Mário Centeno quer segundo mandato no Banco de Portugal

Governador do BdP diz estar a desempenhar o cargo para chegar ao próximo ano em “condições de ter um segundo mandato”. Se “vem ou não vem, é um tema da esfera política”.

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O governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, em Maio de 2022 Ricardo Lopes
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O governador do Banco de Portugal (BdP), Mário Centeno, manifestou nesta quinta-feira no podcast Bloco Central, do Expresso, vontade de continuar a ocupar o cargo no próximo mandato.

“Estou a desempenhar o cargo para chegar a Julho do ano que vem em condições de ter um segundo mandato”, admitiu Centeno. “Se esse segundo mandato vem ou não vem, é um tema da esfera política”, continuou.

Mário Centeno foi nomeado governador do Banco de Portugal em Junho de 2020, pouco mais de um mês depois de ter anunciado a intenção de abandonar o cargo de ministro das Finanças do Governo socialista de António Costa. O governador do BdP é nomeado pelo Governo: o ministro das Finanças propõe o nome, que é depois aprovado em Conselho de Ministros. O candidato ao cargo tem, também, de ser ouvido no Parlamento, de onde sairá um relatório meramente “descritivo” sobre a audição.

Em entrevista ao PÚBLICO e à Rádio Renascença, no programa Hora da Verdade, Joaquim Miranda Sarmento, ministro de Estado e das Finanças, recusou avaliar o mandato de Mário Centeno, apontando que “o BdP deve ser independente e deve actuar dentro das suas competências”. Voltou a mostrar, porém, preocupação “com a dimensão dos prejuízos" que o BdP teve "com a redução dos rácios das reservas”.

Questionado sobre se tinha “estima pessoal” em relação a Centeno, Miranda Sarmento referiu ter privado pouco com o governador do BdP, mas assegurou: “Não tenho nenhuma acrimónia com Mário Centeno.”

O coordenador do grupo parlamentar do PS na Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública, Carlos Pereira, disse ao PÚBLICO que a intenção de Centeno de continuar à frente do BdP não o surpreende, já que o seu mandato tem "cumprido as expectativas. Saudou ainda a "sensibilidade política, isenção e imparcialidade" com, considera, pautaram o mandato do governador do BdP.

Nesta segunda-feira foi também avançado pelo jornal Eco, e confirmado pelo PÚBLICO, que o Governo nomeou Luís Morais Sarmento, secretário de Estado do antigo ministro das Finanças Vítor Gaspar, como membro do conselho de administração do BdP. O actual ministro das Finanças explicou ao PÚBLICO que “há vários reguladores que neste momento não têm os seus conselhos de administração completos” e que o Governo está a “iniciar o processo de nomeação daqueles que não estão completos”.

O mandato do governador do Banco de Portugal tem uma duração prevista de cinco anos, podendo ser renovado no final deste tempo. No caso do mandato de Mário Centeno, estes cinco anos findam no Verão de 2025.

Artigo actualizado às 14h17 para incluir declarações do deputado socialista Carlos Pereira

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