Mulher do ex-presidente da Argentina acusa-o de violência e há provas

Imprensa do país publica imagens de Fabíola Yañez depois de ter sido alegadamente agredida por Alberto Fernández, quando este era ainda Presidente do país.

Foto
Alberto Fernandez acena ao lado de Fabiola Yanez (à esquerda) e da vice-presidente Cristina Kirchner, após tomada de posse, em 2019 Ueslei Marcelino/Reuters
Ouça este artigo
00:00
02:55

A ex-primeira-dama da Argentina, Fabíola Yañez, 43 anos, apresentou queixa contra Alberto Fernández, 65 anos, que ocupou o cargo de Presidente daquele país entre 2019 e 2023, por violência doméstica, no início desta semana. As alegadas agressões aconteceram quando o político ocupava o cargo. Nesta quinta-feira, a imprensa argentina publicou fotografias que mostram a mulher depois de ter sido alegadamente agredida pelo companheiro.

As fotografias foram publicadas pelo site de notícias infobae, que diz ter tido acesso às imagens numa troca de mensagens entre o casal. O infobae refere que parte das agressões aconteceram em Agosto de 2021, o jornal Clarín acrescenta que a violência continuou no ano seguinte. Numa das trocas de mensagens, em que a jornalista e actriz envia fotografias de rosto e corpo com as marcas das agressões para o companheiro, Yañez escreve: "Bates-me há três dias seguidos." Ao que Fernandéz responde: "Por favor, pára, sinto-me muito mal."

Na troca de mensagens, o também advogado pede à companheira que regresse a casa e insiste que se sente mal, que não consegue respirar. Na resposta, Yañez diz que é inexplicável ser agredida quando tudo o que faz é defendê-lo e mostra-lhe um dos braços com hematomas, afirmando que aqueles são resultado de ele a ter agarrado. E, de seguida, envia uma selfie do rosto, com um olho negro, e declara: "Este foi quando me bateste sem querer."

A denúncia foi feita ao juiz federal Julián Ercolini que é responsável por outros processos ligados ao ex-presidente. A saber: abuso de autoridade e peculato, refere o jornal La Nación. Ercolini descobriu as imagens no telefone da ex-secretária de Fernández e perguntou a Yañez se queria apresentar queixa formal. A actriz fê-lo, na terça-feira, a partir de Madrid, por videoconferência, onde vive com o filho do casal, Francisco, de 1 ano.

O juiz determinou medidas preventivas e o político está proibido de comunicar (por telefone ou redes sociais) e de se aproximar da companheira, com quem vivia desde 2014, e proibido de sair do país, onde vive, em Buenos Aires. Além das agressões físicas, Yañez queixou-se ainda de agressões psicológicas perpetradas pelo também professor, que liga com frequência para a ameaçar. Fernández recusa-se a falar sobre o caso e disse ao La Nación que "é tudo falso" e falará nas instâncias próprias.

Alberto Fernández, do Partido Justicialista de Kirchner, deixou a presidência do país com a eleição de Javier Milei, que derrotou o ex-ministro da Economia de Fernández, Sergio Massa, que venceu a primeira volta das presidenciais, mas não resistiu à segunda, no final do ano passado. Uma das primeiras medidas de Milei, que tem vindo a desmantelar o Estado, despedindo os seus funcionários, foi a de extinguir o Ministério das Mulheres, Género e Diversidade, responsável pelas políticas de prevenção e protecção de vítimas de violência doméstica, num país onde morre uma mulher a cada 35 horas vítima dessa mesma violência.

Sugerir correcção
Comentar