María Corina Machado emerge para liderar os protestos da oposição em Caracas

“Agora vem uma etapa que levamos dia após dia, mas nunca estivemos tão fortes como hoje”, disse a líder opositora que saiu da clandestinidade para encabeçar os protestos.

Foto
María Corina Machado surgiu da clandestinidade para animar a marcha da oposição em Caracas Fausto Torrealba / REUTERS
Ouça este artigo
00:00
03:09

Exclusivo Gostaria de Ouvir? Assine já

A líder da oposição venezuelana, Maria Corina Machado, saiu da clandestinidade no sábado para se juntar aos seus apoiantes que protestavam nas ruas de Caracas contra os resultados contestados das eleições nacionais, enquanto milhares marchavam por todo o país sul-americano.

"Tal como demorámos muito tempo a alcançar a vitória eleitoral, agora vem uma etapa que levamos dia após dia, mas nunca estivemos tão fortes como hoje, nunca", disse Machado aos seus apoiantes na capital venezuelana.

A autoridade eleitoral venezuelana, acusada pelos críticos de favorecer o chavismo no poder, proclamou o Presidente Nicolas Maduro vencedor da eleição de domingo passado, afirmando na segunda-feira que foi reeleito com 51% dos votos, contra 46% do candidato da oposição Edmundo González. Resultado confirmado na sexta-feira.

A publicação do resultado das eleições provocou alegações generalizadas de fraude e protestos. Posteriormente, as forças de segurança reprimiram os protestos que o Governo de Maduro classificou como parte de uma tentativa de golpe apoiada pelos Estados Unidos.

Os apoiantes ficaram felizes por ver Machado nas ruas depois de a líder ter afirmado, num artigo de opinião publicado na quinta-feira no Wall Street Journal, que estava escondida e temia pela sua vida.

"Estou feliz porque estou aqui com María Corina, apoiando a Venezuela para escapar desta terrível injustiça", disse a dona de casa Yamilet Rondon, de 42 anos, que agitava uma bandeira venezuelana.

Para além de Caracas, realizaram-se manifestações em cidades como Valência, Maracaibo e San Cristobal.

"Vim para esta marcha com algum medo, com medo da repressão que temos visto, mas é a nossa luta", disse a professora Susana Martinez, também de 42 anos, numa manifestação de apoio à oposição em Valência.

Esperava-se que as marchas de apoio a Maduro começassem mais tarde, mas alguns dos seus apoiantes já estavam nas ruas.

"Hoje estamos aqui atendendo ao apelo do nosso Presidente (...) para defender a democracia", disse à televisão pública Alfredo Valera, presidente do sindicato Fontur da Venezuela, que participou de uma marcha pró-governo em Caracas.

Até agora, pelo menos 20 pessoas foram mortas nos protestos pós-eleitorais, de acordo com a organização de defesa de direitos humanos Human Rights Watch. Cerca de 1.200 pessoas foram presas em ligação às manifestações, de acordo com o governo.

Durante a semana, alguns venezuelanos apareceram nas delegacias de polícia em busca de notícias de seus familiares detidos.

A Organização dos Estados Americanos apelou à paz na Venezuela antes das manifestações planeadas.

"Hoje pedimos que não haja mais um preso político, nem mais uma pessoa torturada, nem mais uma pessoa desaparecida, nem mais uma pessoa assassinada", disse a OEA, que esta semana considerou os resultados eleitorais pouco fiáveis.

Nações como os EUA e a Argentina já reconheceram González como o vencedor das eleições, com o Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, a citar na quinta-feira "provas esmagadoras". Costa Rica, Equador, Panamá e Uruguai também concluíram na sexta-feira que Gonzalez recebeu o maior número de votos.

Outros países, incluindo a Rússia, a China e Cuba, felicitaram Maduro pela vitória. Reuters

Sugerir correcção
Ler 28 comentários