Atentado em Mogadíscio matou pelo menos 32 pessoas
Ataque do grupo islamista Al-Shebab em praia na capital da Somália segue-se a meses de relativa calma.
O número de mortos no ataque de sexta-feira à noite na praia do Lido, Mogadíscio, subiu de sete para pelo menos 32, havendo ainda a contabilizar mais de seis dezenas de feridos, anunciou este sábado a polícia. “Mais de 32 civis foram mortos no ataque e cerca de 63 outros ficaram feridos, alguns deles com gravidade”, declarou à imprensa o porta-voz da polícia Abdifatah Adan Hassan.
Além das vítimas civis, a polícia somali anunciou a morte dos seis membros do grupo jihadista Al-Shabab envolvidos no ataque. Depois de um dos terroristas se ter feito explodir no movimentado Beach View Hotel, habitualmente frequentado por funcionários governamentais, as forças de segurança mataram os outros cinco no feroz tiroteio que se seguiu. Os confrontos entre os atacantes e as forças de segurança, incluindo as forças especiais do Exército e a Polícia, prolongaram-se até horas depois da meia-noite.
Antes, porém, os extremistas islâmicos abriram fogo contra as pessoas que se deslocaram à praia na noite de sexta-feira, que não é dia útil segundo o calendário muçulmano. Entre elas, havia muitos jovens.
Os hospitais de Mogadíscio e a Agência Somali de Gestão de Catástrofes (Sodma) intensificaram os apelos à doação de sangue para tratar os feridos. Imagens divulgadas pelos meios de comunicação social da Somália nas redes sociais mostravam ambulâncias a dirigir-se para o local do ataque, bem como dezenas de pessoas deitadas na praia, algumas imóveis.
O atentado ocorreu após meses de relativa calma em que Mogadíscio não sofreu os habituais ataques do Al-Shabab, que reivindicou a autoria num dos seus portais na Internet.
A Somália intensificou as operações militares contra os terroristas desde que o Presidente do país, Hassan Sheikh Mohamud, anunciou em Agosto de 2022 uma “guerra total” contra o grupo. Desde então, o Exército, apoiado pela Missão de Transição da União Africana na Somália (ATMIS), tem desencadeado ofensivas, por vezes com a colaboração militar dos Estados Unidos e da Turquia em bombardeamentos aéreos.
O Al-Shabab, grupo ligado, desde 2012, à rede Al-Qaeda, leva a cabo ataques frequentes em Mogadíscio e noutros pontos do país para derrubar o Governo central – apoiado pela comunidade internacional – e estabelecer um Estado islâmico wahabita (ultraconservador). O grupo controla as zonas rurais do centro e do sul da Somália e ataca também países vizinhos como o Quénia e a Etiópia.
A Somália tem vivido num estado de conflito e caos desde 1991, quando o ditador Mohamed Siad Barre foi derrubado, deixando o país sem um Governo efectivo e nas mãos de milícias islamistas e senhores da guerra.