Djokovic conquista em Paris o ouro que faltava à sua carreira

O tenista de 37 anos cumpriu o sonho de dar à Sérvia uma medalha de ouro nos Jogos Olímpicos.

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Djokovic não escondeu a emoção ao vencer Alcaraz em Paris Edgar Su / REUTERS
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Como diria Tata, através de um pequeno cartaz que exibiu nas bancadas do court Philippe-Chatrier, o “meu pai é o melhor”. Aos 37 anos, Novak Djokovic confirmou a declaração da filha ao tornar-se no quinto tenista a juntar a medalha de ouro olímpica aos títulos nos quatro majors, imitando Andre Agassi, Steffi Graf, Rafael Nadal e Serena Williams. A vitória sobre Carlos Alcaraz numa intensa final de quase três horas para apenas dois sets deu ao sérvio de 37 anos o que procurava desde que, na primeira de cinco participações nos Jogos Olímpicos, há 16 anos em Pequim, conquistara a medalha de bronze.

“Querida Sérvia, Conseguimos, Amor, Nole”, escreveu nas redes sociais acompanhado de um coração e uma medalha, logo após derrotar o espanhol 16 anos mais novo, por 7-6 (7/3), 7-6 (7/2). Djokovic é o primeiro tenista a conquistar o ouro olímpico sem ceder um set, tendo somente cedido três partidas no tie-break; o outro foi nos quartos-de-final, diante de Stefanos Tsitsipas.

Na final entre o mais velho e o mais novo finalistas do torneio olímpico desde a sua reintrodução em 1988, o equilíbrio ficou patente desde o início com muitos jogos decididos nas vantagens. No total do primeiro set, foram 13 break-points anulados por ambos, oito dos quais para Alcaraz o quinto do sérvio foi mesmo um set-point a 5-6.

No tie-break, uma resposta fulminante de Djokovic, deu-lhe uma vantagem que estendeu até 6/3. E foi na rede que aproveitou a primeira oportunidade de fechar a partida de uma hora e 33 minutos.

O segundo set só registou um break-point, para Djokovic que, em novo tie-break, acabou por ser o mais determinado e mais forte mentalmente, para chegar a 6/2, antes de concluir ao fim de duas horas e 50 minutos.

“Uma incrível batalha. Quando ganhei o último ponto foi o único momento em que acreditei que podia ganhar. Ele também teve oportunidades e foi justo decidirmos os sets no tie-break… ainda estou em choque. Pus o coração, alma, corpo, família, tudo para conquistar o ouro e aos 37 anos, consegui. É o prémio por competir pelo meu país, é algo especial. Não me senti tão nervoso antes desta final porque já tinha garantido uma medalha quando venci nas meias-finais”, afirmou Djokovic ainda no court. Curiosamente, este foi também o primeiro título e a primeira vitória sobre um adversário do top 10 em 2024 para Djokovic.

As dúvidas quanto à concretização deste feito sempre estiveram presentes, mas a crença e a convicção foram maiores. “Os Jogos Olímpicos acontecem a cada quatro anos, logo a oportunidade de ganhar ouro para o nosso país é muito rara e sabia do facto de que tenho 37 anos. Tive de tentar silenciar todo o barulho à minha volta e focar no que é preciso de ser feito no court. E essa é a maior batalha a vencer”, afirmou Djokovic já na conferência de imprensa.

A emoção sentida desde o momento do match-point deverá manter-se por vários dias, pois o próprio adiantou mal poder “esperar pelo que está por vir nas próximas 48 horas”. “Estou super-emocionado por ter conseguido fazer isso aqui da forma que fiz, contra um tipo que é o melhor do mundo neste momento. Estou nas nuvens. Tudo o que senti naquele momento em que realmente ganhei superou tudo o que eu pensava ou esperava que fosse. Pensava que levar a bandeira na cerimónia de abertura [nos Jogos de Londres] era a melhor sensação de todas até experimentar isto hoje. E estar naquele court com a bandeira da Sérvia hasteada, a cantar o hino da Sérvia, com o ouro ao pescoço, acho que nada supera isso em termos de desporto profissional. Definitivamente destaca-se como a maior conquista desportiva que tive”, reconheceu.

Sendo o único homem a vencer todos os quatro Grand Slams (no total de 24 títulos), os Jogos Olímpicos, as ATP Finals e todos os nove diferentes torneios da categoria Masters 1000, estará o palmarés de Djokovic completo? “Sim, está completo porque completei todas as conquistas com esta medalha de ouro, mas não, porque adoro este desporto. Não jogo apenas para ganhar torneios. Ainda quero jogar em Los Angeles”, adiantou o sérvio, apontando aos próximos Jogos Olímpicos onde poderá competir com 41 anos.

Também Alcaraz não conseguiu conter a emoção quando foi entrevistado ainda no court e precisou de alguns segundos para parar as lágrimas. Na cerimónia de entrega de medalhas, o jovem espanhol reapareceu com o seu habitual sorriso e “a cabeça levantada após uma tremenda batalha”, como escreveu nas redes sociais, onde deu os parabéns a Djokovic.

A encerrar o torneio olímpico, Sara Errani, igualmente de 37 anos como Djokovic, imitou o sérvio conquistando o Career Golden Slam, na variante de pares femininos. A italiana é apenas a sétima na história a fazê-lo, tal como Pam Shriver (1988), Gigi Fernandez (1993), Serena Williams (2001), Venus Williams (2001), Barbora Krejcikova (2022) e Katerina Siniakova (2022), que também ganharam os quatro majors e o torneio olímpico. Errani fez equipa com a finalista de singulares de Roland Garros e Wimbledon, Jasmine Paolini, para derrotar na final as russas a competir sob a designação AIN (Atletas Individuais Neutros), Mirra Andreeva e Diana Shnaider, por 2-6, 6-1 e 10/7.

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