Não se formam leitores só com “horas do conto”

Uma mala de leitura com títulos escolhidos a pensar especificamente em cada aluno é um bom caminho para formar leitores pelo prazer de ler. Está a ser percorrido em Mértola desde 2022 e vai continuar.

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Turma do 1.º ciclo da Escola Básica de Santana de Cambas, em Mértola © Ana Horta
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Maurício Leite num dos momentos de leitura para as crianças, na presença também da professora Goretti de Oliveira © Ana Horta
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Ainda que a prática mais comum neste projecto seja a leitura autónoma das crianças, também há lugar para o mediador contar (e mostrar) algumas das histórias © Ana Horta
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Quando já há conhecimento dos alunos, torna-se mais fácil escolher o acervo adequado © Ana Horta
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As crianças acabam por conseguir ler todos os títulos entre cada visita mensal © Ana Horta
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Uma vez por mês, durante os anos lectivos de 2022/2023 e de 2023/2024, o promotor de leitura Maurício Leite foi à Escola Básica de Santana de Cambas, em Mértola, com a sua Mala de Leitura. Objectivo: “Formar leitores pelo prazer de ler.” Dir-se-ia uma biblioteca itinerante, mas que ali permanece durante mais tempo e em que o adulto intervém o menos possível na relação da criança com o livro.

A continuidade da promoção da leitura e um acervo de livros de qualidade adaptado ao contexto social, cultural, familiar e geográfico, sempre presente em sala de aula, são a fórmula em que os responsáveis pela educação e cultura de Mértola acreditam. Acresce a presença de pontos de leitura em todas as juntas de freguesia que ficam longe da biblioteca municipal, que tem programação para várias idades.

“O trabalho com a Mala de Leitura passa bem longe da ‘hora do conto’”, diz ao PÚBLICO Maurício Leite, que iniciou este projecto no Brasil em 1980, com apoio da Unicef, em aldeias indígenas e escolas ribeirinhas na Amazónia, no Brasil. “Formamos leitores autónomos, dando liberdade na escolha do livro a ser lido. Mais importante do que ler é saber falar sobre o que se leu, ter uma opinião a respeito do que foi lido”, defende este brasileiro que alicerça a sua prática na Educação pelas Artes.

Uma turma que reunia alunos do 1.º ao 4.º ano do 1.º ciclo do ensino básico (crianças dos 6 aos 10/11 anos) recebia animada os novos títulos que chegavam a cada mês. O PÚBLICO assistiu a uma dessas visitas perto do final do ano lectivo e escutou crianças entusiasmadas com o que a mala escondia, primeiro, e revelava, depois. E já sabiam escolher. “Eu queria mais livros de poesia”, disse uma das crianças; outra reclamou que “a mala devia ter mais livros sem palavras” (os chamados “livros silenciosos”).

A professora Goretti de Oliveira, que tem esta turma a seu cargo, diz ao PÚBLICO que os encontros foram “bastante apelativos, enriquecedores e significativos para os alunos”. Para ela, foi também uma aprendizagem, apercebendo-se de que, “com as metodologias adoptadas, as crianças são mais activas e o papel do professor torna-se o de um intermediário e guia nas aprendizagens dos alunos”.

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A professora Goretti de Oliveira tem a cargo uma turma que reúne alunos do 1.º ao 4.º ano © Ana Horta

Quer com isto dizer que “os alunos são os ‘protagonistas’ do próprio desenvolvimento”. Acredita que “estas metodologias activas vão permitir que sejam incentivados para a leitura e para a descoberta do livro”. Diz ainda que, “para uma criança, um livro pode despertar-lhe algo e encaminhá-la para outra qualquer coisa diferente”.

Recolheu depoimentos dos seus alunos sobre esta prática. Escutemos o de Dinis Teixeira, 7 anos: “Os livros da Mala de Leitura foram muito divertidos e eu gostei muito. A Mala de Leitura é para nós lermos os livros. Eu sei ler os livros da Mala de Leitura e fico muito feliz.” E o de Lara Horta, 9 anos: “A Mala de Leitura, com o Maurício, a Fernanda, a Filipa e a nossa professora foi incrível. Eu aprendi a ler melhor e descobri novos livros de vários tamanhos, formas e desenhos diferentes. O senhor Maurício era muito engraçado…”

“Plantamos para o futuro”

Também Maurício Leite “colecciona” depoimentos de crianças que têm contactado com as suas diferentes “malas”. Recorda com emoção uma carta manuscrita, que ainda preserva, de uma criança do estado brasileiro de Minas Gerais que foi leitora da Mala de Leitura em 1996, Rosiane Solange Balbino.

