de Setúbal
As três urgências da Margem Sul estão fechadas. Amanhã está previsto o fecho de sete urgências de Ginecologia e Obstetrícia, na sexta-feira, quatro, no sábado, sete e, no domingo, seis serviços.
A Comissão de Utentes dos Serviços Públicos do Concelho de Sesimbra disse esta quarta-feira ser "inaceitável" o encerramento das urgências de ginecologia e obstetrícia na região de Setúbal, considerando que põe em causa a segurança de grávidas e bebés.
De acordo com a informação publicada no Portal do SNS (Serviço Nacional de Saúde), hoje estão fechadas cinco urgências de Ginecologia e Obstetrícia na região de Lisboa e Vale do Tejo, nomeadamente do Hospital de São Bernardo, em Setúbal, Hospital Nossa Senhora do Rosário, no Barreiro, Hospital de Garcia de Orta, em Almada, Hospital São Francisco Xavier e Hospital Santa Maria (Obstetrícia), ambos em Lisboa.
Segundo a mesma informação, encontra-se encerrada a Urgência de Pediatria do Hospital Nossa Senhora do Rosário, no Barreiro.
Para quinta-feira (feriado de 15 de Agosto) está previsto o fecho de sete urgências de Ginecologia e Obstetrícia, na sexta-feira, quatro, no sábado, sete e, no domingo, seis serviços.
Também está previsto o encerramento de duas urgências de Pediatria na quinta-feira e na sexta-feira, quatro no sábado e cinco no domingo.
Num balanço enviado na terça-feira à Lusa, a Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde (SNS) indica que foram realizados no fim de semana passado 114 partos em Lisboa e Vale do Tejo, 56 no sábado e 58 no domingo.
A Península de Setúbal tem três hospitais: São Bernardo, em Setúbal, Garcia de Orta, em Almada, e Nossa Senhora do Rosário, no Barreiro, unidades que servem nove concelhos do distrito de Setúbal (Almada, Setúbal, Seixal, Sesimbra, Palmela, Montijo, Moita, Barreiro e Alcochete), com um total de 808.689 residentes nos Censos de 2021.
Em comunicado hoje divulgado na rede social Facebook, a comissão de utentes de Sesimbra exige a reabertura imediata das urgências no distrito considerando a situação "inaceitável", pondo "em causa a segurança das grávidas e bebés que se vêem forçadas a recorrer aos hospitais da Área Metropolitana Norte de Lisboa, muitos destes também com grandes constrangimentos".
"É essencial investir no SNS, nos seus profissionais, na construção de centros de saúde e hospitais, na rápida construção do Hospital no Seixal com pelo menos 300 camas e todas as especialidades médicas essenciais para responder aos concelhos de Sesimbra e do Seixal", adianta a comissão.
A situação das urgências de ginecologia e de obstetrícia do distrito de Setúbal tem provocado uma onda de protestos por parte dos autarcas e das comissões de utentes da região.
Também a Federação Distrital de Setúbal do PS, todas as estruturas concelhias dos socialistas do distrito e o grupo de deputados socialistas eleitos pelo círculo eleitoral de Setúbal já manifestaram "a sua profunda apreensão com a falta de resposta às grávidas" da região, exigindo a inversão imediata da situação.
"Nunca o distrito esteve completamente a zero na capacidade de resposta"
"Esta desconformidade não tem paralelo. Mesmo em circunstâncias difíceis nunca o distrito esteve completamente a zero na capacidade de resposta. Num passado próximo, sempre foram acauteladas alternativas devidamente planeadas ou planos de emergência em conjunto com as unidades hospitalares. Havia articulação e a Direcção Executiva [do SNS] tinha um papel importante, situação que agora tem resultados diferentes para pior", escreve a federação.
Ainda segundo a federação socialista, num distrito onde vivem perto de 900 mil pessoas, as grávidas serão obrigadas a deslocar-se aos poucos serviços de urgência que asseguram resposta, correndo o risco de ser necessário mais de uma hora de deslocação caso a grávida viva no litoral alentejano, uma vez que a referenciação destas grávidas é Setúbal.
Já a concelhia do Barreiro do PCP considera que a situação "é um atentado à saúde materno infantil" e "um retrocesso de décadas sem equivalente no Serviço Nacional de Saúde e no concelho" e "uma consequência directa e anunciada da política de direita protagonizada pelos sucessivos governos, ora PS, ora PSD/CDS".
"O fecho de serviços, resultante da falta de investimento no serviço público, obriga ao encaminhamento de utentes para hospitais a muitos quilómetros de distância, aumentando a insegurança e a ansiedade das famílias", refere a concelhia do PCP em comunicado enviado à agência Lusa.