DCIAP fez acusações em apenas 2% dos inquéritos concluídos em 2023

Ministério Público reconhece que estatística das acusações do DCIAP está “abaixo da média global nacional”, sendo “condicionada pela natureza e complexidade da criminalidade” investigada.

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Lucilia Gago, dirigente máxima do Ministério Público Nuno Ferreira Santos
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O Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) fez 24 despachos de acusação para julgamento em 2023 num total de 1142 inquéritos concluídos, o que representa apenas 2,1%, segundo o relatório-síntese do Ministério Público.

Segundo o documento divulgado esta segunda-feira no site oficial da Procuradoria-Geral da República, que deverá ser agora analisado pelos deputados antes da audição no Parlamento da procuradora-geral da República em Setembro, o departamento especializado na criminalidade mais complexa processou 1967 inquéritos, dos quais 1382 entrados no ano e 585 que transitaram de 2022.

Entre os 1142 inquéritos terminados pelo DCIAP, três deveram-se ao mecanismo de suspensão provisória do processo, 131 foram alvo de arquivamento e 984 foram considerados findos por outros motivos, como a remessa a outros departamentos ou a incorporação noutros processos.

O relatório assinala o aumento de 36% nos inquéritos abertos pelo DCIAP no ano passado face a 2022, quando foram instaurados 1016. Já o número de inquéritos dados como terminados em 2023 (1142) registou um crescimento de 24% face aos 921 findos em 2022, embora sejam menos do que os 1382 que deram entrada neste departamento.

O Ministério Público reconhece que a estatística das acusações formuladas pelo DCIAP se situa "abaixo da média global nacional", sendo "condicionada pela natureza e complexidade da criminalidade" sob a esfera de competência desta estrutura, bem como pela dimensão dos processos e pelo número de inquéritos instaurados "por força das suas competências de prevenção criminal e de denúncias apresentadas na plataforma Corrupção Denuncie Aqui".

O relatório indica também que as 24 acusações são mais do que as 22 efectuadas em 2022, visando as áreas da criminalidade económico-financeira, o branqueamento de capitais, o cibercrime, a criminalidade organizada ou grupal, os crimes fiscais e o tráfico de droga, entre outros delitos.

Relativamente à prevenção do branqueamento, o DCIAP instaurou 18.096 procedimentos de prevenção em 2023, mais do que os 14.393 de 2022, e que levaram à suspensão de 1203 operações bancárias, no valor de 167 milhões de euros, 20,4 milhões de dólares e 19,5 milhões de libras. Foram ainda instaurados 920 novos inquéritos neste âmbito, quando em 2022 deram origem apenas a 716 inquéritos.

O relatório adianta também que o DCIAP pediu a intervenção do Gabinete de Recuperação de Activos (GRA) em seis inquéritos, com as apreensões e arrestos aqui decretados a ascenderem a 160 milhões de euros.

Além do DCIAP, a actuação do GRA foi desencadeada em mais de 80 casos a nível nacional em 2023, nos quais foram apreendidos ou arrestados bens e valores num montante superior a 4,5 mil milhões de euros.