Excerto: “Quando a Mala de Leitura veio para cá, eu não sabia o que tinha dentro dela, ninguém sabia, só a professora, mas a hora que ela abriu a mala, tinha um tanto de livros e eu peguei um e li, era muito interessante. Foi aí que eu comecei a gostar de ler. (…) Eu e a mala nos tornámos grandes amigas, li muitos livros, foi muito gostoso ler livros com histórias interessantes. Foi com a Mala de Leitura que aprendi a escrever bem e a ler.”

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O que vem dentro da mala é sempre um mistério... para as crianças. Logo ali se desperta o interesse © Ana Horta

Reflecte Maurício Leite: “Vinte e oito anos se passaram. Hoje, ela já é uma mulher. O que será que aconteceu em sua vida? Será que continuou leitora? Plantamos para o futuro. Espero que a Rosiane ainda se lembre da Mala de Leitura e que ainda goste de ler.”

No projecto actual, há um intercâmbio entre os leitores de Mértola e os leitores da cidade de Agudo, no Brasil. Portugal enviou um acervo com 30 livros de escritores e ilustradores portugueses e recebeu do Brasil a mesma quantidade de livros de escritores e ilustradores brasileiros.

“O encontro faz-se online: as crianças do Brasil lêem os livros portugueses e vice-versa. Depois, intermediados pelos professores, conversam, falam sobre as diferenças de algumas palavras, trocam poemas, compartilham músicas e culturas, como festas tradicionais, roupas, comidas regionais… Tem sido uma rica experiência para todos nós”, conta Maurício Leite, que em 2014 venceu o prémio UNESCO de Leitura.

Muito antes, em 1990, as Malas de Leitura tiveram o apoio da organização não governamental americana Ashoka – Innovators for the Public e foram divulgadas nos Estados Unidos entre os anos de 1992 e 1999, através de palestras na Universidade de Harvard, em Boston, e na Universidade Columbia, em Nova Iorque. Foram apresentadas também, em formato de oficinas de leitura para pais e familiares, em várias bibliotecas de Nova Iorque e em escolas bilingues de bairros de Manhattan.

Angola, Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe também acolheram “malas”, com o apoio do Ministério das Relações Exteriores do Brasil e da CPLP – Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. A convite do Sector de Educação da União Geral dos Trabalhadores de Espanha, a Mala de Leitura viajou por Madrid, Galiza, Astúrias e ilhas Canárias.

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“O maior tesouro da Mala de Leitura é o seu acervo criteriosamente seleccionado”, diz o promotor de leitura Maurício Leite © Ana Horta

A Portugal chegou em 2005 e desde essa altura já percorreu mais de 40 bibliotecas públicas e escolares. Foi apresentada na Biblioteca Nacional e na Direcção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB). Em 2013, as Malas de Leitura foram implantadas em Tábua, numa parceria com a Biblioteca Municipal João Brandão. Em Mértola desde 2022, tem o apoio da câmara municipal e conta com a colaboração e logística da biblioteca pública, coordenada por Fernanda Mestre.

Sabem ler, mas não sabem interpretar

“Há uma relação com a leitura cada vez mais mecânica. Isto é, os miúdos aprendem a ler, têm a competência da leitura, mas não têm a competência da interpretação. Não conseguem retirar da leitura aquilo que é a sua essência”, diz ao PÚBLICO Rosinda Pimenta, vereadora da Cultura, Educação e Desporto, Apoio à Economia Local e Turismo, da Câmara Municipal de Mértola.

Falta-lhes a experiência mais profunda na relação com a escrita: “O conteúdo e a forma como aquilo que lemos nos toca, por um lado, quando falamos de literatura, e, por outro, a apreensão do conteúdo quando estamos a falar de temas mais científicos ou técnicos, o conteúdo escolar.”

Fala neste projecto e de outros de educação pelas artes no concelho como “um desígnio”. Quer vincular as crianças e jovens ao seu território de origem, proporcionando-lhes “experiências e memórias significativas”. Não gosta do discurso pessimista das regiões com baixa densidade populacional. “Não façamos dela uma fatalidade, mas sim uma oportunidade”, diz, lembrando que as instituições têm a possibilidade de conhecer de perto muitas famílias e ir ao encontro dos seus anseios e de as ajudar a resolver problemas.

O concelho de Mértola (distrito de Beja) ocupa uma extensão de 1292 km2 e tem uma densidade populacional de 5,3/km2. Nos Censos de 2021, contabilizava 6205 habitantes (49,5% homens, 50,5% mulheres), distribuídos por sete freguesias.

Livros em todo o lado

A actividade de promoção da leitura através da “mala” ocorre no espaço da aula, embora a criança possa ampliá-la para fora do horário escolar e em qualquer altura. Há a preocupação de “cuidar” de 130 miúdos, incluindo os que frequentam escolas fora da sede de concelho (Algodor, Mina de S. Domingos, Penilho e S. Miguel do Pinheiro). Para isso, todas as juntas de freguesia têm livros, aspecto importante para os habitantes das aldeias que ficam longe da biblioteca municipal.

