EUA reconhece vitória da oposição venezuelana. Mais de 1200 detidos e mil procurados

Maduro diz que alegados criminosos foram “treinados” nos EUA, na Colômbia, no Peru e no Chile. Antony Blinken disse considerar válida a contagem de votos apresentada pela oposição.

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Maduro disse aos EUA para "tirarem o nariz" na Venezuela e que o povo é "soberano" Leonardo Fernandez Viloria / REUTERS
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Mais de 1200 pessoas foram detidas em protestos pós-eleitorais na Venezuela e outras mil estão a ser procuradas por destruírem 300 esquadras policiais no país, segundo avançou Nicolás Maduro numa reunião do Conselho Nacional de Economia Produtiva, em Caracas, prometendo "apanhá-los todos".

O Presidente da Venezuela referiu que estes alegados criminosos foram “treinados” nos Estados Unidos, na Colômbia, no Peru e no Chile. “A primeira coisa que vieram fazer foi queimar a esquadra policial que dá vigilância e protecção aos cidadãos. Depois, gravavam-se em vídeo para o golpe cibernético, o primeiro golpe cibernético da história da humanidade, porque estavam bêbados, drogados, pela mentira que tinham na cabeça e transmitiam tudo”, explicou.

Nicolás Maduro explicou ainda que foram também gravados vídeos pelos transeuntes. “E, com os vídeos, nenhum se safa, estamos agarrando uns depois dos outros e desta vez não haverá perdão. Digo-vos, de coração, como homem de paz e cristão, que não esta vez haverá perdão”, disse.

Maduro sublinhou ainda estar a preparar dois estabelecimentos prisionais para estes detidos. “Estou a preparar duas prisões que vão estar prontas em 15 dias, a de Tocorón e a de Tocuyito, e todos irão para Tocorón e Tocuyito, prisões de segurança máxima”, disse.

Na quarta-feira o Ministério Público da Venezuela anunciou que tinham sido detidas 1062 pessoas em protestos pós-eleitorais no país, um dia depois de o Presidente anunciar um reforço do patrulhamento militar e policial.

O número de detidos foi anunciado pelo procurador-geral Tareck William Saab numa comunicação ao país em que acusou a oposição venezuelana de usar grupos estruturados de criminalidade organizada para actos de vandalismo, usando uma linguagem criminosa e simulando actos puníveis. "Se as investigações determinarem que alguns não estão envolvidos, será feita justiça e vão ser libertados”, mas os responsáveis “vão ser privados da liberdade durante muitos anos”, disse Saab.

Maduro pediu na quarta-feira ao Supremo Tribunal de Justiça (STJ) da Venezuela que certifique os resultados das eleições presidenciais de domingo, contestados pela oposição e não reconhecidos por parte da comunidade internacional.

Também os EUA admitiram a vitória do candidato da oposição, Edmundo González Urrutia, tendo o Presidente da Venezuela pedido para "tirarem o nariz" do país. "Os Estados Unidos deviam tirar o nariz da Venezuela porque é o povo soberano que governa na Venezuela, que põe, que escolhe, que diz, que decide", afirmou Nicolás Maduro, em declarações transmitidas pelo canal estatal de televisão VTV.

Maduro reagia a um comunicado do secretário de Estado norte-americano, no qual Antony Blinken afirmou que a Administração dos EUA concluiu, com base em "provas esmagadoras", que González Urrutia foi o vencedor das eleições presidenciais de 28 de Julho na Venezuela.

O chefe da diplomacia dos EUA disse considerar válida a contagem de votos apresentada pela oposição, liderada por María Corina Machado, que representa 80% das assembleias de voto e mostra que González Urrutia "recebeu a maioria dos votos com uma margem insuperável".

Blinken lembrou que as contagens foram "recebidas directamente das assembleias de voto em toda a Venezuela" e corroboram as sondagens à boca das urnas e as conclusões dos observadores independentes e das contagens rápidas. "Desde o dia das eleições, temos consultado intensamente parceiros e aliados em todo o mundo e, embora cada país tenha tomado caminhos diferentes para responder, nenhum concluiu que Nicolás Maduro recebeu a maioria dos votos", disse.