Israel ordena evacuação em Khan Younis. 30 alvos atacados em Gaza

Mahmoud Abbas, Presidente da Autoridade da Palestiniana, visitará a Rússia esta semana e vai encontrar-se com Putin. China e Alemanha defendem cessar-fogo.

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Khan Younis depois de uma ordem de evacuação por parte das forças israelitas HAITHAM IMAD / EPA
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O Exército israelita atacou cerca de 30 alvos na Faixa de Gaza nas últimas 24 horas. Infra-estruturas milicianas, depósitos de armas e locais de lançamentos de rockets estão entre as zonas atacadas, informou, este domingo, um comunicado militar.

As operações militares centraram-se em Rafah e Khan Younis, ambas no sul da Faixa de Gaza, que têm sido objecto de ofensivas terrestres e bombardeamentos.

Em Rafah, extremo Sul do enclave e fronteira com o Egipto, os soldados israelitas identificaram uma célula de presumíveis milicianos que saía de um túnel atacado pela força aérea israelita. O Exército também bombardeou uma "estrutura militar" nas proximidades de um grupo de soldados, onde se abrigava outra célula de milicianos.

Entretanto, em Khan Younis, onde as tropas israelitas iniciaram na sexta-feira uma nova ofensiva terrestre, a força aérea israelita atacou a zona a partir da qual foram detectados, no sábado, disparos de rockets contra a comunidade israelita de Kisufim, perto de Gaza.

Também na sexta-feira, Israel atacou uma escola de Gaza onde acreditava "operar um centro de comando e controlo do Hamas", disseram as Forças de Defesa de Israel (IDF), matando cerca de 100 pessoas. O Hamas afirmou que na escola se encontravam pessoas deslocadas, mais de metade crianças e mulheres.

Já este domingo, o Exército israelita ordenou a evacuação de mais partes da designada "zona humanitária" no norte de Khan Younis, sul da Faixa de Gaza, reduzindo ainda mais o espaço "seguro" do enclave, dois dias depois de lançar uma nova ofensiva terrestre na localidade.

Abbas visita Rússia

Na consequência do ataque de sexta-feira, o Presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas, visitará a Rússia de segunda a quarta-feira, onde deverá encontrar-se com Vladimir Putin, anunciou um diplomata palestiniano.

"O Presidente chegará na noite de 12 de Agosto. Na terça-feira, está previsto um encontro com o Presidente Putin. Parte no dia 14, mas haverá um encontro com os embaixadores árabes", disse Abdel Hafiz Nofal, embaixador palestiniano em Moscovo, citado pela agência noticiosa estatal russa TASS.

De acordo com o diplomata, o principal tema dos encontros será "a situação em Gaza". "Falaremos sobre o papel da Rússia e o que pode ser feito. A situação é muito difícil e a Rússia é um país próximo de nós", afirmou.

A visita foi confirmada por uma fonte do gabinete de Mahmoud Abbas à Agência France Presse (AFP), que acrescentou que Abbas se deslocaria depois à Turquia para se encontrar com o Presidente Recep Tayyip Erdogan, antes de se dirigir ao parlamento em Ancara.

Os diplomatas russos afirmaram estar "profundamente chocados" com o incidente e lamentaram os ataques "sistemáticos".

Também a China mostrou o seu apoio à Palestina. Ou, pelo menos, na sua "posição imparcial", demonstrou o seu desagrado para com Israel pela "violação da soberania iraniana", apelando a um cessar-fogo permanente em Gaza.

O chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi, reiterou este domingo a condenação "enérgica" da China ao recente assassínio, no Irão, do líder político do Hamas, que descreveu como uma "grave violação da soberania iraniana".

Durante uma conversa telefónica com o homólogo iraniano, Ali Bagheri Kani, Wang sublinhou a importância do Irão como parceiro estratégico e manifestou o empenho da China em "apoiar o Irão em questões de interesse mútuo", de acordo com um comunicado divulgado pelo ministério dos Negócios Estrangeiros chinês no seu site na internet.

O ministro dos Negócios Estrangeiros chinês apelou à comunidade internacional para "trabalhar em conjunto para alcançar um cessar-fogo permanente em Gaza" e disse que a China "apoia os esforços do Irão para manter a paz e a estabilidade na região".

O ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Ali Bagheri Kani, manifestou o seu desejo de que Pequim "desempenhe um papel mais importante no desanuviamento da situação e na promoção da segurança" na região, congratulando-se com a "posição imparcial" da China relativamente ao conflito israelo-palestiniano, segundo o Ministério dos Negócios Estrangeiros.

Bagheri Kani sublinhou também o empenho do novo Governo iraniano em "reforçar os laços com Pequim e manter a coordenação com a China nos assuntos internacionais", assegurando que as relações entre os dois países permanecerão "estáveis apesar das mudanças na situação internacional e regional".

O chanceler alemão, Olaf Scholz, por sua vez, apelou este domingo ao primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, para "quebrar a espiral de retaliação", defendendo que um cessar-fogo em Gaza seria um "passo decisivo" para a desescalada da tensão no Médio Oriente.

Notícia actualizada às 16h06 com reacções internacionais e viagem de Abbas à Rússia.