Indiana Bharti compra 24,5% da inglesa BT à Altice

Patrick Drahi, dono da Meo, continua a desfazer-se de activos para reduzir a enorme dívida que a Altice acumulou nos últimos anos com a sua estratégia de expansão. Valor do negócio não foi revelado.

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O multimilionário Patrick Drahi também pôs à venda a Altice Portugal Daniel Rocha (Arquivo)
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A Altice, dona da operadora portuguesa de telecomunicações Meo, chegou a acordo com o conglomerado indiano Bharti para vender a participação de 24,5% que detém na British Telecom (BT).

O grupo Altice, propriedade do multimilionário Patrick Drahi, tem estado a vender activos para reduzir o peso de uma gigantesca dívida calculada em cerca de 60 mil milhões de dólares (cerca de 55 mil milhões de euros).

O valor deste negócio com o grupo de Sunil Bharti Mittal não foi revelado, mas de acordo com o jornal Financial Times, aquela participação valia cerca de 3200 milhões de libras (cerca de 3740 milhões de euros), segundo a cotação no fecho das bolsas na última sexta-feira.

O negócio envolve a aquisição imediata de 10% das acções detidas pela Altice (através do seu braço britânico Altice UK). O resto das acções desta transacção será adquirido depois de haver luz verde das autoridades regulatórias.

"A Bharti e a BT têm uma longa e duradoura ligação, de mais de duas décadas, desde o tempo em que a BT detinha 21% na Bharti Airtel, entre 1997 e 2001. O dia de hoje é um marco significativo para o grupo Bharti, por investirmos na BT — uma empresa britânica icónica", afirma o fundador deste conglomerado, numa mensagem posta a circular na rede social X.

Sunil Bharti Mittal, de 64 anos, é o fundador deste conglomerado que, além de dono de uma das principais operadoras de telecomunicações na Índia, tem negócios em áreas como seguros, imobiliário, restauração e nas indústrias alimentar, dos jogos electrónicos e da Internet.

Na bolsa de Londres, as acções do BT Group começaram a semana a subir 6,3% depois do anúncio público deste acordo entre a Bharti e a Altice UK, que era o principal accionista daquele operador britânico. Concluída esta aquisição, o maior accionista passará a ser o grupo indiano.

"Saudamos a chegada de investidores que reconheçam o valor do nosso negócio no longo prazo, e a escala deste investimento por parte do grupo Bharti é um grande voto de confiança no futuro do BT Group e da nossa estratégia", comentou Alisson Kirby, presidente executiva da operadora britânica, num comunicado enviado nesta segunda-feira de manhã.

O grupo Altice entrou na BT em 2021, com a aquisição de 12% do capital. Expandiu depois essa participação até ao montante que agora vai vender aos indianos, cuja Airtel tem cerca de 400 milhões de clientes e é a segunda maior operadora na Índia, tendo negócios relevantes noutras geografias, nomeadamente em África.

O comportamento bolsista da BT não tem jogado a favor da Altice, cujo fundador, de 60 anos, tem nacionalidade francesa, portuguesa, israelita e marroquina. Desde que se tornou accionista da BT, esta perdeu cerca de um terço da sua cotação, vinca o jornal Financial Times.

"Tenho vindo a acompanhar o BT desde há muitos anos. É uma empresa com um passado glorioso, tem estatuto nacional e uma quantidade tremenda de infra-estruturas físicas no Reino Unido", observou Sunil Bharti Mittal, numa conferência remota com jornalistas, segundo o relato do Financial Times.

"Portanto, espero poder acrescentar valor. Estamos nisto no longo prazo, isto não é uma mera operação de bolsa, e não estamos nisto para fazer apenas dinheiro", prosseguiu.

São declarações que contrastam com aquilo que é a orientação que publicamente tem sido atribuída aos investimentos da Altice, que tem um historial de aquisições de empresas, muito alavancadas em dívida, que depois acabam por ser retalhadas e vendidas em participações menores, num período relativamente curto, com o objectivo de gerar liquidez.

"É com satisfação que partilhamos a nossa ambição e a nossa visão para o futuro do nosso negócio", acrescenta Kirkby, que assumira a liderança do BT Group há seis meses, a 1 de Fevereiro de 2024.

Também a Altice Portugal, dona da Meo, está à venda. As negociações com a saudita STC (Saudi Telecom Company) foram interrompidas e encerradas por falta de acordo em relação ao preço.

Segundo o jornal Eco, Drahi estaria a pedir cerca de 8000 milhões de euros, mas os sauditas discordaram deste preço.

O processo voltou à estaca zero, com Drahi à procura de novos interessados. Diferentes notícias de diferentes órgãos de comunicação social deram conta de potencial interesse por parte de fundos de investimento, incluindo o norte-americano Warburg Pincus, que está num consórcio com Zeno Partners e trabalha com António Horta Osório numa possível oferta a rondar os 7000 milhões para comprar a Altice Portugal.

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