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As crianças escolhem o que querem ler e são estimuladas para a leitura livre e autónoma, sem intervenção do adulto © Ana Horta

Rosinda Pimenta mostra-se satisfeita com a atitude dos docentes perante a Mala de Leitura: “Os professores são normalmente reactivos a essa intrusão [no tempo lectivo], por serem muito ciosos das suas metas de aprendizagem, mas aqui isso não se verificou. Houve uma progressiva aceitação, ao se aperceberem de como esta relação com o livro e a leitura promoveu e facilitou o desenvolvimento e interesse noutras áreas do conhecimento.”

A vereadora deseja que esta promoção de leitura não se resuma apenas a uma visita por mês: “Gostaríamos que todos os dias os professores dessem um tempinho ao baú durante o período lectivo. É importante perceber que isso é um ganho.”

Sobre esta prática, Fernanda Mestre, que coordena a biblioteca municipal, recorda as sugestões do Plano Nacional de Leitura e a discussão que já teve com os professores nesse sentido noutros anos. “Uns foram conseguindo isso, os miúdos tinham o livro escolhido em cima da secretária. Havia várias maneiras de introduzir essa rotina: ou nos primeiros cinco minutos da aula ou quando terminavam o trabalho. Cada um tem um ritmo diferente e, quando acabava as tarefas propostas, lia umas páginas do ‘seu’ livro. O próprio professor tinha um livro em cima da mesa para poder dar o exemplo e poder participar nessa dinâmica.”

Rosinda Pimenta prossegue: “É importante que estas práticas se realizem com continuidade. Ninguém cria hábitos de leitura, competências de interpretação e pensamento crítico num ano lectivo. Isto é um trabalho de uma vida.”

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Há animação em cada chegada de novos títulos © Ana Horta

Quem fala mais alto não é quem fala melhor

Aos incentivos e impulsos virtuais e tecnológicos a que todos estamos sujeitos chama-lhes “o outro lado”. E diz que “não nos dá descanso”. Lembra que a quantidade de estímulos a que os jovens são expostos “é brutal” e acredita que os mais velhos “têm uma formação e uma solidez” que lhes permite “filtrar algumas destas coisas, reagir e afastar-se delas”.

Deixa um alerta: “Se não fizermos qualquer coisa, estamos a criar uma geração absolutamente vulnerável às pessoas que falam muito alto. E não podemos. Acho que isso é um papel de todos, que se pode fazer de forma muito directa. A escola pode fazê-lo capacitando o conhecimento, mas também se pode fazer desta forma mais transversal, às vezes até subtil, mas muito continuada de formarmos as famílias, formarmos cidadãos conscientes e plurais.”

Rosinda Pimenta lembra ainda que “o livro fala baixinho”, mas precisa de “ser ouvido”, e que há que capacitar as crianças e os jovens para terem noção de que “quem fala mais alto, normalmente, não é quem fala melhor”.

Preocupa-a o tipo de textos a que as crianças estão expostas no meio digital, com “conteúdo quase telegráfico, mensagem curta em palavras e em significado, tudo muito condensado”. Não há lugar para o pensamento e a crítica.

“Se nós tivermos com a leitura esta atitude mecânica e passiva, não compreendemos a mensagem. E num mundo em que há tanta mensagem, é preciso capacitar estas crianças para a interpretação e não para a absorção, pura e dura e muito fugaz. Uma coisa que não é pensada, analisada. Quando estamos a trabalhar num contexto escolar, queremos fomentar as aprendizagens e estamos preocupados com o insucesso escolar, percebemos que a grande base daquilo que é a apreensão do conhecimento está na leitura com significância e com conteúdo”, considera.

“Por isso, percebemos que era necessário trabalhar a relação dos miúdos com o livro, que tem também de ser física, de tacto, de toque, uma relação de prazer, individual, pessoal com o livro e com a leitura, trabalhando isso mesmo, que são os significados. E tentar construir à volta da leitura experiências significativas”, diz, não duvidando que tal só se consegue com “bons interlocutores, que consigam tocar os mais jovens”.

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Há alunos que preferem os “livros silenciosos”, sem texto © Ana Horta

Viu essas características no mediador Maurício Leite: “Tem uma abordagem muito informal, tem muitos anos de experiência, é um excelente observador e é uma pessoa que consegue trabalhar com a criança e com o adulto. Também precisamos de trabalhar o adulto.”

Diz o mediador: “Deixo as crianças pegarem no livro, algumas nem o sabem fazer, folhear, cheirar, observar as ilustrações e ler, se já forem capazes. Numa fase inicial, não interfiro, apenas observo. No final, só pergunto o que aquele livro lhes fez sentir. Não lhes peço resumos ou explicações, só sensações.”

Com o acumular de visitas e de contactos com os livros, os miúdos começam a desenvolver um discurso mais completo sobre o que leram e viram: “Passam do ‘gostei, não gostei’, para ideias e frases mais completas, como ‘fez-me rir’, ‘senti medo’, ‘os desenhos eram divertidos’.”

A professora Goretti de Oliveira assinala que “a mala apresenta uma quantidade diversificada de livros e bastante enriquecedora para os alunos ‘descobrirem’ (lerem, manusearem), promovendo novas práticas de leitura e convidando os alunos a viajar através do livro e a entrar num mundo imaginário”.

Diz ainda que a finalidade de proporcionar momentos únicos “conduz os alunos a compreenderem o quanto é fantástico o mundo dos livros e que o facto de lerem não é aborrecido, mas sim algo divertido e encantador”.

Maurício Leite diz que “o maior tesouro da Mala de Leitura é o seu acervo criteriosamente seleccionado” e sabe que há que dar tempo às crianças para explorarem a sua relação pessoal e íntima com os livros e a leitura. Foi isso que transmitiu à vereadora quando propôs a Mala de Leitura ao município de Mértola.

“Nós temos uma relação de excessiva intromissão na relação da criança com o livro. Ele chamou-nos à atenção para isso. Tivemos um momento de quase consciência disso e o que ele promove com a Mala de Leitura é a relação directa da criança com o livro. Sem o adulto a intermediar directamente”, recorda Rosinda Pimenta.

“Normalmente, a relação do adulto com a criança e com o livro coloca a criança numa posição passiva. Nós próprios na biblioteca fazemos muito isso: as leituras, as horas do conto. Há um intermediário entre a criança e o livro. E a verdade é que ao longo da vida daquela criança, daquele ser, não vamos estar sempre presentes para intermediar essa relação. Portanto, é muito importante o projecto, porque cria as bases para esta autonomia da criança na relação com o livro”, observa.

Lembra que o livro é sempre mais do que a história no imediato parece contar e é um mundo de descoberta fantástico para as crianças. “Nós, lá no meio, às vezes estragamos tudo, porque estamos a orientar, orientar…

Também fala da necessidade de estímulos positivos, “um feedback positivo, que é muito o que acontece na relação dos miúdos com o digital: ou é o ‘like’ ou quando estão a jogar qualquer coisa, às vezes basta passar um nível muito básico, para o outro lado dizer ‘és o máximo’, ‘és fantástico’”.

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Rosinda Pimenta, vereadora da Educação e Cultura da Câmara Municipal de Mértola, não gosta do discurso pessimista das regiões com baixa densidade populacional. “Não façamos dela uma fatalidade, mas sim uma oportunidade” DR

Diz que a escola “não dá essas reacções positivas”, pelo que “era muito importante esse estímulo positivo por parte de quem introduz o livro e a leitura”. E conclui: “É importante as instituições privilegiarem as conquistas pessoais. Não ficarmos absolutamente reféns do número, do rácio, da percentagem.”

“Ele tanto chateou, chateou, que tive de vir à biblioteca”

Fernanda Mestre conta entusiasmada como “este trabalho de continuidade” faz com que “os miúdos se vão apoderando dele” e leva a que sejam eles próprios “a incentivar os pais a participar nas actividades”. Aos sábados, na biblioteca, há dois programas: Crescer com Livros, para as crianças mais pequenas, e Sábado em Família, dirigido aos agregados familiares com filhos.

“Os meninos do Sábado em Família já vêm das aldeias com os pais, precisamente por este trabalho que é feito na escola. Já sentem essa vontade. Fazem a divulgação através dos professores pelo WhatsApp, além dos outros tipos de divulgação mais convencionais. Mas são os miúdos que vão ‘puxando’ os pais”, revela.

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O ritmo de leitura de cada aluno é respeitado © Ana Horta

Também o Plano Local de Leitura, promovido pela câmara e com a participação da contadora de histórias e mediadora de leitura Cristina Taquelim, teve bastante assiduidade e uma permanência muito boa nas escolas. “Fizemos uma actividade externa à noite e o anfiteatro estava cheio, fruto daquilo que os miúdos viviam na sala de aula com ela”, recorda Fernanda Mestre.

“Tive de vir. Neste sábado, tinha tanta coisa para fazer, mas ele tanto chateou, chateou que havia actividades na biblioteca, que tive mesmo de vir”, disse um pai à coordenadora da biblioteca num dos encontros ao fim-de-semana. “Já vai funcionado como um apelo às famílias”, conclui satisfeita.

Maurício Leite não tem dúvidas: “Isto só se consegue num trabalho de continuidade. Não é contando historinhas… de vez em quando.”

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